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Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Tenho excesso de peso.

 

 

Não é desde sempre, desde que nasci, mas desde os meus 10 anos, mais ano menos ano. Em tempos, o meu peso deixa-me frustrada. Era sinónimo de ser feia e de que nunca conseguiria ninguém. Nos tempos de escola, o drama do excesso de peso foi pior, com insultos diários ao qual se juntava o facto de usar óculos e sofrer com o imenso acne. Foram tempos difíceis em que julguei que a única saída fosse a morte.

A chegada ao ensino secundário melhorou um pouco mais a situação. O facto de não ser a única na turma com excesso de pesa traduzia-se em conforto. A (suposta) aceitação dos outros com as diferenças era reconfortante mas não me elevou a auto-estima perdida. A verdade, o acne, os óculos e o cabelo comprido não ajudavam a sentir-me confiante e bonita. Nesta altura tive a minha primeira paixão à qual a minha fraca auto-estima e confiança transformou num amor não correspondido.

A mudança aconteceria com a chegada à universidade. Era uma das caloiras e, posteriormente, das doutoras mais feias e forte mas, o tempo, traduziu-se em mudanças. Aprendi a gostar mais de mim e a usar troques que elevassem a minha auto-estima: perdi algum peso, cortei o cabelo, comecei a usar lentes, pintei o cabelo, comecei a usar maquilhagem, fiz tratamento para o acne, aprendi a vestir-me tirando partido do meu corpo. Embora ainda mantivesse o excesso de peso, a minha confiança aumentou um pouco mais. Consegui ter as minha primeiras aventuras amorosas, no entanto, só aos 20 é que consegui saber e sentir o que era um beijo. Aos 22, tive o meu primeiro e, até agora, com 25, único namorado. Embora ele gostasse do meu corpo, achava que poderia sentir-me ainda melhor e mais atraente se perdesse um pouco de peso. Nunca fez pressão para que seguisse o seu conselho, mas mencionava-o.

Hoje, com quase 26 anos, não me sinto mal com o meu corpo. Procuro formas de me sentir atraente e bem comigo mesma, não descuido a minha apresentação e procuro sair de casa sempre a sentir-me confiante com o que visto. Não considero que seja o meu excesso de peso a impedir-me de ter um novo relacionamento mas sim os traumas que a única relação me deixou aliado ao facto de não ter praticamente amigos.

Porém, às vezes vou abaixo e desejo ser como aquelas que aparecem com altos corpões... por isso, comecei a fazer algumas caminhadas/corridas, evitando alguns tipos de alimentos e comida e, em breve, comprarei uma bicicleta. Não consigo fazer uma dieta ou ser pressionada para tal. É claro que tenho uma meta e quero lá chegar, mas quero-o fazer ao meu ritmo, sem pressões. Não me sinto mal com o meu corpo, esta é a verdade. Pode parecer contraditório, mas só percebo que tenho excesso de peso quando não encontro o meu tamanho ou quando ele não me serve... aí, deixo-me ir abaixo. Mas, no meu dia-a-dia, sinto-me bem comigo própria. A maioria das pessoas nem me dá o peso real ou até me dizem que sou uma 'gordinha jeitosa'. Não quero nem gosto de seguir os estereótipos da sociedade, em ser magra é que é bonito. Não... para mim tal não é suficiente. O que eu quero é, acima de tudo, sentir-me ainda melhor comigo mesma... mais e mais, independentemente do que diga a sociedade que é bonito.

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