No Dia Internacional da Mulher,
esqueçam os descontos, as florzinhas, os jantares e almoços, as sessões gratuitas no sítio xpto e toda aquela campanha comercial do dia. Proponho um exercício simples: às mulheres para reflectirem no tudo que ainda falta fazer e aos homens, no tanto que ainda nos falta mudar... porque, acredito que a igualdade só se atinge aquando homens e mulheres se unirem.
No dia oito de Março, mulheres e homens relembrem as lutas do passado, num exercício simples de compreender a origem deste dia.
No dia oito de Março, mulheres e homens olhem os nomes das mulheres vítimas de violência domésticas. As do passado, reflectindo no presente, no futuro. Até quando iremos permitir que uma mulher, esposa, mãe, irmã ou filha morra às mãos de um homem que diz amá-la? Até quando iremos permitir que um filho ou filha fiquem marcados pela violência de um pai sobre a mãe? Até quando homem julgar-se-á dono da mulher ou acalentará a ideia de que lugar da mulher é na cozinha?
No dia oito de Março, mulheres e homens analisemos as desigualdades salariais, o assédio sexual no local de trabalho, a facilidade em arranjar trabalho quando se é pai de família porque, se é homem, certamente que não faltará ao trabalho para auxiliar um filho ou filha doente ou, tão somente, as dificuldades em alcançar cargos de chefia ou de poder político.
No dia oito de Março, mulheres e homens relembremos que nós somos donas do nosso corpo, que ser feminista não é desejar exterminar homens ou deixar crescer os pêlos das pernas e calemos o assédio sexual de rua num piropo disfarçado de elogio.
No dia oito de Março, mulheres e homens não esqueçamos que não é menos mulher quem não deseja ter filhos, quem usa um decote ou mini-saia não está a pedir nada nem tão pouco é seja lá o que for e, por fim, esqueçam o estereotipo da mulher perfeita, de cabelo liso, magra e em constantes dietas, sempre maquilhada.
No dia oito de Março, neste dia, mulheres e homens relembrem: somos todos iguais, o que muda é a fisionomia do corpo. Relembremos que falta tanto por mudar, por fazer, por alterar. Neste dia sejamos capazes de esquecer o lado comercial e pensar, lutar, mudar. No dia oito de Março, faltam mil e uma coisas para atingirmos o patamar da igualdade. Somos mulheres em luta, ontem, hoje e amanhã, porque não mudamos em mil e umas coisas. Todos os dias são oito de Março.