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Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Mudar.

Terminei o meu mestrado em 2013. Batalhei durante muito tempo, entre estágios de curta duração e trabalho a recibos verdes, sem nunca conseguir chegar à minha área de formação. Comecei a trabalhar como operadora de loja num hipermercado em 2016, depois de sentir que as portas se fecham com argumentações diversas que variavam entre o "não possui a experiência necessária" ao "a sua formação académica é excessiva". Aprendi muito enquanto operadora de loja: a importância do trabalho em equipa e entre-ajuda, lutei contra o monstro da timidez e dos medos, cresci muito quer pessoal quer profissionalmente. Fui pressionada pela gerente que embirrava com qualquer colaborador que não trabalhasse como ela assim entendia. Senti que o meu trabalho, por mais que eu procurasse melhorar, nunca era valorizado ou reconhecido por ela. Mudei. Precisava de mudar para conhecer um outro universo profissional.

 

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Demiti-me o ano passado, neste período, e lancei-me a um novo desafio profissional. O automóvel passou a ser o meu local de trabalho, sempre em viagens pelo Minho, um dia em Monção outro em Guimarães e outro em Barcelos. Os dias nunca eram iguais e, apesar de tudo, eu sentia-me diariamente cansada e frustrada. Fruto de expectativas elevadas e ideias que pouco combinavam com a realidade, percebi que não era isto que queria fazer para todo o sempre. Sim, porque era esse o caminho: fazer o mesmo, durante anos, sem qualquer possibilidade de progressão profissional porque ela não existe naquela empresa. Sentia-me agradecida por conhecer aldeias, vilas e cidades que, de outra forma, dificilmente conheceria. Não tinha um chefe que diariamente me pressionasse mas sentia a falta de companhia... podia passar dias em que pouco ou nada falava. Culpa da minha constante insatisfação, decidi arriscar novamente e mudar.

 

Os inícios de ano, dizem, costumam ser bons para se mudar de trabalho. Para mim, qualquer altura do ano é boa para mudar e arriscar, porém, a verdade é que têm sido os inícios de ano que coincidem com as minhas mudanças profissionais... e pessoais.

 

No próximo mês, porque quis aproveitar para tirar umas férias entre alterações profissionais, vou regressar a um hipermercado e mudar de cidade. Mudo porque acredito que, nesta nova empresa, sem os vícios e esquemas de empresas já antigas na área, poderei encontrar um caminho para mim. Mudo porque, aos trinta anos, sinto que preciso de crescer e assentar numa casa minha, num espaço meu. Mudo porque quero anular a permanente insatisfação que sinto. Mudo porque quero deixar de adiar sonhos pessoais, como o de me juntar com o meu namorado ou o de ser mãe. Mudo porque a vida é uma constante e permanente mudança e só os insatisfeitos arriscam em mudar. 

 

Provavelmente, nunca conseguirei trabalhar na minha área de formação mas quero sentir que, de facto e de alguma forma, não foi um trabalho em vão. Nunca o é. O estudar e aprender nunca é desperdício de tempo. A minha formação académica abriu-me horizontes e deu-me a possibilidade de ver para lá do que a minha pequena vila me poderia dar. Mas, quero sentir que, porque acredito que assim é, a minha experiência é mais útil. Porque, no fundo, sinto aquela mágoa de quem batalhou durante anos e nunca foi recompensado... e é esse sentimento que eu não quero, nem pretendo, carregar toda a vida. 

 

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2019: o ano em que vou (continuar) a apostar em mim.

 Não tenho, por norma, o hábito de fazer resoluções ou traçar objectivos de ano novo ou de aniversário. Acredito que a mudança deve acontecer quando queremos, numa segunda-feira ou numa quarta-feira, em qualquer altura do ano, e por nada em específico, só porque queremos mudar algo na nossa vida. No entanto, apesar da contradição das minhas palavras, o próximo ano será o ano em que quero muito apostar em mim... ou continuar.

 

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(Imagem: Acredita em ti e voa!)

