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Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Dos outros... tu não precisas de ser magra.

E, ao ler este texto, chorei... porque a minha linha de pensamento sempre se assemelhou ao descrito naquelas palavras, quando eu for magra. Sempre achei que a vida seria mais fácil quando, um dia, conseguisse emagrecer, quando finalmente entrasse naquelas calças ou naquele vestido. Mas, a verdade é que, por mais dietas e voltas que tomasse para emagrecer, nunca consegui. Um dia, algures no tempo, tomei consciência de que jamais conseguiria ser magra... não porque eu não o quisesse mas, porque de facto, não o fazia por mim, mas pelos outros e, porque sempre me vi assim e nunca, apesar das várias tentativas, me consegui ver realmente magra (é um defeito que tenho... só consigo perceber se um corte de cabelo me fica bem depois de realmente cortar o cabelo). Percebi que, enquanto lutava por emagrecer, deixava escapar a vida pelos dedos, não a vivia com vergonha, fechava-me no meu mundo. Decidi, portanto, lutar e trabalhar a auto-estima, amar-me, respeitar-me e viver... não esperar para quando for magra!

 

Tu Não Precisas de Ser Magra - sobre os quilos a mais e a felicidade

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 Eu juro que não há (absolutamente) nenhum problema em querer estar bonita (...). Não há nada de errado em ir ao ginásio ou em estar insatisfeita com o que quer que seja no seu corpo. Mas há algo de muito errado em condicionar a isso a sua felicidade. Em guarda a vida para "quando tu fores magra". Tu tens que ser feliz agora - a sorrir abertamente enquanto resolves os teus problemas com a aparência, se é que eles existem.

Por isso, prestem atenção - tu podes até ficar magra se achares que vais ser mais feliz assim. Mas não esperes: ama-te agora.

Do excesso de peso e da aceitação.

Não é fácil aceitar aquilo que somos. Uma frase, um momento, uma pessoa ou tudo isto junto e deixamos que sejam os outros a controlar a nossa vida, o modo como nos vemos. Não é fácil aceitar que temos peso excesso de peso ou peso a menos, que temos acne ou outro problema de saúde que marcam o nosso aspecto exterior perante os demais. Nada disto é fácil.

Durante anos tentei lutar contra o excesso de peso e problemas de acne. Anos em que foram os outros quem dominaram a forma como me via ao espelho. Eu sabia que era gorda, com excesso de borbulhas e uns óculos terrivelmente feios. Eu sabia disso e diariamente lutava por ultrapassar. Fiz de tudo para melhorar os dois primeiros, já que sem óculos não podia andar. Dietas, tratamentos, exercícios, cremes. Começa, nunca terminava. Havia sempre um momento, entre o começo e a desistência mais forte que eu. Um comentário, um gesto, algo. Adormecia a chorar. Quis desistir de mim. Estava farta dos comentários alheios, do nunca vais ter um namorado ou és tão feia que custa a olhar. 

Porém, um dia, alguém me disse que antes de tentarmos mudar por alguém temos de mudar por nós... primeiro por mim e nunca pelos comentários destruidores dos demais. Deixei os óculos, passei a usar lentes. Perdi algum peso, não tanto quanto desejava, mas passei a controlar-me melhor e a evitar que a balança ultrapasse os três dígitos. Não resolvi o problema do acne, mas consultei um especialista e notei como o meu rosto se tornou mais limpo de borbulhas... 

No passado evitava a todo o custo ir até a uma praia. Inventava desculpas. Mil e umas. Tinha medo dos olhares, achava que todos me olhavam porque estava ali uma gordinha... olha a gordinha. Sabia que perdia excelente momentos na companhia dos amigos, mas como ultrapassar os complexos? Não é tarefa fácil. Não acontece do dia para a noite. É algo trabalho, dia a dia, semana a semana, ano a ano. A primeira vez, em anos, que voltei a ir à praia, achava que todos me olhavam. Escondia-me. Achava que todos comentavam. Aos poucos e poucos, ultrapassei este e outros receios... Já não sinto necessidade de me esconder num fato de banho terrivelmente feio. No ano anterior, consegui comprar e usar (a medo, confesso) um biquíni; este ano, via internet, comprei um lindíssimo... e não tive tanto medo de ir à praia.

Não é fácil aceitar aquilo que somos. Raramente alguém se apaixona por outra pessoa extremamente magra ou extremamente gorda. Raramente alguém se preocupa primeiro com a beleza interior e só depois a exterior. O primeiro interesse surge pelo lado exterior e, só com o tempo, pelo interior. Mantenho os meus medos. Tenho um medo terrível da solidão e medo que seja o meu peso a mais que me condene...

Não é fácil aceitar como somos. Não existem estratégias ou formas milagrosas de o conseguir. Depende de nós, somente de cada um de nós... lutar, persistir, batalhar e aceitar. Aprender a aceitar que não nascemos com o corpo das divas de Hollywood ou de uma Jennifer-qualquer-coisa e, até mesmo elas, lutaram e trabalharam por ele (é claro que, com tanto dinheiro, o caminho é mais fácil)... ninguém possui um corpo perfeito e ele depende de quem o olha... e, demore o tempo que demorar, aprender a aceitar...

 

A Joanna já se consegue divertir numa praia de biquíni. Eu, para lá caminho. Ando a tentar aprender...

Dos medos, da saudade e da solidão.

Perguntaram-me se tinha namorado e quando o arranjava, que uma jovem como eu à muito que deveria ter um. Perguntaram-me se alguma vez o tive, respondi que sim, um. Perguntaram-me porquê acabamos, respondi que não queria falar sobre o tema. Uma simples pergunta leva a outra e àquela que deveria ser proibida. É sempre assim. Como se chegar aos 26 solteira fosse um crime.

