Os livros do mês de Abril.
E As Montanhas Ecoaram
Khaled Hosseini
- É uma coisa engraçada, Markos, mas as pessoas geralmente interpretam isso ao contrário. Pensam que vivem de acordo com aquilo que querem. Mas, na realidade, o que as guia é aquilo de que têm medo.
E As Montanhas Ecoaram leva-nos a sentir o amor sincero entre um irmão, Abdullah e a irmã de quem sempre tomou conta após a morte da mãe de ambos, Pari. O pai de Abdullah e Pari é obrigado a separar os irmãos, vendendo Pari a um casal abastado de Cabul, Afeganistão e, desta forma, continuar a manter a restante família. A cruel escolha tomada pelo pai, deixa nas vidas de Abdullah e Pari, um enorme sentimento de vazio. Porém, a vida prossegue e é, deste modo, que descobrimos histórias paralelas e secundárias de quem, de alguma maneira, lidou com os irmãos. E As Montanhas Ecoaram fala do amor entre irmãos mas, de escolhas e decisões que, em algum momento alteram o rumo das nossas vidas e de sentimentos em relação a um país em constante guerra e destruição, Afeganistão.
Khaled Hosseini é, definitivamente, um mestre na arte de contar histórias, dono de uma enorme criatividade, sensibilidade e fluidez de palavras, capaz de nos levar a reflectir e a imaginar os seus cenários. A minha opinião sobre este livro, aqui.
Nunca Digas Adeus
Lesley Pearse
- Penso que a maior parte de nós se apaixona sempre pelo mesmo género de pessoas - respondeu Steven. - Mesmo sabendo qual vai ser o resultado.
Nunca Digas Adeus é uma viagem ao coração puro da amizade. Susan e Beth são amigas desde infância, separadas pela força do destino para, vinte e nove anos depois, o caminho de ambas se cruzar pelos piores motivos. Beth é uma mulher lindíssima, uma advogada de sucesso, colocada a defender uma mulher que assassinou, a sangue-frio, duas pessoas numa clínica médica. Susan é essa mulher que, numa tarde chuvosa de Outono, matou a recepcionista e o médico. Beth e Susan mal se reconhecem mas, a força da amizade e as lembranças daquelas férias de verão é poderosa e ambas embarcam na aventura dos segredos que levaram Susan a cometer tal atrocidade.
Nunca Digas Adeus é muito mais do que um romance sobre a amizade. Aborda temas sensíveis, como a violência doméstica, o alcoolismo, a escravatura infantil, a perde de um filho ou a violação sexual. As personagens longe de serem perfeitas, mostram-nos o lado humano de quem encerra em si traumas e medos e, a forma como luta para os ultrapassar. Um romance sensível, humano, carregado de emoções e sentimentos. A escrita é simples, cativante, viciante. Prende-nos. A cada nova descoberta, mais segredos vamos descobrindo. O final é surpreendente.
É fácil conseguir-me identificar com Susan. Baixa, roliça, bonita mas não atraente, Susan é uma mulher de fraca auto-estima com quem facilmente partilho os sentimentos sobre o corpo e o sexo oposto...
Lesley Pearse, com este segundo livro que leio, conquistou-me. Tornou-se, marcadamente, uma das minhas escritoras favoritas.
Glória Mortal
J. D. Robb
Ele tinha o maxilar esmurrado, sangue no casaco e um brilho no olhar. Ela perguntava-se se perdera o juízo. - Estamos aqui, espancados de morte, a abandonar o local do crime onde um de nós ou ambos podíamos ter ido desta para melhor, e pedes-me em casamento?
Ele voltou a passar o braço à volta da cintura dela e puxou-a. - É a altura perfeita.
Glória Mortal é um policial futurista com romance à mistura. Eva Dallas é a famosa tenente da polícia de Nova Iorque, encarregue de investigar a estranha e horrível morte de uma famosa procuradora do ministério pública daquela cidade. Porém, a esta morte, outras mortes se sucedem e, a tenente Dallas vê-se envolvida numa teia de conspirações, segredos e poder. A minha opinião sobre esta leitura pode ser lida aqui.
Equador
Miguel Sousa Tavares
- É difícil de responder... a vida ensinou-me que a nossa capacidade de resistência e de sofrimento é sempre maior do que supomos.
Equador é uma viagem às ilhas de S. Tomé e Príncipe, da escravatura, das roças e da produção de cacau do início do século XX.
Luís Bernardo Valença é um jovem empresário lisboeta, solteiro e dotado de humanidade e inteligência. Sob a ideia de um falso humanismo, rapidamente compreende o jogo adoptado pelas potências estrangeiras, nomeadamente a Inglaterra, que procuram eliminar a concorrência portuguesa de cacau, alegando trabalho escravo nas ilhas. Porém, a realidade nas colónias portuguesas não é distinta de outras colónias europeias e, o jovem denuncia-o. É a denúncia de Luís Bernardo que leva o rei D. Carlos a convidar o jovem Valença a assumir o cargo de governador das ilhas de S. Tomé e Príncipe com o objectivo de conhecer a realidade sobre a escravatura na ilha e convencer o cônsul enviado por Inglaterra, igualmente para verificar o mesmo facto, de que a escravatura naquela colónia portuguesa é algo do passado.
Luís Bernardo não existiu mas, a escravatura e exploração negra sim. Equador é um romance sensível e inesquecível, recheado de detalhes históricos sobre a vida naquela colónia portuguesa, numa escrita absorvente e cativante.
E As Montanhas Ecoaram, Nunca Digas Adeus e Equador são os meus destaques para o mês de Abril (ou seja, quase todos).