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Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Sobre a mudança de hora.

As mudanças de hora, seja para a de verão ou para a de inverno, provocam-me sempre alterações ao sono. Sinceramente, detesto-as. Bastava um, não? Parece que não. Para quem não percebe a questão da mudança de hora, como eu, basta consultar este completíssimo artigo do jornal online observador... ficaram parvos com os factos desconhecidos! *

 

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 (in Sabe porque muda a hora? Esta história tem barbas.)

 

* (embora, confesse, que saltei algumas partes)

Postcrossing: as histórias escondidas nas imagens.

Três novos postcrossing, três histórias escondidas nas imagens.

 

Nos últimos dias, chegaram à minha caixa de correio, três novos postais. No total, desde que me iniciei na aventura de enviar e receber postais de qualquer parte do Mundo, conto com sete postais recebidos - da minha parte, são onze os enviados: dois ainda não chegaram ao destino (preocupa-me um que enviei para a Rússia no início do ano e, até agora, nada... ou se esqueceram de registar o postal no site ou nunca chegou; o segundo, para a Holanda, conta com quinze dias de envio), cinco já receberam e os restantes, foram enviados ao longo das últimas semanas.

 

Cada postal que recebo é diferente e especial, tal como diferentes são as suas origens e as mensagens por detrás das imagens. Umas mensagens são simples mas simpáticas, outros partilham gostos e bocadinhos de quem escreve, outros explicam as escolhas dos postais e as histórias que escondem. É o caso de dois dos três postais que recebi esta semana. E, como tal, não me limitei a partilhar os postais, mas a explorar as  palavras de quem me escreveu... ou seja, pegando no que me escreveram, fui investigar e partilhar o que descobri.

 

Igor,

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Estados Unidos da América.

O ouro, segundo o Igor, foi descoberto na Califórnia no decorrer do ano de 1848 e depois da guerra entre os EUA e o vizinho México. No postal, Igor, também menciona um nome totalmente desconhecido para mim e, quiçá para muitos de nós: o de João Rodrigues Cabrilho. Mas, o melhor é irmos por partes. Comecemos pela guerra e pelo ouro...

 

Entre 1846 e 1848, os EUA e o México combateram entre si, desde a Califórnia até à Cidade do México -  na zona oeste da América do Norte -, provocando alterações drásticas no futuro dos países envolvidos. Nos anos de 1835 a 1845, os EUA procuraram comprar, por uma quantia avultada, os território mexicanos da Califórnia e do Novo México. Os mexicanos recusaram e as relações políticas entre os países entraram numa espécie de permanente conflito e ameaças mutuas. No final de 1845, os EUA anexa ao seu território, a zona do Texas, até então considerado estado mexicano rebelde, despoletando o inicio do conflito armado entre os vizinhos. A guerra mexicano-americana saldou-se na derrota amarga para o México que, na época, vivia abraços com problemas de conflito interno e não união entre os mexicanos, perdendo 40% do seu território, destacando-se a Califórnia e o Texas. A fronteira entre os dois países ficou definida alguns meses mais tarde e as relações políticas entre ambos comprometida durante décadas.

 

Numa manhã de Janeiro de 1848, uma semana antes do final da guerra entre os EUA e o México, o carpinteiro James Wilson Marshall, que trabalhava na construção de uma serraria num rancho no centro da Califórnia, descobriu no leito de um riacho, algo que lhe chamou a atenção quando reluzido à luz do sol: ouro. A descoberta do ouro na Califórnia atraiu, no período de 1848 a 1855 - ano em que o metal começou a escassear -, dezenas de milhares de pessoas provenientes dos mais diversos estados da América, América Latina, Europa, Austrália e Ásia. Todavia, apesar da riqueza do material, a maioria dos aventureiros não ficou rico: muitos, inclusive, passaram a viver na Califórnia por não terem dinheiro para regressarem a casa. A riqueza chegou a muito poucos, essencialmente àqueles que exploravam os trabalhadores, como os comerciantes. A Corrida do Ouro - como ficou conhecida - desenvolveu San Francisco e Califórnia, transformam-as em cidades prosperas, com igrejas, escolas e estradas. Mas, não só. O desenvolvimento das cidades desenvolveu sistemas de leis, da agricultura e de governos locais, bem como de novos métodos de transporte, tal como o navio a vapor e os caminhos de ferro. O impacto negativo do ouro levou ao ataque e consequente expulsão de nativos americanos, assim como impactos no ambiente. Um aspecto curioso: o responsável pela descoberta do ouro californiano, o carpinteiro Marshall morreu, em 1885, na miséria.