 

No início deste ano, algures depois das festividades dos Reis, decidi que iria mudar a minha alimentação e apostar na minha saúde. Nunca fui, desde os meus dez anos, uma miúda de corpo delicado, magro e de auto-estima elevada. Pelo contrário, desde essa idade e até aos meus presentes trinta anos, sempre fui gordinha, de fraca auto-estima e com problemas de acne. Não posso, segundo o dermatologista que consultei à uns anos, resolver o problema do acne mas posso lutar contra o resto... e foi isto que procurei fazer ao longo dos últimos ano. Lutei, ano após ano, contra os meus complexos e medos, procurando descer os números do meu peso na balança, mas se consegui atingir níveis satisfatórios relativamente à minha auto-estima, o mesmo não o posso afirmar com os números na balança (e quem me segue no blogue à mais anos, sabe do que falo). Não tenho uma auto-estima ao nível dos cem porcento mas, talvez não exagere se a considera a uns setenta quando, na minha meninez e adolescência, equivalia a uns vinte. Não acredito, todavia, que algum dia esteja a cem porcento, porque isto é uma luta que nunca acaba, mas quero evitar ir-me abaixo de cada vez não caibo numas calças.

 

Posto isto, no início deste ano decidi que iria mudar a minha alimentação, praticar mais exercício físico e reduzir os valores do meu colesterol. Se consegui o último, o mesmo não posso afirmar do segundo e o primeiro, embora já não viva sem a minha sopa à hora do almoço, ficou um bocadinho longe dos meus planos. A ideia era, ao mudar a minha alimentação, comer mais legumes e fruta, preparar refeições mais saudáveis, reduzir nos doses e refrigerantes, beber mais água e comer mais sopa... de tudo isto só consegui reduzir nos refrigerantes e aumentar o consumo de sopa. Os restantes sofriam de picos de humor: ora passava semanas sem tocar num chocolate e dias a comer fruta seguidas, como podia passar três dias a enfardar chocolates e nada de fruta. É, a convulsão alimentar, uma das minhas lutas de há anos e que não sei se jamais a conseguirei enfrentar... porque é na comida que muitas vezes encontro refugio e consolo para os meus medos e dramas, embora saiba que também me causa mais e mais problemas. 

 

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(Imagem: Facebook Disney Ironica)

 

A mudança a nível profissional veio desmobilizar os meus planos de saúde iniciais. Eu estava a conseguir perder peso. A adaptação a um novo ritmo e estilo profissional, mais sedentário que o anterior, levou-me a ganhar o peso que tinha perdido. Senti-o nas calças que outrora tanto usara, senti-o nas roupas que em lojas ditas normais outrora conseguia caber e deixei de conseguir, senti-o na minha saúde. Conjugar o meu horário de trabalho com o pouco tempo que me sobrava é, ainda hoje, uma tarefa que estou a aprender (a escrita e a leitura sentiram tanto com esta mudança profissional). Inscrevi-me num ginásio mas não o fiz por mais de três meses... estava a pagar para nunca o frequentar porque chegava sempre muito tarde a casa. E é isto que quero mudar e não o quero só no próximo ano, quero-o já. Para tal e, porque a nível profissional não me sinto numa situação muito estável, decidi retomar as aulas de zumba, com duas sessões semanais. O objectivo não é, mais uma vez refiro-o, emagrecer mas sim tornar-me mais saudável e activa.

 

Não quero que dois mil e dezanove seja o ano de mudar, pelo contrário, quero que seja um ano de continuidade, aquele em que vi que podia ser mais. Não vou esperar por Janeiro para o fazer, mas começar agora... um novo ano é quando quisermos começar verdadeiramente a mudar. Dois mil e dezanove é o ano em que vou continuar a apostar em mim... a nível pessoal, profissional e de saúde.

 

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(Imagem: Facebook Disney Ironica)

 

Pessoal:

- Aprender a língua inglesa: adiei durante meses e meses iniciar uma formação nesta língua mas não posso continuar a negar a minha lacuna nesta área e na necessidade em investir na aprendizagem. 

