Não é a primeira vez que escrevo sobre este tema mas preciso de o voltar a fazer porque, quem sabe, não consensualize alguém desse lado do ecrã ou simplesmente porque é algo que me revolta e irrita profundamente.
Candidatei-me, recentemente, a uma vaga para a área de Recursos Humanos e à qual, mais uma vez, não fui aceite. Não sendo licenciada na área dos Recursos Humanos, a minha área de formação não me desqualificava para a vaga a que me candidatava e, embora nunca tenha trabalhado quer na minha quer naquela à qual apresentei CV, realizei estágios de três meses em ambas, o que me dá alguma noção sobre as duas. Bem sei que os Recursos Humanos são muito mais do que seleccionar e recrutar, entrevistar e realizar processamentos de salários, são necessários outros conhecimentos que nem a minha formação académica nem a minha experiência profissional traduzem mas se a oportunidade nunca surgir dificilmente conseguirei envergar pela área... Irrita-me saber que passei os meus últimos sete anos a tentar candidatar-me a vagas de estágio/emprego na minha área ou similares, como os Recursos Humanos, e jamais me tenha sido dada a oportunidade de mostrar quem sou e o que valho. Como é que alguém pode dizer se possui ou não o perfil indicado para a vaga se aquela pessoa nunca teve a oportunidade de aprender e viver aquela profissão? Ou, como quando se exige experiência para uma vaga que deveria ser de aprendizagem, como é o caso dos estágio... e eu só precisava da oportunidade e de alguém que me ensinasse e me deixasse aprender.
Recordo-me da técnica de Recursos Humanos com quem realizei estágio: ela não tinha qualquer formação académica, possuía o 12.º ano e, no entanto, os mais de dez anos em que trabalhava na área e o primeiro emprego nos Ctt davam-lhe o poder que eu ou qualquer outro candidato não possuíamos... mesmo com licenciatura ou mestrado. E tudo porque alguém, no passado, acreditou que ela tinha competências para fazer aquilo ou simplesmente porque o diploma não lhe era exigido. Parece que, hoje em dia, quem recruta se esquece de que também eles começaram do zero, entre erros e tentativas, porque alguém acreditou neles.
Os sete anos que separam o fim do meu mestrado do presente talvez sejam o indicador de que chegou a altura de pensar em mudar: em, quem sabe, estudar novamente noutra qualquer área ou simplesmente desistir de continuar a tentar. Já não tenho idade para as incertezas de um estágio e parece que as empresas cada vez menos querem ensinar quem nunca teve oportunidade de aprender.