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Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Uma Paixão Chamada Livros, 8/40.

Dia Oito

 

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Um livro comovente...

 

É-me difícil escolher somente um livro como resposta. Um livro comovente é, para mim, todo aquele livro que seja capaz de me enfeitiçar, que me roube lágrimas numa história verídica e/ou marcante, que me faça ansiar pela continuação e sofrer as dores das personagens... e é, simplesmente, impossível escolher apenas um livro. Inicialmente pensei em limitar-me à escolha de um top três de livros comoventes mas, contemplando a minha estante, compreendi que seria injusto para outros livros de igual relevo, não sendo totalmente verdadeira na minha resposta. Por isso, optei por elaborar um top oito de livros comoventes que, tratando-se de narrativas poderosas e inesquecíveis, as mencionei diversas vezes no blogue - como podem comprovar pelas tags associadas a cada escritor (à excepção de Hislop: O Regresso foi leitura recente, o primeiro livro que li da autora), em desafios e não só,

 

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Para a Minha Irmã de Jodi Picoult

Mil Sóis Resplandecentes de Khaled Hosseini

A Bibliotecária de Auschwitz de Antonio G. Iturbe

A Menina Que Fazia Nevar de Grace McCleen

Viver Depois de Ti de Jojo Moyes

A Filha da Minha Melhor Amiga de Dorothy Koomson

O Regresso de Victoria Hislop

O Rouxinol de Kristin Hannah

 

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O desafio Uma Paixão Chamada Livros consiste em responder a quarenta questões sobre, tal como o título indica, livros. O desafio começa no dia 1 de Fevereiro, decorrerá nos dias úteis, sendo publicado às 15 horas. 

 

O amor pelos livros e pela leitura é partilhado nos blogues Magda PaisNathyJust SmileThe Daily MiacisMulaMiss FMarcianoAlexandraJPDrama QueenFatia MorCMAna RitaMJTeaCarla B.Neurótika WebbNoqeCaracolMorena e As Minhas Quixotadas onde podem consultar as suas escolhas literárias.

O Regresso de Victoria Hislop.

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 O Regresso de Victoria Hislop, numa escrita fluida, recorda-nos os horrores da Guerra Civil Espanhola e a forma como marcou a sociedade da época, através da família Ramirez. 

 

A jovem inglesa Sonia Cameron, a protagonista, vive um casamento de aparências com um bancário mais velho, filho de famílias ricas e gostos refinados. O marido, Jack, encontra na bebida o consolo para o desmoronar do casamento; Sonia apoia-se na amiga, Maggie, e na dança, a salsa, em que acidentalmente tropeça. A paixão pela dança leva as amigas a descobrirem a cidade espanhola de Granada, onde Sonia se deixará deslumbrar pela beleza e dramatismo do flamenco. Maggie é alegre e divertida procurando, em Granada, dançar e conhecer homens; Sonia, por seu lado, deixa-se deslumbrar pela beleza da cidade e sentimento de familiaridade da cidade, procura aventura-se à descoberta do passado histórico. É no café El Barril, através do velho dono do café, Miguel, que Sonia descobrirá o trágico passado da família Ramirez. 

 

Dividido em três partes, a primeira dá-nos a conhecer Sonia e o pai, Maggie e Jack e a relação complexa entre as personagens. A segunda e terceira parte remetem-nos para a conversa que Sonia e Miguel travam graças às imagens fotográficas que marcam as paredes do El Barril. Um toureiro e uma dançarina de flamenco são o mote que levam Miguel a recordar os trágicos e horríveis anos da Guerra Civil Espanhola... uma conversa que levará a protagonista a descobrir um passado que a liga a Granada. 

 

Quando a Segunda República foi declarada, uma das prioridades do novo governo foi assegurar-se de que toda a gente tinha a oportunidade de aprender a ler, e foi lançada uma campanha para erradicar o analfabetismo. (...) Ele sabia que o analfabetismos fazia das pessoas escravas (...). Ele sabia que a educação era uma força poderosa de libertação.

