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Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Dito pela minha irmã adolescente.

Oh mana, se comprares tinta dos chineses consegues pintar o teu carro todo?

 

Aquilo que mais admiro na minha irmã adolescente é a inocência e o impulso com que diz as coisas. Como se tudo na vida fosse tão simples como entrar numa loja de chineses. 

Aos 25 descobri que devo ter qualquer coisa de Madre Teresa.

Aos 25 (quase 26) descobri que devo ter qualquer coisa em mim de Madre Teresa de Calcutá.

Sempre me perguntaram como é que eu tinha paciência e capacidade de aturar certas coisas e pessoas, como é que mantinha a calma para não desatar aos berros na primeira oportunidade ou a dizer à alminha que me pedia ajuda que, como se diz aqui pelo Norte, 'desemerda-te'. Confesso que, nem eu mesma sei onde vou buscar essa capacidade. Mediante as situações, raramente expludo e, quando acontece, os alvos da minha descarga são familiares (nada que não passe rapidamente).

Mas, esta alminha, está a pedir uma resposta do género,

 

Filha, arranja-te. Eu também já passei por isso e fiz sozinha os meus trabalhos, sem qualquer apoio. S-O-Z-I-N-H-A!

 

Resumidamente, desde segunda-feira, tenho uma miúda que nunca vi, embora tenhamos frequentado o mesmo curso, a moer-me a paciência. Pede-me ajuda com trabalhos, pede-me outros trabalhos, pergunta-me sobre estágios e opções. E eu, que sou um coração mole, vou-lhe respondendo: envio-lhe o que fiz no passado, dou-lhe indicações para melhorar e coloco a minha criatividade ao seu dispor para lhe sugerir como fazer a apresentação. Desliguei, hoje, inclusive o chat do facebook para evitar cair na tentação de ficar até às duas da manhã a ajudar mas, mesmo assim, não resisti... enquanto escrevo, estou a falar com ela. Fazer-me o quê?

A forma mais rápida e eficaz de me irritarem...

...ou provavelmente, de me insultarem, é dizerem que sou do partido A ou B. 

Hoje, à conversa com uma amiga, discutimos um pouco de tudo: desde a crise económica à imigração, desde a política aos homossexuais. Argumentamos, debatemos, analisamos os diferentes pontos de vista. Porém, a dada altura, quando falamos sobre a homossexualidade e co-adopção, ela não vai de modos e diz-me:

 

Mas tu és bloquistas ou quê?!

 

Ah?! A sério?! Porque temos diferentes opiniões sou bloquista?! Como?! 

Clarifiquei-lhe que não sou coisa alguma, nem bloquista nem de esquerda, centro, direita ou coisa que lhe valha. Não me identifico com nenhum partido porque não consigo ser ou ir do oito ao oitenta. 

Não entendeu ou fingiu que não entendeu porque, como quem não quer a coisa e quando julgava a conversa terminada, acrescentou:

 

Um dia ainda te convenço a filiar no meu partido.

 

Ok, vamos lá com calma, que eu não sou assim tão fácil de persuadir. 

Eu faço parte daquela esmagadora maioria de jovens desacreditados políticos. Não tenho orgulho em dizer isto mas não vejo motivo para orgulhosamente dizer que pertenço ao partido X ou Y. Simplesmente não encontro razões nem me consigo identificar com nenhum deles. Tive amigos e colegas de curso de todas as classes políticas, não um nem dois me tentaram convencer sobre as vantagens e benefícios de me filiar num partido político e, no entanto, a única conclusão a que eu cheguei de anos de convivência é simples: todos farinha do mesmo saco. Ponto.