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Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Casa de doidos, prédio maluco.

A minha mãe, ao ver-me chegar com dois novos livros, diz-me mais ou menos isto*:

 

Oh filha, e arranjar um namorado, não?! Com vinte e seis anos já era altura.

 

Eu suspiro e conto mentalmente até dez, ponderando uma resposta. Porém, a minha irmã antecipa-se e, do sofá onde vê televisão, responde:

 

A mana, com aquele mau feitio e sempre agarrada aos livros dificilmente volta a arranja um namorado.

 

O meu irmão, para demonstrar o ar da sua graça, diz:

 

Ela vai-se casar com os livros...

 

Eu limito-me a gritar - um estridente ahahahah -, a minha mãe berra e diz que pareço uma doida, a irmã rir-se qual maluca, o irmão diz que não pareço mas que, efectivamente, sou doida e eu, depois de me calar, respondo:

 

Bolas! Como é que eu não vou ficar doida quando criticam a minha paixão por livros?! Eu também não vos critico por gastarem dinheiro lá no sporting nem em roupa. Irra, vocês...

 

E não cheguei a terminar o meu pensamento porque, do nada, ouve-se a voz grossa e elevada do nosso vizinho...

 

Oh paaiiiiii!!!

 

Escusado será dizer que a conversa terminou aqui, com os quatros às gargalhadas. Uma casa de doidos, um prédio de malucos.

 

 

* (vou tentar reproduzir a conversa o mais fielmente possível)

**(o prédio é de construção antiga e, portanto, os isolamentos péssimos. ou seja, volta e meia, ouve-se o berro de alguém para lá da parede ou, inclusive, o som de um prato a cair. é certo que eles também ouviram as nossas gargalhadas...)

Conversas em família.

Quando, ao chegar a casa, a minha mãe me vê a arrumar os novos livros na estante, o diálogo que se produziu foi mais ou menos este:

 

- Mais livros?! Mas tu não achas que andas a ler demais?!

- Não. Até são poucos... três. E foi o papá quem me deu; estavam em promoção no pingo doce.

- Mas isso até te faz mal à vista! Tu andas louca com os livros!

- Deixa lá, a vista é minha... e mais vale ler do que andar noutro género de vida. Imagina que em vez de gastar o dinheiro em livros, optava por drogas e álcool?! Hum?! Como é que era mãezinha?!

- Mas... oh... esquece! Nem vale a pena argumentar que tu tens sempre a resposta na ponta da língua!

 

E, assim se dá a volta à mamã... se ela quisesse, ainda agora debatíamos o tema. Sou do género refilona, sempre de resposta pronta, nunca me calo... em resumo, e como dizem cá por casa, tenho mau feitio.

 

 

 

* (e, sim, eu trato os meus pais por mamã, papá e papas; força de um hábito que herdei do país onde nasci)