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Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

O tempo dos 28.

Começo a dar-me conta, por intermédio de conversas à hora do almoço com algumas colegas de trabalho, de que estou a ficar velha quando me dizem que aos 26 anos já planeiam o casamento ou, com a mesma idade, mantêm um relacionamento de dez anos. Eu, aos 28, tenho dificuldade em fazer nascer laços de amizade... quanto mais conquistar alguém. É um triste sentir-se sozinha. Dizem-me, com frequência, que é tudo uma questão de tempo, para toda e qualquer conquista - e eu bem o sei -. O problema não reside no tempo, reside em saber quanto tempo demora o tempo... uma semana, um mês, um ano? 

 

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Conto tão pouco do alto dos meus 28... e ainda não aprendi a lidar com a impaciência e ansiedade. 

Era da tecnologia... e da solidão.

Recentemente, numa viagem de comboio, dei por mim a observar os passageiros da minha carruagem. Grande parte da viagem fiz-a mergulhada na leitura mas, a dado momento, necessitei de parar e reflectir o que lia. Os meus pensamentos literários, tal como as imagens que visualizava da janela do comboio, rapidamente se dissiparam ao contemplar a carruagem, particularmente, duas amigas que se sentaram à minha frente. 

 

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Contei, pelos dedos, o número de homens e mulheres que não estavam agarrados às tecnologias. Uns estudavam, outros - como eu - liam, uma jovem desenhava e outros nada faziam, contemplando a vista, ou conversando com a pessoa com quem viajavam. A esmagadora maioria das pessoas naquela carruagem perdia-se no tablet ou smartphone, nos sons de novas conversas virtuais. 

 

Duas raparigas sentaram-se nos bancos vazios à minha frente. Poucas palavras trocaram entre si. Constatei que eram conhecidas porque uma, ao ver os bancos vazios, apressou-se a chamar a outra. Sentaram-se, sem nunca largarem o telemóvel, substituindo o silêncio da amizade naquele comboio com poucas palavras. Abandonaram-o sempre agarradas a ele. 

 

Noto-o cada vez mais: as conversas de outro tempo substituídas pela tecnologia.

 

 

Não me esquece que, em tempos e quando trabalhei num café no verão, um jovem casal de namorados que todos os dias ali ia, passava largas horas agarrados aos tablets, ora a jogar ora no facebook ora sabe-se lá no quê, trocando poucas palavras e poucos beijos. Reparei, nesse trabalho, que as conversas familiares parecem ameaçadas de morte. Os pais rapidamente se aborrecem das birras dos filhos, acalmando-os com tablets. A refeição é distante, poucas palavras trocadas, mãe e pai agarrados aos telemóveis topo de gama e filhos acalmados por tablets. Vejo disto demasiadas vezes isto acontecer... Grupos de amigos incapazes de largar os telemóveis, permitindo que o silêncio se abata sobre a mesa de café.

 

A era da tecnologia, e é inevitável não o reconhecer, trouxe as suas vantagens. Porém, as desvantagens, a morte lenta das conversas familiares e de amizade valerá a pena? Os tempos mortos deixaram de ser dedicados à leitura de um livro, jornal ou revista, ou a conversar com um desconhecido. Parece que temos medo de viver o real, largar o virtual e perder qualquer nova actualização, aventurar-se no presente e desconhecido.

 

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Recordo-me, apesar dos meus vinte e sete anos, ainda sou desse tempo, em que os telemóveis ou o tablet não ofuscava as conversas de café. Admito-o, por vezes, tenho saudades desse tempo livres. Dizem que, a cada dia, caminhávamos para a solidão, refugiando-nos na era da tecnologia... não poderia estar mais de acordo - e contra mim falo.

Das palavras mais tristes que já escrevi...

 Sinto que, aos vinte e sete anos, perdi a capacidade de sonhar. Fecho os olhos. Contemplo o mar. Inspiro o perfume dos campos. Porém, os sonhos que outrora sonhará nestes recantos de mim, que me acompanhavam em viagens e me visitavam sem pedir qualquer licença, à muito que me deixaram. Fui sonhadora... não sei mais o que sou hoje. Limito-me a viver o presente; sem a promessas de mil e um sonhos. Preciso que algo de bom aconteça na minha vida e me devolva a capacidade de sonhar. Uma vida sem sonhos é triste. Quero sonhar novamente. 

 

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Hoje não sonhei...

Viver. Sonhar. Amar.

Viver custa. Há dias em que sinto a vida escapar-se pelos meus dedos como se de areia de praia se trata-se. A vida dói. 

 

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Sinto a tua falta. A falta dos teus abraços, gestos e beijos. Sinto a falta de ti, de nós. Consome-me. Penso em ti, em mim e no que fomos, no que queríamos ser, no que poderíamos ser e a tua ausência consome-me. A culpa é nossa, é tua e minha, por não lutarmos por quem dizemos amar. Ou, será que ainda lutaremos? Não sei se habitas no meu passado ou te encontrarei no futuro. Perdi a esperança. E, enquanto a vida passa nos outros, recheando-a de momentos felizes, em mim escapa-se-me. 

 

Vivo um dia de cada vezes, sem expectativas nem sonhos que mereçam ser sonhados ou vividos. Viver dói. A vida custa. Há dias em que me sinto cansada de viver, sonhar, esperar.

 

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 Eu sinto a tua falta... a falta de nós. Demoras muito?