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Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

E,

depois da franja - e das tintas compradas no supermercado não à muito tempo -, deu-me a paranóia para querer cortar o cabelo... sozinha. Falta-me escolher o corte. Vídeos no youtube e uma boa dose de maluquice não me faltam. O cabelo é de fios finos e rapidamente cresce. Podia-me dar para pior. Cabelo sofre.

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Quando for grande,

(não que eu vá ultrapassar o 1.66) quero ser assim, 

 

The Curvy Fashionista

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Girl With Curves

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São mulheres de peso. Aliás, somos. Também eu, como elas, sofro daquilo que todos apelidam de excesso de peso. Um peso que parece incomodar mais os outros do que a mim mesma. Não vou usar termos como gorda ou magra e, sobretudo evitar, a expressão excesso de peso ou peso inferior. As primeiras porque, sinceramente, são tão relativas - o que para mim é alguém magro, não significa o mesmo que para outra pessoa (tenho uma amiga que, todas as que ultrapassem o valor de 55kg são consideradas gordas e dos 80 para cima obesas, embora, na visão dela e com os meus 90, era uma gordinha sexy) -, já as segundas, as expressões, fazem-me alguma irritação. Não existe excesso de peso ou peso inferior, mas pessoas... independentemente do valor da balança, somos pessoas, tais como aquelas que se apelidam com peso normal.

 

Desde os dez anos que vivo com o estigma do peso. Nessa época, após duas cirurgias - no curto espaço de um ano e meio - comecei a engordar. Até então e, como dizem, era uma criança magra com graves dificuldades em comer (segundo o meu pai, apanhei muito para comer). Coincidiu, igualmente, com a puberdade e as mudanças de cidade e de escola. Se, a tudo isto, apimentarmos com nervos, um longo período proibida de praticar desporto (depois da segunda cirurgia, vi-me obrigada a assistir às aulas de educação física no banco) e mais algumas coisas, como detestar a professora de educação física (eu e quase toda a turma) e voilá... 

 

Durante muitos anos, o peso foi um verdadeiro tormento para mim. Cheguei a deixar de comer e a provocar o vomito com o intuito de perder peso mais rapidamente. Nunca consegui levar as dietas a que me propus até ao fim porque, mais do que força de vontade, é necessário que quem nos rodeia nos apoie e, sempre me faltaram esses apoios. Sempre tive problemas comigo, com o meu peso, com o que era. E, quando certa vez alguém me disse que não valia a pena emagrecer porque tinha uma cara feia e cheia de borbulhas, nem tão pouco arranjaria um namorado... facilmente me acomodei ao que era. Ditas numa altura de vulnerabilidade, marcaram-me durante anos e anos.

 

Costumo dizer que o peso incomoda mais os outros do que a mim mesma. A verdade é que o meu peso não me chateia, não me incomoda, até alguém o mencionar. Os outros que dizem estás mais gordinha (fingir simpatia) ou emagreceste! que bom! estás de dieta?, não devias comer isso porque estás gorda ou tu não devias usar esse vestido porque não te fica bem. Certa vez discuti com o meu ex-namorado porque, insistentemente me dizia se emagreceres vais ficar mais bonita ou tens uma cara não é de uma pessoa gorda, blablabla, ao qual lhe respondi que, não estando satisfeito, poderia arranjar outra ao seu agrado. 

 

Embora entenda os motivos dele e dos outros, a verdade é que questões de peso parecem incomodar mais os demais. Se não implicam porque é gorda, implicasse porque é extremamente magra (e, apesar de não o ser, entendo-o). Noutra ocasião, uma mãe criticava fortemente a filha, uma miúda magra, por comer uma miniatura de bolacha, dizendo-lhe que ia ficar gorda e feia... como se ser todas as feias fossem gordas, como se ser gorda fosse o pior crime do mundo, a pior sentença de um destino.

 

Desde que, independentemente dos números da balança e seja qual for a situação, não afecte a saúde e impeça de aproveitar o dia a dia... porque, efectivamente, existem casos demasiado graves para tapar os olhos.

 

Aprendi a aceitar-me assim e, desde que terminei a minha relação, trabalho dia após dia para me a amar como sou. Controlo o meu peso para evitar que me afecte a saúde, insisto em gostar de mim e a tentar fugir à velha frase do precisas de emagrecer... e se depois não gostar? Sobretudo, em conseguir ir à praia sem sentir que meio mundo me observa tão somente pelo peso... Se é tarefa fácil? Não é! É, provavelmente, o trabalho mais difícil. Hoje sinto-me bem comigo mas, amanhã, do nada ou por uma simples frase, e o amor próprio que alcancei destrói-se num abrir e fechar de olhos. Nem sei, tão pouco, se algum dia alcançarei uma auto-estima tão elevada como elas... 