 

O Regresso, inicialmente, não me cativou. A primeira parte do livro achei-a previsível e aborrecida, descrevendo uma Sonia passiva e influenciável, uma Maggie leviana e doida, um Jack manipulador e típico snob. Não conhecia a escritora e sentia-me decepcionada. A segunda parte porém, devolveu-me a ânsia da leitura, tornando este livro um dos, até agora, livros favoritos. 

 

Victoria Hislop descreve a cidade de forma límpida e envolvente, como se de facto estivéssemos nas ruas estreitas granadinas ou a visualizar a beleza de Sierra Nevada. Faz-nos desejar conhecer, de facto e verdadeiramente, a cidade. Por outro lado e de forma apaixonada, Hislop conseguiu descrever a essência e o dramatismo do flamenco, incasável e muito visual. Eu, desde menina, sempre quis aprender flamenco - bem como a sevilhana - mas, através deste livro, uma das danças típicas do país vizinho afigura-se como uma dança difícil, emotiva e ao alcance de poucos... o que, de facto, é tremendamente verdade. 

 

Por vezes a dor é demasiado grande para chorar.

 

Todavia, se Granada e o flamenco foram tão magnificamente descritos, os relatos de Miguel a Sonia sobre a Guerra Civil Espanhola mostraram a dor inesquecível daqueles que viveram os anos que profundamente marcaram um país. Os sentimentos de medo e desconfiança, por vezes, de filhos contra pais e de irmãos contra irmãos, tão bem escritos, relatam o sofrimento que despedaçaram famílias e a divisão da sociedade entre apoiantes da República e os apoiantes de Franco. 

 

O Regresso de Victoria Hislop é um relato doloroso sobre uma guerra que dividiu um país, marcando gerações e a fuga de um povo para um país frio e preconceituoso, como França ou Inglaterra - e, inevitavelmente, associei a história e tratamentos dos refugiados espanhóis nos países mencionados, à actual crise de refugiados na Europa e à forma como os tratamos e olhamos. Um romance histórico que, apesar de alguns aspectos negativos (e dos quais opto por não escrever para evitar entrar em detalhes sobre os desenvolvimentos da narrativa), deixará saudades. Foi por abordar a temática da Guerra Civil Espanhola que o adquiri... e, ainda bem, ensinou-me tanto sobre este período negro da História de Espanha.

 

- Como é que consegue estar tão bem-disposto o tempo todo? (...)

- Qual é a vantagem de se estar doutra maneira? - disse o velhote. (...) - O que podemos nós fazer? Nada. Estamos impotentes.

Antonio pensou por um momento antes de responder.

- Resistir? Escapar? - sugeriu ele.

- Tu sabes tão bem como eu o que acontece a alguém que faça isso. Eles são destruídos. Completamente - ele disse a última palavra com ênfase. O seu tom tinha mudado totalmente. - Para mim, trata-se de proteger o espírito humano - continuou. - Para outros será combaterem até ao último suspiro. A minha resistência a estes facistas é deixar-me ir, sorrir, mostra-lhes que eles não conseguem esmagar a minha alma, o meu próprio ser. 

 

Vale a pena ler O Regresso de Victoria Hislop... pela História, por Granada e pelo flamenco.  

 

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Título Original: The Return, 2008
Autora: Victoria Hislop, Reino Unido 
Tradução: Isabel Baptista 
ISBN: 9789722627412
Páginas: 460
Editora: Civilização Editora, 2008
Sinopse:
Cativante e profundamente comovente, o segundo romance de Victoria Hislop é tão inspirador como o seu romance de estreia e bestseller internacional, A Ilha.
Nas ruas calcetadas de Granada, sob as majestosas torres do Alhambra, ecoam música e segredos. Sónia Cameron não sabe nada sobre o passado chocante da cidade; ela está lá para dançar. Mas num café sossegado, uma conversa casual e uma colecção intrigante de fotografias antigas despertam a sua atenção para a história extraordinária da devastadora Guerra Civil Espanhola. 
Setenta anos antes, o café era a casa da unida família Ramirez. Em 1936, um golpe militar liderado por Franco destrói a frágil paz do país, e no coração de Granada a família testemunha as maiores atrocidades do conflito. Divididos pela política e pela tragédia, todos têm de tomar uma posição, travando uma batalha pessoal enquanto a Espanha se autodestrói.