- Ler um livro por mês e escrever, pelo menos, um a dois posts por semana.

- Gerir melhor as minhas finanças: aprender a pensar duas vezes antes de comprar e registar diariamente (na agenda ou numa folha excel) os meus gastos, bem como tentar colocar todos os meses um valor fixo numa conta poupança.

 

Profissional:

- Mudar de trabalho (obviamente).

 

Saúde:

- Retomar (já este mês) as aulas de zumba e/ou caminhar pelo menos trinta minutos.

- Beber mais água e continuar a cortar nos refrigerantes.

- Procurar passar um mês sem consumir açúcar (não sei se consigo mas vou tentar... li o desafio neste blogue).

- Continuar a comer diariamente um ou dois pratos de sopa e comer mais fruta e legumes. 

Situação profissional: perdida.

Quando, no início deste ano, resolvi abraçar um novo projecto profissional sabia que as minhas rotinas seriam alteradas, embora não tivesse pensado muito nas mesmas.

 

O motivo principal que me levou a mudar de algo que parecia estável, nos quadros de uma grande empresa de hipermercados, foi a manifestada vontade em mudar de secção (quando tal nunca é bem encarado pelos superiores) e, por conseguinte e muito mais, a pressão psicológica que senti deste últimos. Não vou entrar em detalhes sobre o tema porque tal entra num campo muito pessoal e, neste momento, não me sinto capaz de falar mas, sentia que se algo não mudasse, eu acabaria por ter um esgotamento. Por outro lado, como licenciada e mestre, tinha ambições e objectivos que enquanto operadora de loja não conseguia combater: o sonho de trabalhar na minha área. Quando, nas inúmeras entrevistas a que fui, me colocavam a questão sobre a situação profissional era incontornável, embora eu tenha tentado evitar, confirmar que já fazia parte da empresa e imediatamente sentia as portas fecharem-se com justificações improváveis. Foram horas passadas à frente do computador, entre envios de emails, consulta de ofertas e entregas em mão do CV actualizado, sem qualquer sucesso. Sentia-me frustrada e triste porque, embora numa situação ambicionada por muitos, o meu trabalho não era reconhecido e desvalorizado (na verdade, só o foi depois de me despedir)... queria e sonhava com mais. A caminho dos trinta anos, sentia que não era de todo aquilo que eu queria fazer e, por isso, nas minhas férias, dediquei-me em exclusivo à tarefa de procurar um novo trabalho... e consegui.

 

A empresa para a qual trabalho, desde o início deste ano, não é na área comercial mas é quase como se fosse. Desloco-me para qualquer zona, em trabalhos diversos, numa viatura da empresa e telemóvel deles. Não trabalho os fins-de-semana ou feriados, como anteriormente, mas o meu horário nunca é fixo e independentemente da distância a que esteja, mais ou menos próxima de casa, não o termino mais cedo. O salário é, embora pouco significativo, menor do que quando trabalhava como operadora de loja. Os superiores contactam via email ou telemóvel, presencialmente, só quando algo de grave acontece. Não existe qualquer relação com colegas de trabalhos - pelo menos, no meu caso. Parece, aos olhos de muitos, um bom emprego mas não o é para mim. É rotineiro porque, apesar de nunca ser no mesmo local, não se alterar. Não existem possibilidades de crescimento. É fisicamente desgastante pelas horas que passo no automóvel e sinto, novamente, a sensação de frustração e tristeza porque não me sinto activa, plena nem desenvolvida intelectualmente. Sinto que me atirei de cabeça, sem ponderar nos benefícios e desvantagens de mudar, pela necessidade e pressão que sentia e que acabariam com a mudança de superiores passados três meses de me mudar profissionalmente... foi, para muitos, a melhor coisa que fiz mas eu não tenho tanta certeza disso.