 

João Rodrigues Cabrilho, o navegador português esquecido, nasceu em Montalegre, a 13 de Março de 1499. Conhecido, também, por Juan Rodríguez Cabrilho, o navegador português realizou importantes explorações marítimas ao serviço da Coroa Real Espanhola. Em 1521, Cabrilho participou na conquista da Capital Azteca de Tenochtitlan, ao lado do espanhol Hernán Cortés. Entre 1523 e 1535, juntamente Pedro de Alvarado e outros europeus, conquistou os territórios que hoje compreendem às Honduras, Guatemala e San Salvador. A 28 de Setembro de 1542, ao serviço da coroa espanhola, João Rodrigues Cabrilho desembarcar no território onde hoje está localizado o estado da Califórnia. Aliás, Cabrilho é o primeiro português e europeu a navegar e explorar a costa californiana. João Rodrigues Cabrilho ou Juan Rodríguez Cabrilho morreu a 3 de Janeiro de 1543, no actual estado da Califórnia, desconhecendo-se o local onde foi sepultado. Na freguesia de Cabril - e, daqui a origem Cabrilho -, de onde era natural, existe a Casa do Galego, onde se diz ter nascido o navegador. 

 

 Marion,

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 Alemanha.

Na região do Ruhr - a maior região industrial da Europa -, diz Marion, existiam inúmeras minas de carvão. Presentemente desactivadas, o Complexo Industrial da Mina de Carvão de Zeche Zollverein é património da Humanidade Unesco, desde 2001. A primeira mina de carvão nasceu em 1847 e, consequente expansão, tornaram o complexo um dos maiores do género. O Poço 12, que ilustra o postal, foi aberto em 1982, sendo considerada uma obra mestre pela arquitectura e técnica, assim como uma das mais bonitas minas de carvão do Mundo.

 

Valérie,

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França

A Valérie foi a primeira menina a escrever-me em português e comigo partilhou o desejo de regressar a Portugal, onde um dia passou férias. Diz a Valérie, no seu português atrapalhado, que em França céu é cinza e está frio!

 

Não existe uma história para explicar sobre este último postal mas, considerei que a Valérie não merecia aparecer em branco, mas partilhar um bocadinho dela. 

 

O postcrossing é mais do que a alegria em encontrar um postal no meio das contas para pagar. É sonhar, partilhar, aprender e viajar. 

3 | Hora da leitura,

  Nunca Me Esqueças

Lesley Pearse

 

IMG_20150128_213720.jpg

 

Nunca Me Esqueças é uma viagem aos finais do século XVIII e à colonização da Austrália. Baseado no diário do capitão-tenente WatkinTrench, bem como de vários oficias e soldados da Primeira Frota e de registo da época, Pearse criou um romance sob a história verídica de Mary Broad, a filha de humildes pescadores da Cornualha, demasiado evoluída para a época e condenada à forca por roubar um chapéu. Perdoado o castigo, Mary é obrigada a embarca, juntamente com outros condenados, no primeiro navio rumo à colonização da Nova Gales do Sul (ou, se preferirem, a colónia dos condenados ingleses).

 

Pelas primeiras duzentas páginas (o livro conta com aproximadamente quatrocentas e trinta - versão normal), Nunca Me Esqueças sensibilizou-me pela relação próxima e humana que Mary estabeleceu com os indígenas, bem como de revolta e choque pelos relatos marcantes e desumanos da viagem de Mary e demais condenados e pela negligente atenção de Inglaterra para com os primeiros habitantes da colónia Nova Gales do Sul. 

 

O livro é mais do que um romance: é uma viagem pela História (para mim, desconhecida), uma singela homenagem aos oficiais, soldados e criminosos da Primeira Frota que ajudaram a colonizar a Nova Gales do Sul. Acredito que, todos eles, onde quer que estejam, certamente se orgulharam da colónia, hoje país, em que se transformou a Nova Gales do Sul, a Austrália que conhecemos. 

 

Sinopse:

Num dia…

Com um gesto apenas…

A vida de Mary mudou para sempre.

Naquele que seria o dia mais decisivo da sua vida, Mary – filha de humildes pescadores da Cornualha – traçou o seu destino ao roubar um chapéu.

