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Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Volta e meia alguém me diz...

Tens umas pernas jeitosas, embora gordinhas, mas são umas pernas boas!

 

Detesto quando alguém me diz isto. Eu já o sei, não necessito de uma alminha a relembrar-me do mesmo. Basta começarem a falar nas minhas pernas para eu desejar um cantinho onde me esconder.

Porém, à uns dias na estação do comboio, um casal de idosos meteu conversa comigo usando as minhas pernas como um dos argumentos. Sim, um dos motivos foi as minhas pernas e algo do género:

 

Oh menina, desculpe mas a não entrou em X? É que eu lembro-me de si porque até comentei com o meu marido que tinha umas belas pernas embora gordinhas.

 

Simpáticos... amorosos... e eu desejando atirar-me à linha do comboio! Respondi educadamente que não, que tinha entrado um pouco antes mas que era engraçado o comentário porque passava a vida a ouvir isso. O senhor, embora não parasse quieto andando de um lado para o outro, prestava atenção à conversa ao qual me diz:

 

Mas uma menina tão bonita, simpática e jeitosa certamente que têm namorado! Onde é que ele está agora?

 

Confesso, adorei-os! Disse-lhe a verdade, que não tinha namorado, ao qual a idosa esposa me responde algo como:

 

Os jovens de hoje em dia andam todos muito cegos! No meu tempo a menina já estava casada e muito bem casada... Deixe lá menina, um dia há-de o encontrar!

 

 

Geralmente, comentários sobre as minhas pernas deixam-me muito mal disposta mas, naquela tarde, aquele casal amoroso de velhotes deixou-me incrivelmente alegre e confiante. Acredito na verdade de quem já viveu anos, na maturidade e serenidade que a vida lhes ensina. Acredito nas palavras humildes e sincera daquela divertido e descontraído casal.

Um dia, quando for grande, quero ser assim... quero que sejamos assim... porque acredito nas palavras daquela idosa senhora.

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