Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Fila de espera.

Quem já trabalhou ou trabalha em atendimento ao público sabe que, na maioria das vezes e independentemente da área, a mesma não é fácil. Existe todo o género de clientes, homens e mulheres, que em vez de procurarem simplificar e facilitar quem atende e quem aguarda em fila de espera, parecem preferir implicar com tudo. Creio que, em algumas situações, quem o faz parece esquecer-se que (e evidentemente) paga um serviço e têm todo o direito a exigir o melhor mas encontra-se, acima de tudo, perante um ser humano. Encontramos, do lado de quem serve, uma mulher ou um homem que, independentemente do gosto pela área, não são máquinas das quais seja possível "usar e deitar fora". 

 

Ontem decidi variar e ir almoçar ao Vitaminas da minha zona. A servir, em plena hora de confusão das refeições, uma jovem dividia-se entre pagamentos, preparar saladas e sandes, aquecer sopas e lavar pratos... uma jovem que não deveria ter mais de vinte e cinco anos, sempre de sorriso e simpatia no rosto, apesar dos olhares de desespero dos clientes e dos pedidos de compreensão que a mesma proferia. Nisto, a senhora que estava à minha frente, optou por complicar e implicar, apesar do "bater de pés" e ares de impaciência que eu e os demais clientes lhe lançamos. Quando, finalmente a senhora se deu por satisfeita no pedido e chegou a minha vez de pedir, senti que a moça estava a ponto de colapsar em lágrimas e, para o evitar quando lhe sorri como que a dizer-lhe "mulher mesquinha. esquece-a", a mesma encolheu-me os ombros e retribuiu o sorriso... o mínimo que pude fazer por ela foi despachar-me no pedido e, mentalmente, maldizer a chata da mulher. 

Oikos: a nova forma de comer fruta.

Estou, presentemente e como já o mencionei aqui, a trabalhar em part-time como operadora de loja de uma grande cadeia de hipermercados. É, para lá daquilo que imaginava, um trabalho que estou a gostar muito embora, seja duro e desgastante - sim, mesmo a quatro horas diárias - fisicamente.

 

Quiçá pela hora a que início o trabalho ou talvez porque a secção onde habitualmente me encontro não exija contacto directo com o cliente - na prática, na hora de fazer comprar, todos nós sabemos quais os iogurtes que mais gostamos - a verdade é que ainda não me deparei com as ditas situações típicas, chatas e marcantes do trabalho em contacto com o cliente. Por outro lado, embora integrado num grupo de renome e importância nacional, a verdade é que o supermercado onde trabalho é pequeno e localizado numa vila pacata onde quase todos se conhecem.

 

No entanto, o que me levou a escrever este post não é sobre o trabalho em si mas sobre uma opinião, no mínimo, caricata com que fui confrontada um destes dias.

oiko3.jpg

Portanto, numa manhã, reponha eu aqueles iogurtes gregos da iokos, entretida nos meus pensamentos de reposição, quando uma senhora me questiona...

 

- Menina, bom dia! Olhe não há daqueles iogurtes gregos da marca X? (a marca X é, neste caso, a marca branca do hipermercado)

- Bom dia! Lamento, mas não chegou nada desses iogurtes que a senhora queria. Quiçá esta semana cheguem mais. 

- Oh que chatice e eu queria tanto desses e vocês nunca os têm.

- Pois. Mas, embora não seja a mesma coisa, pode levar destes, da oikos, que até estão em promoção...

- Hum! Menina, olhe, vou mesmo levar uns destes de morango e outro de amora. Sabe, é que se não levar iogurtes assim destes, de fruta, os meus filhos não comem fruta nenhuma... é a única forma de comerem fruta!

- Ah, compreendo!

 

Desconfio que, por vezes, o meu cérebro paralisa com os frios dos expositores de iogurtes e câmaras frigorificas dos ditos... aquilo não fazia qualquer sentido e, no entanto, limitei-me a concordar e a pensar em forma original de comer fruta. Enfim... as coisas que se aprenderem como repositora!

Dois meses de operadora de loja.

Fiz, recentemente, dois meses de trabalho como operadora de loja numa grande cadeia de hipermercado da nossa praça. Não interessa qual e, aliás, como já devem ter percebido por este post. É um emprego a part-time, quatro horas diárias, onde a reposição e a gestão dos produtos são as minhas principais funções. Não sendo o meu primeiro emprego é, no entanto, um trabalho que abraço com satisfação e alegria. Confesso que, contrariamente ao que julgava inicialmente, gosto do que faço e, talvez pelo horário que realizo ou pela secção onde estou, tenho-me escapado de clientes chatos ou embirrentos. Quando se dirigem a mim é, habitualmente, para me questionarem sobre um produto qualquer que não encontraram... 

 

Longe de ser o meu emprego de sonho ou próximo das minhas habilitações literárias, a verdade é que a experiência abriu-me a esperança e embora acordar cedo seja um tormento, não me custa tanto porque é para algo que gosto. Como em qualquer local onde o número de trabalhadores seja elevado, existem intrigas e conversas paralelas que, maioritariamente, me passam ao lado ou simplesmente evito. A minha chefe desconfio eu, aparentemente, não vai muito à bola comigo e receio que possa colocar alguns entraves à possibilidade de progredir no trabalho. Enfim, pequenas coisas que, apesar de tudo, não estragam o sentimento que tenho pelo trabalho que faço. Por outro lado, admito que aqueles cinco minutos de conversa com alguns colegas resultam como uma terapia... 

 

HotSiteImage.jpg 

 

É, confesso, desgastante... sobretudo quando não temos colegas com quem dividir o trabalho. Opostamente ao que se julga, o trabalho de reposição não é tão simples quanto pareça: a responsabilidade pelas validades, o controlo dos preços e campanhas promocionais, bem como a máxima reposição dos produtos nos expositores é, resumidamente, tarefa rotineira e cansativa. E opto por não mencionar as tarefas em armazém. Há dias em que, apesar das quatro horas, sinto-me como que atropelada por um comboio... e ainda nem chegamos ao Verão que, segundo dizem, são os piores.

 

Não é o meu primeiro trabalho nem tão pouco o primeiro em contacto com o público. Mas, de entre os vários que já fiz, é provavelmente o que mais tenho gostado e aprendido. É uma constante aprendizagem: as responsabilidades inerentes à função, o contacto com os colegas, o relacionamento com as chefias, o apoio ao cliente. Acredito que já aprendi muito e sinto que cresço um pouco mais, a cada dia que passa... apesar das coisas menos boas resultantes deste trabalho, como dedicar-me menos à escrita e à leitura. Admito que adorava manter-me por aqui e, quem sabe, realizar um horário completo de oito horas...