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Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

A verdade das saudades de escrever.

A verdade é que eu sinto saudades de escrever. A verdade é que, igualmente e tristemente, não tenho conseguido escrever. Falta-me o tempo; ou saber organizar-me. Falta-me a vontade; ou a paciência de quem sente o desgaste físico de um trabalho esgotante. Falta-me algo. Escrever. Sinto falta de escrever: sobre mim, sobre as minhas leituras, sobre os meus mil e uns pensamentos. Ler. Ler livros, partilhar leituras, ler quem se relê nas minhas palavras. A verdade é que regresso... ou procuro regressar àquilo de que tanto sinto falta. Amanhã escrevo sobre livros. Hoje escrevo sobre saudades.

 

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Dos medos, da saudade e da solidão.

Perguntaram-me se tinha namorado e quando o arranjava, que uma jovem como eu à muito que deveria ter um. Perguntaram-me se alguma vez o tive, respondi que sim, um. Perguntaram-me porquê acabamos, respondi que não queria falar sobre o tema. Uma simples pergunta leva a outra e àquela que deveria ser proibida. É sempre assim. Como se chegar aos 26 solteira fosse um crime.

 

 

A verdade sobre mim é esta: nunca tive facilidade em estabelecer novas amizades, sobretudo quando as mesma envolvem o sexo oposto. Não me sinto uma pessoa interessante para se dar a conhecer ou se deixar descobrir. Não me sinto atraente nem bonita. Falta-me confiança, eu sei. Falta-me auto-estima. Falta-me tanta coisa que, aos 26, já não sei como alcançar ou melhorar.

O primeiro beijo chegou com os 21, aquando do primeiro namorado. Terminou poucos meses antes de completar os 23. Uma relação com altos e baixos, com bons e maus momentos, situações marcantes e que nada tinha para dar certo, desde o primeiro dia, mas que insisti em fazer durar. Dizem que o pior cego é aquele que não querer ver e eu deixei-me cegar pelo fascínio e brilho de um primeiro amor, mesmo percebendo que estava longe do que idealizei. A vida é assim, nunca é como a idealizamos. 

O outro lado inegável da verdade é que sinto saudades de uma companhia. Saudades dos abraços, dos beijos, dos passeios de mão dada. Saudades de dormir no peito, de sentir e saber que se preocupavam comigo, dos pequenos momentos. Por mais que o tente negar, sinto falta destes momentos, saudades que só vive com uma pessoa. 

Imaginava os meus 26 distintos da realidade. Uma casa, um trabalho, um namorado. Coisas que achava simples de concretizar. Não consigo imaginar para lá dos meus 26... não consigo imaginar uma casa, um trabalho, um namorado. 

E, como uma verdade leva sempre a mais verdades, a verdade é que tenho medo. No passado, o meu maior medo era o de ficar cega, de não voltar a olhar o arco-íris, o pôr-do-sol ou a chuva de Inverno. Medo de viver no que dizem ser escuridão e de não voltar a ver o rosto dos que mais amo. O medo da cegueira mantém-se, mas compreendia que é possível viver na escuridão das novas cores. Porém, cresceu em mim, um novo medo que, digam o que dizerem, não sei como se consegue viver: o da solidão. Tenho medo que a vida ou o destino (ou seja lá quem for) se tenham esquecido de mim ou me tenham abandonado, como se não tivesse outro remédio que a solidão. Receio de ver que aos demais, a vida ou o destino (ou seja lá quem for) apresenta o amor e me deixa de lado. Sim, porque até para se encontrar alguém é preciso sorte e eu nunca tive sorte nem ao jogo nem ao amor. Tenho um medo enorme à solidão... e acho que não sei viver com ela.

O que me faz viver?

Faz cerca de uma semana que, através do feed de notícias no facebook, soube da partida prematura de um jovem. Não o conhecia mas fiquei chocada. Quando a morte chega excessivamente cedo e sem ser calculada, o coração treme e a alma questiona-se nos motivos. Durante alguns dia, li comentários e diversas reacções ao seu desaparecimento e mexeu, mexeu muito comigo.

