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Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Livros,

a cada novo livro, nas primeiras palavras, empreende-se uma nova viagem. Livros, são mais do que capa bonita, recheado de palavras e inúmeras folhas... são, na verdade, uma viagem, uma descoberta, um país, uma personagem, uma história, um sentimento. É tudo isto sem sair do conforto de um lar ou durante uma viagem de comboio, do barulho de um café ou do som solitário de um banco de jardim. Mergulhamos nas palavras, dançamos ao ritmo de cada nova página, descobrimos novas histórias, autores, personagens. 

 

Fui, sou, serei mil e uma personagens. Ontem rainha, hoje governador, amanhã uma filha. Sem sair do lugar, do conforto meu mundo, viajei até Barcelona do século dezanove, conheço Portugal de mil novecentos e seis e, amanhã, quem sabe, vá conhecer África. Ri-o, choro, amo, vivo, sonho, canto. Sou o eu em múltiplas personagens. 

 

E, neste dia mundial do livro, comemoro-o da melhor forma... a ler. Vesti o papel de governador e viajo até S. Tomé e Príncipe, na pele de Luís Bernardo... 

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... até já e, 

 

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"Perigosamente Humano"

A pensar fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido. Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Don Quixote e Madamme Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram, meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.

 

Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.

 

Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?

 

Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem necessariamente ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.
Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebidas.

 

É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.

 

Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, podem levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, podem estimular um curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.

 

Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos, em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verossimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.

 

O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais, etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?

 

É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metrôs, ou no silêncio da alcova… Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um. Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos. Para obedecer, não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submisso. Para executar ordens, a palavra é inútil.

 

Alem disso, a leitura promove a comunicação de dores, alegrias, tantos outros sentimentos. A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.
Ler pode tornar o homem perigosamente humano.

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Guiomar de Grammont
in A Formação do Leitor: pontos de vista

(retirado de Lyani em Entre Aspas)

A ler,

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- Não seríamos homens se não sentíssemos dor e raiva com o que aconteceu. Todos sofremos.

- Sim, nós também tivemos muitos feridos.

- Nós... vocês... Porque é que falamos assim, Mohamed? Quem são vocês? Quem somos nós? Por acaso não somos os mesmos que sempre fomos? Em que é que isso nos diferencia?

- Nós somos árabes, vocês judeus, outros são cristãos...

- E então? A quem é que importa o Deus a que reza cada um? E o que acontece com aqueles, como eu, que não rezam? - Samuel olhava para os olhos de Mohamed.

- Eu ouço-te falar e penso como tu, mas depois, quando vou lá para fora, vejo que as coisas são diferentes, que nós, homens, somos diferentes.

- Diferentes? Não me parece que sejamos diferentes. Todos temos duas mãos, dois pés, uma cabeça... Todos nascemos de uma mãe. Todos sentimos medo, amor, ódio, ingratidão, ciúmes... Quem é que te diz que somos diferentes? Ninguém é mais nem melhor do que os outros.

- Nisso estás enganado, alguns homens são melhores do que outros Samuel. O meu pai era um deles.

- Sim, tens razão, alguns homens são bons.

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Sinopse:

Um romance extraordinário sobre o conflito israelo-árabe retratando personagens inesquecíveis, cujas vidas se entrelaçam com os momentos-chave da história a partir do final do século XIX a meados do século XX, e recriando a vida em cidades emblemáticas como São Petersburgo, Paris e Jerusalém. Aqui Julia Navarro conduz o leitor através de relações duras de homens e mulheres que lutam por uma parcela de terra onde possam viver em paz.
 
* (mais informações sobre o livro em wook)

No dia dos namorados,

nada melhor do que a companhia,

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do vento e da chuva,

da mantinha mais quente do universo,

de uma enorme tablete de chocolate,

um computador para a música,

e um bom livro... um romance, para assinalar o dia!

 

Aos enamorados, um feliz dia.

Aos solteiros, tal como eu, transformem-no num dia feliz!