Do livro do momento.
Perguntaram-me, ontem, se já tinha lido o livro do momento. Não. Faz-me uma certa espécie e comichão, tenho aversão a livros de que todos falam, às leituras ditas do momento, rodeados de todo o tipo de críticas positivas e louvores e que levam quem raramente lê a tornar-se um magnífico avaliador de livros - não que eu condene, é sempre melhor ler do que não ler. Diz-se, confirmado por quem me questionou, que o livro é surpreendente, fantástico e realmente bom. E eu, tenho mim, que nunca vi um livro com tamanha campanha de marketing... desconfio que o primeiro volume da saga as Sombras de Grey, de E.L. James, ficou muito aquém da campanha publicitária d' A Rapariga no Comboio, de Paula Hawkins.
Receio. A melhor palavra para designar a minha duvidosa vontade de ler o livro do momento. A verdade é que o título desperta-me a curiosidade ou não tivesse sido eu, durante anos, uma rapariga no comboio, onde desenvolvi a minha capacidade de observação daqueles que me rodeia, imaginando as vidas alheias e sonhando... uma eterna apaixonada por viagens de comboio. Estive, mais do que uma vez, para trazer A Rapariga no Comboio para minha casa mas, porque também me conheço, sei que elevarei o livro ao extremo, retirando-lhe a oportunidade para dar jus às críticas positivas, obrigando-o a surpreender-me sem nunca o conseguir.
Um dia, quem sabe, eu leia o livro... quando a maré livro do momento terminar e antes de chegar às grandes telas do cinema. Um dia dou-lhe a oportunidade.