Não é de agora que, volta e meia, dou por mim a questionar sobre o sentido da vida... e, confesso, já pensei que estar ou não estar aqui pouca ou nenhuma diferença fazia porque ninguém (ou quase ninguém) daria pela ausência. E, por uma ou duas vezes, julguei que desistir fosse mais fácil do que sobreviver. E, a quem nunca lhe passou este género de pensamentos? Quem? 

Mas, quando sou abalada por estes negativos pensamentos, procuro agarrar-me àqueles que me fazem viver... E, o que é que me faz viver?

O que me faz viver é o sol quente numa tarde fria de Inverno. O pisar das folhas secas no Outono e o florir da árvores na Primavera. É o sentir a areia nos pés numa manhã fria e o sentir a chuva fria no rosto... adoro andar à chuva. 

O que me faz viver é o sorriso genuíno e verdadeiro de uma criança. É saber que daqui a uns meses conhecerei a menina de uma grande amiga. É saber que ela, a minha grande amiga, amadureceu, cresceu, amou, casou, vive e vai dar à vida uma linda princesinha... e eu estou louca para a conhecer.

O que me faz viver são os livros que ainda não li. Quero descobrir aquele livro que será para sempre o mais importante, o que mudará a minha vida. Dizem que todos nós temos um livro que nos muda para sempre... eu tenho vários que me marcaram, mas ainda não descobri o tal.

O que me faz viver é a música e os filmes que ainda estão por nascer... e, tal como nos livros, quero descobrir o filme que mudará a minha vida, a música que será a da nossa história de amor.

O que me faz viver são as viagens que ainda não vive... e, aquela que será a nossa viagem. Qual será o nosso destino?

O que me faz viver é contribuir com o meu eu para ajudar alguém. São os amigos que ainda irei conhecer... as histórias e aventuras que viveremos.

O que me faz viver é a minha irmã. Vê-la tornar-se numa mulher casmurra e teimosa, mas persistente e batalhadora. São os meus pais, o meu irmão. Pelas lutas que ainda travaram, pelas batalhas que já superaram.

O que me faz viver são as palavras que ainda tenho para escrever. São os vestidos que ainda não tocaram no meu corpo.

O que me faz viver é o meu futuro profissional. Voltarei a ser formadora? Trabalharei na minha área ou em algo similar? É tentar imaginar se, no amanhã próximo, continuarei pelo norte ou rumarei a sul... ou viverei no interior... ou, quiçá no estrangeiro?

O que me faz viver és tu. Imaginar como serás, como nos conheceremos, como seremos juntos. O que me faz viver és tu e o nosso futuro juntos, imaginar-me grávida... e um futuro pela frente. O que me faz viver é sonhar que seremos um do outro até aos 100 anos. 

O que me faz viver são as coisas simples e surpreendentes da vida. Uma flor que floresce por entre traves de madeira. O arco-íris depois da tempestade. O som da chuva na janela. Os sonhos que tenho por realizar... e que são tantos.

Confesso, nem sempre é fácil. Às vezes acredito que seria mais fácil desistir do que persistir em sobreviver... e depois penso nisto e em tantas outras coisas que me fazem viver e que, certamente, iria perder se desistisse... e abraço a esperança, esperando que a vida ou o destino (ou Deus ou seja lá quem for que trilha os nossos caminhos) não tenha desistido de mim.

O que me faz viver é não ter coragem de desistir.

Tenho saudades de ti.

Do teu toque, dos teus braços, dos teus lábios.

Saudades dos abraços e das noites passadas contigo. Saudades dos sorrisos espontâneos e das conversas sem hora para terminar. Saudades de sonhar contigo e de aquele formigueiro. Saudades de te sentir em mim.

Saudades de um alguém que nem sei se existe... que não sei se algum dia existirá.