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Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Experiência profissional.

Não é a primeira vez que escrevo sobre este tema mas preciso de o voltar a fazer porque, quem sabe, não consensualize alguém desse lado do ecrã ou simplesmente porque é algo que me revolta e irrita profundamente.  

 

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Candidatei-me, recentemente, a uma vaga para a área de Recursos Humanos e à qual, mais uma vez, não fui aceite. Não sendo licenciada na área dos Recursos Humanos, a minha área de formação não me desqualificava para a vaga a que me candidatava e, embora nunca tenha trabalhado quer na minha quer naquela à qual apresentei CV, realizei estágios de três meses em ambas, o que me dá alguma noção sobre as duas. Bem sei que os Recursos Humanos são muito mais do que seleccionar e recrutar, entrevistar e realizar processamentos de salários, são necessários outros conhecimentos que nem a minha formação académica nem a minha experiência profissional traduzem mas se a oportunidade nunca surgir dificilmente conseguirei envergar pela área... Irrita-me saber que passei os meus últimos sete anos a tentar candidatar-me a vagas de estágio/emprego na minha área ou similares, como os Recursos Humanos, e jamais me tenha sido dada a oportunidade de mostrar quem sou e o que valho. Como é que alguém pode dizer se possui ou não o perfil indicado para a vaga se aquela pessoa nunca teve a oportunidade de aprender e viver aquela profissão? Ou, como quando se exige experiência para uma vaga que deveria ser de aprendizagem, como é o caso dos estágio... e eu só precisava da oportunidade e de alguém que me ensinasse e me deixasse aprender. 

 

Recordo-me da técnica de Recursos Humanos com quem realizei estágio: ela não tinha qualquer formação académica, possuía o 12.º ano e, no entanto, os mais de dez anos em que trabalhava na área e o primeiro emprego nos Ctt davam-lhe o poder que eu ou qualquer outro candidato não possuíamos... mesmo com licenciatura ou mestrado. E tudo porque alguém, no passado, acreditou que ela tinha competências para fazer aquilo ou simplesmente porque o diploma não lhe era exigido. Parece que, hoje em dia, quem recruta se esquece de que também eles começaram do zero, entre erros e tentativas, porque alguém acreditou neles. 

 

Os sete anos que separam o fim do meu mestrado do presente talvez sejam o indicador de que chegou a altura de pensar em mudar: em, quem sabe, estudar novamente noutra qualquer área ou simplesmente desistir de continuar a tentar. Já não tenho idade para as incertezas de um estágio e parece que as empresas cada vez menos querem ensinar quem nunca teve oportunidade de aprender. 

Estado contrata estagiários mas não lhes dá emprego...

... ou, como o Estado é um excelente exemplo de aproveitamento e ai-e-tal-descemos-a-taxa-de-desemprego-entre-os-jovens

 

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Jornal de Notícias

 

Vou-me candidatar a estes estágios e, assim, antes mesmo de ser seleccionada, vejo furadas as minhas expectativas - não é que eu tivesse esperanças elevadas mas, porque existe sempre um mas, acreditamos sempre no nunca se sabe... até pode ser que gostem do meu trabalho. E, como eu, tantos outros... aliás, hoje em dia, qualquer estágio segue o exemplo do Estado. Queres estagiar? Okey, mas não contes com um emprego, mesmo que te dediques a mil e abdiques do teu tempo livro. O importante é, dizem eles, a experiência... ou, o saltar de estágio em estágios, digo-o eu. Viva o país dos estágios... e o Estado, com as suas medidas de tapa-buracos.  

 

Os eleitos vão receber 692 euros durante 12 meses (785 euros com subsídio de refeição), sem qualquer perspetiva de emprego. As estatísticas oficiais do desemprego ficarão sempre mais leves no caso dos licenciados desempregados que consigam aceder a estes estágios.

No país dos estágios...

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Se, por um lado, um estágio pode ser algo realmente benéfico e de aprendizagem, por outro, estágios produzem sentimentos confusos de frustração e esperança. Eu, pessoalmente, ainda não consegui definir se realmente são úteis para o futuro profissional que ambiciono. A verdade é que, durante a Universidade, enquanto estudante de Sociologia, lamentava-me pela fraca vertente profissional do curso. Criticava e, inclusive demonstrei-o junto de alguns professores, a forte componente teórica do curso que, pouco útil seria para um futuro próximo. No percurso da minha formação académica, realizei dois estágios curriculares que, embora longe de serem verdadeiras fontes de aprendizagem, revelaram-se bastante úteis. É, sobretudo nesta fase, enquanto estudantes, que acredito na utilidade de um estágio. Não daqueles estágios-fantochada-vamos-meter-o-estagiário/a-a-fazer-o-que-não-queremos-como-servir-cafés-e-tirar-fotocópias... quando, num estágio, somos obrigados a colocar em prática as aulas.