 

 

A verdade sobre mim é esta: nunca tive facilidade em estabelecer novas amizades, sobretudo quando as mesma envolvem o sexo oposto. Não me sinto uma pessoa interessante para se dar a conhecer ou se deixar descobrir. Não me sinto atraente nem bonita. Falta-me confiança, eu sei. Falta-me auto-estima. Falta-me tanta coisa que, aos 26, já não sei como alcançar ou melhorar.

O primeiro beijo chegou com os 21, aquando do primeiro namorado. Terminou poucos meses antes de completar os 23. Uma relação com altos e baixos, com bons e maus momentos, situações marcantes e que nada tinha para dar certo, desde o primeiro dia, mas que insisti em fazer durar. Dizem que o pior cego é aquele que não querer ver e eu deixei-me cegar pelo fascínio e brilho de um primeiro amor, mesmo percebendo que estava longe do que idealizei. A vida é assim, nunca é como a idealizamos. 

O outro lado inegável da verdade é que sinto saudades de uma companhia. Saudades dos abraços, dos beijos, dos passeios de mão dada. Saudades de dormir no peito, de sentir e saber que se preocupavam comigo, dos pequenos momentos. Por mais que o tente negar, sinto falta destes momentos, saudades que só vive com uma pessoa. 

Imaginava os meus 26 distintos da realidade. Uma casa, um trabalho, um namorado. Coisas que achava simples de concretizar. Não consigo imaginar para lá dos meus 26... não consigo imaginar uma casa, um trabalho, um namorado. 

E, como uma verdade leva sempre a mais verdades, a verdade é que tenho medo. No passado, o meu maior medo era o de ficar cega, de não voltar a olhar o arco-íris, o pôr-do-sol ou a chuva de Inverno. Medo de viver no que dizem ser escuridão e de não voltar a ver o rosto dos que mais amo. O medo da cegueira mantém-se, mas compreendia que é possível viver na escuridão das novas cores. Porém, cresceu em mim, um novo medo que, digam o que dizerem, não sei como se consegue viver: o da solidão. Tenho medo que a vida ou o destino (ou seja lá quem for) se tenham esquecido de mim ou me tenham abandonado, como se não tivesse outro remédio que a solidão. Receio de ver que aos demais, a vida ou o destino (ou seja lá quem for) apresenta o amor e me deixa de lado. Sim, porque até para se encontrar alguém é preciso sorte e eu nunca tive sorte nem ao jogo nem ao amor. Tenho um medo enorme à solidão... e acho que não sei viver com ela.

Sonhos até aos 27.

Dizem que o dia do nosso aniversário deve, por um lado, ser de reflexão e, por outro, de celebração (como não tenho amigos na 'santa terra', foi pasado com a família e sozinha).

Eu, desde os 18, que deixei de ter interesse em festejar os aniversários. Em primeiro lugar, porque não vejo qual a lógica de celebrar o caminho para a velhice e responsabilidade. Em segundo, por uma questão pessoal. Por último, porque nunca me identifico com a idade real que o meu cartão de cidadão me dá. Hoje não me sinto com 26, sinto-me como uma menina de 20: algo imatura, cheia de sonhos, que não sabe como os alcançar. Imaginava-me a completar este aniversário com mais vitórias do que realmente tenho; imaginava uma vida diferente aos 26. Agora que os atingi e que vejo que a vida não me deu aquilo que sonhei, não consigo imaginar como será daqui para a frente. Dizem que a idade nos dá a calma necessária para encarar as situações da vida com outra visão; no meu caso, deu-me de presente a ansiedade e o medo de nunca realizar alguns sonhos antes de chegar aos 30. 

 

Dos meus pensamentos neste aniversário, fica a lista para cumprir (ou, tentar cumprir) antes de chegar aos 27 e sem qualquer ordem de importância:

1. Aprender a controlar os meus medos, a ansiedade e parar de culpar o mundo dos meus problemas (às vezes assumo-os, outras vezes responsabilizo meio universo dos meus males). Como é que isso se faz? Não sei, estou a tentar descobrir. Alguém sabe como é que isso se faz?

2. Arranjar um trabalho, um emprego ou seja o que for (isto de andar dependente dos pais dá comigo em louca).

3. Emagrecer uns 10 kg (ou uns 20, se conseguir). É uma tarefa complicada, sobretudo porque sou preguiçosa, mas aos poucos e poucos e se conseguir controlar o primeiro ponto desta lista, talvez consiga atingir.

4. Ver mais séries, filmes e ler mais livros.

5. Reaprender o inglês, treinar o espanhol.

6. Conhecer pessoas interessantes. À 26 anos que batalho sobre este desafio e à 26 anos que ainda não descobri como é que se faz.

7. Abraçar uma causa de voluntariado.

8. Rir às gargalhadas; abraçar alguém especial (faz algum tempo que não sei o que isto é).

9. Escrever. 

10. E, se não for pedir demais, conhecer alguém que seja amigo, companheiro, amante, namorado. 

Estes são os meus desejos a concretizar até aos 27. Excepto nos pontos 4, 5 7 e 9 que praticamente só dependem de mim, não existe um caminho ou uma estratégia a seguir; nem sequer sei por qual deles começar (embora já tenha começado a trabalhar na questão do peso). Talvez deixar-me ir ao sabor dos dias e das pequenas conquistas (que, no meu dia-a-dia, quase não existem). Talvez deixar-me levar.

Sempre acreditei que na vida, nada acontece por mero acaso. Tal como na frase na frase do escritor americano, Richard Bach

Nada acontece por acaso. Não existe a sorte. Há um significado por detrás de cada pequeno acto. Talvez não possa ser visto com clareza imediatamente, mas sê-lo-á antes que passe muito tempo.