Crónica de Uma Empregada de Mesa: o gelado.
Ser empregada de mesa, num café, especialmente em época de calor e férias longas, é uma experiência... peculiar, cansativa, diferente e um tanto ou quanto divertida. Identificamos e definimos, facilmente, todo o tipo de clientes mediante conversas e comportamentos para connosco e, assim, temos o cliente simpático, o cliente compreensivo, o cliente brincalhão, o cliente chato, o cliente mal-encarado, o cliente antipático (obviamente, que isto também se aplica à cliente mulher) e por aí em diante... e, claro, jamais poderia faltar o cliente queque e a cliente tiazinha.
Uma destas tardes, depois de vender um gelado magnun sandwich, a cliente regressa, visivelmente chateada e com o gelado mal comido, dirige-se a mim e diz-me (uma vez que foi comigo que fez a compra):
- Oh menina, pode-me trocar o gelado? É que este têm um sabor estranho, sabe tão mal!
- Ah?! Como assim?
- Eu ainda ontem comi um igual a este noutro café e não me sabia mal... este sabe a peixe! É. Sabe a peixe. Vocês guardam peixe nesta arca?!
- Não. Esta é a arca dos gelados. O peixe fica noutro lado.- Oh menina, mas este sabe a peixe. Olhe, feche-o novamente, guarde-o na arca e mostre-o ao vendedor de gelados.
A política de boa educação para cafés e afins diz que o cliente têm sempre razão (política à qual, de todo, não concordo) e, portanto, a solução passou por trocar o gelado à dita senhora, que feliz devorou um cornetto de morango.
Quanto ao gelado, esse, estava longe de saber a peixe...