 

Porém, finalizada a minha formação superior, procurei afastar-me de estágios, procurando um emprego. Rapidamente percebi que, sem qualquer experiência à excepção daqueles dois estágios que pouco valorizava o meu magro currículo profissional, dificilmente encontraria algo a que apelidar de emprego estável - ou trabalho, é-me igual. Assim, candidatei-me a mais um estágio onde, independentemente do meu empenho, não "fiquei" porque a empresa já tinha mais duas estagiaras e preferia-as a contratar efectivamente. Os três curtos meses, onde recebi uns meros cento e cinquenta euros - acreditei, apesar do valor, que seria uma mais valia profissional -, serviram para conhecer uma área distinta à minha e, como as chefes fizeram notar, realizando os trabalhos que elas não queriam.

 

Findo terceiro estágio, procuro novo estágio, desta feita ao abrigo dos estágios para as autarquias locais. Esta semana desloquei-me vários quilómetros para estar presente numa entrevista de estágio. Como eu, mais de vinte jovens, entraram e saíram daquela Câmara Municipal, para uma vaga que, anteriormente esteve preenchida por uma minha ex-colega de curso e, antes dela, por outra estagiaria. E, assim se vive em Portugal, de estágio em estágio... 

 

Infelizmente, este é o país dos estágios. Finaliza-se um, procura-se outro. No fundo, é disto que vivem as estatísticas, aqueles que nos governam, as empresas que contratam. Durante um ano, estamos ocupados, desaparecemos das estatísticas do desemprego... trata-se, no fundo, de uma medida que em nada promovem o emprego real. É benéfico para quem contrata porque, parte ou a totalidade, não lhes sai da contabilidade e, recebem regalias. E, afinal, para que raio servem os estágios? Supostamente, deveria servir para adquirir a tal experiência que, várias vezes escutei, ainda não tinha... sinceramente, não sei quantos estágios necessitarei para adquirir tal maturidade profissional. Uma colega, tal como eu, vai no quarto estágio: dois curriculares, um a nível de autarquia local e, presentemente, um profissional - para o IEFP. E, quando já não conseguir fazer mais estágios, será que finalmente conseguirá o tal ansiada estabilidade profissional? Já terá adquirido experiência e maturidade? Será que as empresas mostraram interesse neles ou, como já me disseram, serviu para passar o tempo porque, no fundo, não se faz nada num estágio? Pois, é o que veremos...

As sombras do mobiliário...

O mobiliário português está de parabéns. O grupo português Menina Design, que inclui as marcas Boca do Lobo, DelightFull, Koket e Brabbu, entrará num dos filmes mais aguardados dos últimos anos, As Cinquenta Sombras de Grey, através do mobiliário que decorará a casa do excêntrico milionário Christian Grey. Embora a minha opinião sobre o filme e livro de E.L.James não seja a mais positiva, deveria ser um orgulho ver que além mar reconhecem o design exclusivo e cosmopolita do grupo com sede em Rio Tinto, Porto. Mas não o é. Não é motivo de orgulho mas sim de revolta. Acima de tudo, os meus parabéns dirigem-se aos jovens que emprestaram os talentos à Menina Design. O que muitos desconhecem e certamente a Universal Pictures, produtora do filme, é que este grupo várias vezes foi acusado de se aproveitar de jovens estudantes ou recém licenciados das mais diversas áreas... as queixas são antigas mas, aparentemente, pouco ou nada se fez ou faz.

 

Infelizmente, a Menina Design não será a única a aproveitar-se de jovens recém licenciados em busca de uma oportunidade na área para a qual tantos anos estudaram. Como este grupo, vários outros enchem os cofres à custa de estagiários e de condições de trabalho precários, num silêncio aparentemente aprovador de quem nos governa. Ou, como menciona a plataforma Ganhem Vergonha no facebook, para denúncias de abusos laborais, quiçá as políticas de recrutamento tenham mudado e a Menina Design não contrate às dezenas... 

 

E, para quem duvida, aqui fica a reportagem realizada pela RTP e alguns links...  

 

 

E a menina, design?

Ganhem Vergonha! Menina Design

Menina Design Group, essa empresa de sonho!