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Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Um mês (ou quase) de Madrid.

Madrid é, por estes tempos e até ao início de Agosto, a minha nova cidade. Por razões profissionais, durante cerca de quatro meses, a cidade e capital espanhola será o meu novo lar. Viver e trabalhar nesta cidade é, inevitavelmente, senti-lá pulsar e vibrar com uma energia contagiante que eu acreditava não existir. Do que já lhe conheço, escrevo sobre a riqueza dos seus monumentos onde, em qualquer lugar, se respira um pouco de História, e a valorização dos espaços verdes... El Parque del Retiro é qualquer coisa de marcante e inesquecível, um espaço agradável e acolhedor. Quanto às gentes desta cidade, não posso por agora, apontar defeitos: são pessoas acolhedoras, acessíveis e simpáticas, apesar de nem sempre me entenderem. 

Porém, se existem coisas boas, também os aspectos negativos não podem deixar de ser mencionados neste quase primeiro mês de Madrid: os madrileños (e os espanhóis, em geral) são completamente doidos a conduzir. Consegui, até à data, evitar incontáveis acidentes de viação, e que assim se mantenha até ao fim desta experiência. O preço quase pornográfico de se estacionar na cidade, assim como a falta de estacionamentos não pagos, são outros dos aspectos negativos: uma tarde, entre as 14h30 e as 18h30 pode ultrapassar os 20€. 

Madrid têm-me dado a conhecer mais de um país e de uma cultura que eu sempre admirei e aprecio. Uma experiência que, ao fim de quase um mês, têm-se mostrado gratificante e de crescimento pessoal. 

 

Puerta del Sol

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Parque del Retiro

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Palácio Real

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Plaza Mayor

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Postcrossing,

África do Sul, um campo colorido de cosmos.

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Hong Kong, na China, um postal do local preferido da Delilah, Sidney.

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 Hong Kong (mais um) na China, as sakuras.

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Espanha, o primeiro postal chegou-me desde Córdoba na forma de legado muçulmano no sul espanhol, a Mezquita-Catedral.

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Património da Humanidade, a Mezquita-Catedral de Córdoba é considerada um dos monumentos mais importantes do legado islâmico no ocidente. 

 

Rússia, a poucos quilómetros de Moscovo, a Catedral de Mozhaisk.

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Todos os anos, segundo a Diana, a catedral de Mozhaisk é palco para a recriação da batalha de Borodino, travada pelas tropas de Napoleão, em 1812. 

Onze anos,

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Estação de Atocha, Madrid, Espanha, 11 de Março de 2004. Porque, as marcas do terrorismo não podem nem devem ser esquecidas. Nunca. Os loucos não têm religião, fé, raça ou cor. São loucos. Ponto.

Numa outra vida,

no passado que desconheço, no tempo antes de ser quem sou, devo ter sido espanhola. Espanhola de gema, provavelmente daquelas que nunca saiu de Espanha, mas conheceu o país de uma ponta à outra. Ou, se não fui espanhola no meu passado, naquele que nunca conhecerei, então fui casada com um espanhol. Ou tive uma grande paixão por um espanhol. Qualquer coisa cujo elemento chave é Espanha.

 

Mas, talvez o melhor seja explicar-me...

 

Espanha sempre me fascinou. Adoro-a. Adoro a língua e considero-a extremamente sexy e caliente. Gosto do povo, que considero alegres e divertidos. Gosto do facto de terem reis e princesas; não que considere, em termos políticos, melhor do que aquilo que temos por cá * mas, porque sempre gostei da época de reis, rainhas, príncipes e princesas **. Gosto de ler livros em espanhol, de assistir a séries e de não ter legendas nos filmes, mas dobragens para a língua. Gosto dos pontos de exclamação e interrogação ao contrário e no início de cada frase, do España com aquele ñ e de as palavras ou apelidos não terminarem com M, mas com N. Gosto, embora saiba e conheça as instabilidades territoriais, das enormes diversidades espanholas. Gosto das músicas e de como, até as mais tristes letras, parecem alegres. Sempre gostei e, na verdade, nem sei exactamente explicar o porquê. 

 

E, gosto do Cristiano Ronaldo a falar portuñol... embora, nem eu seja melhor do que ele porque, apesar de tudo, misturo tudo e às vezes nem me entendo no meu próprio portuñol!

 

Quando era miúda, torcia sempre pela Espanha. Ou melhor, fosse qual fosse a disputa, por futebol ou festivais de música, por exemplo, o meu desejo era sempre o mesmo: se Portugal não ganhar, espero que seja a Espanha a vencer. Era o meu desejo, o nosso, meu e o do meu irmão. E, já na universidade, quando quis fazer erasmus e a falta de dinheiro não me permitiu, a minha escolha foi para aquele país.

 

Quiçá, na verdade, este sintoma espanhol se explique pela proximidade e nascimento. Da janela do meu quarto posso olhar Galiza de Espanha e, em meros quilómetros, entrar em solo de nuestros hermanos. Ou, pelo nascimento, porque nasci no outro lado do Oceano, para onde tantos portugueses outrora emigraram e se fala espanhol. Ou, o mais provável é nada disto explicar o meu fascínio... Itália é outro dos meus fascínios mas, invariavelmente, em menor percentagem. Adoro o país onde nasci. Quero, um dia, quando o louco desaparecer e a violência deixar de ser rainha, conhecer o país que me viu nascer e que tão pequenina abandonei ***. Amo o país em que cresci a partir dos seis anos, Portugal, e sinto-me tão ou mais portuguesa do que quem por cá nasceu...

 

Mas, existe qualquer coisa que me apaixona e me faz vibrar com Espanha. Não sei o que é, nem tão pouco explicar mas, provavelmente, noutra vida, fui espanhola... ou, na viagem da vida, a próxima paragem seja por terras de Cervantes. 

 

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* (mas, em verdade se escreva, Felipe e Letízia são muito melhor, dinâmicos e jovens, do que as múmias de Belém em que, ele e ela, conseguem ser mais chatos e aborrecidos, sempre com o mesmo ar enfadonho, do que alguns idosos que conheço... e esperemos que ninguém me processe por isto)

** (e não me peçam para explicar, já remonta aos livros de História e são das personagens, para lá das revoluções e guerras, que mais amor me despertam)

*** (dois mais dois são quatro e certamente que já descobriram qual o meu país de nascimento... ahahah!)