 

Profissionalmente sinto-me completamente perdida e confusa. Procuro, tal como já o fiz no passado, diariamente novas oportunidades de emprego que não aparecem. É, na minha zona, sempre mais do mesmo: comerciais, fábricas e operadores de loja. Parece que nunca muda, embora os dias e semanas passem, os anúncios repetem-se. As poucas ofertas profissionais que encontro e às quais sinto que teria capacidades para responder e crescer, como administrativo ou recursos humanos, nunca pareço satisfazer as necessidades dos recrutadores. É esgotante. Não sinto que ser comercial seja para mim e tenho receio de trabalhar em fábricas, por tudo o que de negativo já ouvi. E são estes sentimentos meios confusos a nível profissional que me fazem pensar que se alguém me tivesse dito, no passado como seria o meu presente, talvez eu não tivesse arriscado tanto... O meu sonho e objectivo sempre foram o de trabalhar na minha área. Sempre quis mais... estudar, crescer, subir. Hoje compreendo que será realmente difícil e isso deixa-me revoltada, triste e frustrada. Embora eu não me imagine toda a vida a repor produtos alimentares, percebo que foi uma área da qual gostei e que me fez crescer pessoal e profissionalmente, mais do que a actual. E, com tudo isto, tenho receio de mudar novamente...

 

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A minha actual situação profissional é completamente perdida e confusa... preciso, urgentemente, de um mapa para me guiar. 

Futuro.

A minha curiosidade sobre o futuro não é de agora. Quando era menina, procurava imaginar como seria a minha vida enquanto adulta: idealizava uma profissão e uma vida pessoal que, no presente, nada é igual àquela que imaginava em menina. Queria ser professora de História e usava as minhas poucas bonecas e peluches para me vestir no papel de professora. Imaginava que, quando fosse adulta e antes de completar os trinta, já teria casado com um homem bonito e teria duas belas crianças, uma vida encantadora e maravilhosa, numa casa gigante. Porém, o futuro que idealizei em menina é hoje o presente dos trinta e nele não existe qualquer formação na área da História, embora não lhe esteja longe, não sou nem serei professora, não casei e não tenho filhos... bom, nem tudo é mau, tenho um homem bonito, inteligente, simpático e a melhor pessoa que já conheci. 

A curiosidade sobre o futuro não é de agora. Quando frequentei a faculdade, embora séptica e muito reticente em relação à ideia, consultei duas tarólogas ou mulheres que lêem as cartas e dizem conhecer o futuro. Fui a conselho de uma amiga de faculdade e, não será difícil para as ditas pessoas que lêem o futuro, compreender os receios e sonhos de uma estudante universitária. Queria saber como seria o meu futuro profissional, se conseguiria trabalhar na área, queria saber sobre amores e sobre saúde, queria saber se o futuro me reservava coisas boas. A verdade é que, talvez por uma série de conjugações e fruto das minhas próprias escolhas, pouco do que ela previu se concretizou... a minha amiga, porém, diz que lhe adivinhou quase tudo ou, no fundo, talvez ela fosse mais crente nisso do que eu. 

 

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Confesso que sempre quis saber sobre o meu futuro... porque tenho medo dele. Assusta-me saber que qualquer escolha que faça pode ser a mais errada e irremediável e não conseguir antever o mesmo deixa-me com medo e num estado de ansiedade nem sempre fácil de controlar. Saber, no entanto, que um dia os meus sonhos se concretizaram, mesmo que por intermédio de coisas que não se explicam, leva-me a sonhar. E, no entanto, também o receio com medo de o alterar nas escolhas presentes que tenho de tomar. Sou constantemente bombardeada pelos "e se's" do passado aos quais não consigo responder e sinto-me presa à necessidade de, por fim, alcançar os meus objectivos. O futuro assusta-me e saber que cada decisão se traduz numa consequência à qual eu não consigo prever ou mudar, deixa-me ainda mais assustada e ansiosa. Sempre quis saber sobre o meu futuro e, no entanto, não o quero porque tenho medo dele, de nada ser como eu quero ou simplesmente o alterar... a vida, resumindo, deveria trazer manual de instruções e pistas que nos ajudassem a compreender se são as escolhas mais acertadas para atingir determinados sonhos.