Da saga dos livros emprestados.
Raramente empresto um livro. Na faculdade, enquanto estudante, emprestei vários livros académicos que, ainda hoje, não voltei a ver. No presente, a carência de amizades é factor principal para não emprestar livros - sim, de facto, não tenho amizades nos dias que correm e onde moro.
Porém, há uma rapariga minha conhecida que, volta e meia, me pede livros emprestados. É a única num raio de vários quilómetros que gosta de ler. Bom, ainda enquanto estudantes, emprestei-lhe um livro juntamente com algumas peças de roupa de uma amiga porque, sendo recém chegada à cidade, a viver as praxes e a cidade, ainda não tinha conseguido trazer tudo o que queria. Tinham as duas corpos semelhantes e, a verdade é que, a minha amiga só voltou a ver as peças de roupa um ano depois... assim, como eu, o meu livro. E, tal só aconteceu graças à minha insistência: foi preciso insistir, chatear, ameaçar. Durante muito tempo e até ao ano finalizado de dois mil e catorze, não voltei a falar com ela... pela atitude, pelas vidas académicas distintas, porque não se proporcionou.
O cenário voltou-se a repetir. A burrice é minha. Pura estupidez. Um livro que eu li em pouco menos de duas semanas, emprestado no final de dezembro e, até hoje, continuo sem lhe ver a cor. Insisto, chateio, ameaço. Não consigo dizer não... é isso e a falsa ideia do quiçá não se volte a repetir. A ver se, realmente, é nesta semana que se inicia que o livro regressa a minha casa.
Quando se empresta um livro, pressupõem-se que o mesmo não levará meses, anos, a regressar à origem, à proprietária. Quando se empresta um livro, pressupõem-se que, depois de exigido pela proprietária e, independentemente de se ter acabado de ler ou não, ele regressará na altura pedida. Quando se empresta um livro, pressupõem-se que o mesmo voltará bem carinhosamente bem tratado... ou, pelo menos, espero que, apesar da demora, ele esteja bonzinho da silva, tal como quando o deixei ir.
(portanto, eu... esperando, esperando, esperando)