O seu castigo: a forca.

A sua única alternativa: recomeçar a vida no outro lado do mundo. Dividida entre o sonho de começar de novo e o terror de não sobreviver a tão dura viagem, Mary ruma à Austrália, à época uma colónia de condenados. O novo continente revela-se um enorme desafio onde tudo é desconhecido… como desconhecida é a assombrosa sensação de encontrar o grande amor da sua vida. Apaixonada, Mary vai bater-se pelos seus sonhos sem reservas ou hesitações. E a sua luta ficará para sempre inscrita na História.

Inspirada por uma excepcional história verídica, Lesley Pearse – a rainha do romance inglês – apresenta-nos Mary Broad e, com ela, faz-nos embarcar numa montanha-russa de emoções únicas e inesquecíveis.

Postais,

sempre gostei de postais. Tenho postais de cariz religioso que, todos os Natais e Pascoas, as catequistas faziam questão de oferecer; postais das cidades ou vilas por onde andei; postais cheios de recordações e História; postais com animais oferecidos pela National Geographic (dos tempos em que a revista trazia um brinde); postais com plantas, flores e desenhos ou os simples postais das empresas com que o meu pai negociava e que, a cada ano, recebia um diferente. Quase todos guardei numa grande gaveta do quarto que durante anos partilhava com a minha irmã mais nova (não a gaveta, mas o quarto), a chamada gaveta das memórias - para além de postais, guardava mil e uma pequenas coisas, como fotografias, desenhos, bilhetes de comboio ou cinema, qualquer coisa que, em algum momento, me tivessem feito feliz (a minha mãe baptizou-a de gaveta das tralhas, uma vez que não via utilidade em guardar tralha). Sempre gostei de guardar coisas. Durante anos coleccionei postais de todas as formas, cores e feitios mas, se tivesse de escolher os meus preferidos, seriam estes,

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recheados de História, memórias de um tempo distante, que nunca vivi mas que sempre fascinou e seduz. É, simultaneamente estranho e maravilhoso olhar para algumas destas cidades, ruas ou pontes que tão bem conheço, e contemplar o passado olhando-as no presente... ou, às desconhecidas, pela beleza do postal. Sou uma apaixonada por História. Pelo passado que nos relatam nas salas de aula e pelo passado que ninguém menciona e que se aprende através de postais, memórias, filmes, livros bibliográficos ou romances (com uma pitada de fantasia e outra de realidade). O passado, para muitos é uma tédio, para mim, uma fonte para entender quem somos, como somos e para onde vamos (como dizia um dos meus professores universitários que leccionava História)

 

Com as mudanças na minha vida, como a ida para a Universidade ou as obras feitas nos quartos, a gaveta desapareceu e muitos dos meus postais perderam-se.

 

Regressando à ideia dos postais e colocando a minha paixão pela História de parte, descobri um site onde os utilizadores podem partilhar postais. Chama-se Postcrossing. A ideia é dar uso às caixas de correio para lá das habituais cartas com contas para pagar e de publicidade. O projecto partiu de um português a morar na Alemanha cansado de receber sempre as mesmas cartas, sendo a surpresa o ingrediente principal. Enviar um postal e receber um postal que pode vir de qualquer parte do mundo, sem nunca contarmos ou prevermos é, simplesmente, fantástico! Depois, basta registar o postal no site para que os restantes utilizadores o possam ver e continuar a partilhar postais... Eu já me inscrevi e, embora o site esteja na língua de Shakespeare e da Rainha Victoria (culpa do livro que ando a ler e que estou, numa palavra, a amar) e não seja grande entendedora, lá vou fazendo o esforço para escrever e ler em inglês (também sou preguiçosa e, portanto, uma força de me obrigar a relembrar e de treinar). Tudo em nome deste bichinho engraçado que são os postais. Postais são

 

mensagens curtas e simples, ilustradas com uma imagem que mostra uma pequena janela para outro ponto do mundo.

 

O meu primeiro postal parte hoje; destino: Alemanha. Quando receber o primeiro, logo o partilho por aqui...

 

 

* (os postais da imagem fazem parte da Colecção Selos e Postais de Portugal: três séculos de História dos CTT e, sinceramente, não me recordo como os coleccionei... mas são lindíssimos e sobreviveram às mudanças e a minha irmã!)