 

Infelizmente e apesar dos meus vinte e seis anos, entendi que o problema não esta em mim nem no peso, mas nos outros. Vivemos numa sociedade demasiado preocupada com o exterior e a vida alheia. Olhamos de lado quando uma mulher ou homem gordo namoram ou casam com alguém do mesmo tamanho ou de tamanho inferior. É raro vermos tamanhos grandes trabalharem em certas lojas de roupa, as mesmas que diminuem os tamanhos; tal como é raro assistirmos a novelas em que os protagonistas fogem às normas de beleza. Vivemos numa sociedade de aparências, marcada pelo poder e influência da comunicação social e do marketing, ensinando as nossas crianças de que magro é bonito... a tornarem-se naquilo que as televisões querem que todos sejamos. 

 

Enquanto o peso for mais importante do que a pessoa, enquanto valorizamos o exterior ao interior, a cor, a raça, a nacionalidade e religião, enquanto tudo isto existir, dificilmente conseguiremos evoluir ou aprender as diferenças.

 

E, para terminar, algumas modelos reais/tamanhos grandes/plus size (ou o que lhe queiram chamar) do mundo da moda,

 

Denise Bidot

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Marquita Pring

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Georgina Burke

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Podem encontrar estas e outras modelos aqui.

Mas quem é que usa isto?

Nas minhas deambulações pelo mundo do facebook, deparei-me com uma página que vende estás belas galochas,

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A minha questão é: mas quem é que usa uma coisa destas? Sinceramente e numa palavra: horríveis!

Existem modas que, simplesmente, não entendo e, esta é uma delas...

Relfies ou a versão moderna do amor.

Relfies, é este o nome atribuído às fotografias do casal mais romântico e lamechas que povoa o teu facebook. Não, a invenção não é minha, quem o diz é um estudo desenvolvido por um psicólogo americano. Uma relfie mais não é do que o auto-retrato de um casal, quase sempre acompanhado de frases e promessas de amor eterno. Em resumo, o estudo diz que os casais que publicam relfies e outras informações sobre o relacionamento, como a alteração do estado no facebook, tendem a ser mais felizes. 

Modernices... relfies, a versão moderna do amor nas redes sociais.

 

 

Conheço um casal, na minha rede social, com as características descritas. Ou melhor, conheço-o a ele. Caloiro de curso, refilão e com as ideias um bocadinho fora do lugar (nada de especial). O mural de ambos é, resumidamente, o dia-a-dia de ambos. Publicam tudo. Desde o pequeno-almoço à hora do deitar. Os auto-retratos (ou selfies, como queiram) acompanhados de juras e promessas de amor eterno. São poucas as fotos com amigos. É só ele e ela... e o cão (ou o filho de ambos, como eles dissem). Após um ano e meio de namoro, estão noivos. Fico feliz por ambos, apesar do nível de lamechices, fico contente por eles. Gosto de ver casais assim, amorosos e felizes.

Mas... existe sempre um mas... ainda me recordo de este mesmo rapaz estar noivo de outra moça e, aquando do fim, se lamentar. No anterior relacionamento, como no presente, choviam relfies e declarações de amor eterno. Viveram juntos. Mudaram-se de país. Compraram um cão (o mesmo, que agora é partilhado pela outra). Ficaram noivos. E, um dia, puf... começaram a chover lamentações sobre a solidão e o abandono. Recordo-me de, na época, ainda a estudar, o padrinho de curso do moço comentar o tema e dizer que não entendia o que se tinha passado com eles... dizia ele 'tanto amor no facebook e quando os via, sempre tão felizes e depois isto... e eu que já tinha comprado o fato para o casamento!'. E, foi vê-lo desaparecer com aquela amor do facebook... como se a pudesse apagar da vida.

Também eu, no passado, me deixei seduzir e levar pela publicação de um auto-retrato, de um novo estado, de uma frase romântica. Sem exagero. O meu facebook não se tornou numa espécie de altar de veneração ao meu (ex)namorado... 

Sou apologista do não excesso. Gosto de ver e saber que amigos e amigas começaram relações ou que vivem dias felizes. Gosto de saber que o amor bateu à porta de alguém ou que veio para ficar e durar. Mas nem oito nem oitenta. Acredito que, quem como eles chega ao exagero no romantismo e eterno amor, precisam de demonstrar alguma coisa... uma perfeição que não existe. Uma tentativa de mostrar segurança na insegurança provável de uma relação. Como se a relação só existisse para o demonstrar no facebook.

Sou romântica à moda antiga. Acredito que o amor não é para ser partilhado por todos, deve ser privado, restrito a quem o vive. Uma ou outra fotografia ou uma frase mais romântica fica sempre bem e é bonito de se ver, mas sem exagero. O amor, por mais (in)perfeito que seja, não é para ser vivido nas redes sociais. É para vivido e saboreado, um dia de cada vez. 

 

* (e, sobre o amor na era virtual, aconselho a ler a crónica Amor 2.0)