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Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

No caminho de regresso a casa,

depois de mais um dia de trabalho, qual não é o meu espanto e surpresa ao passar por um casal de idosos que passeava o seu cachorrinho num carrinho semelhante ao dos bebés. Tratando-se de um casal de idade avançada, compreendo o uso do carrinho, uma vez que os cães, mesmo os mais pequenos, são algo travessos e dados para a brincadeira, o que poderia originar problemas sérios, como uma queda. Admito, no entanto, que me senti algo chocada com a quantidade de novas invenções e formas de consumo em torno dos cães... e, claro, com a ideia de enfiar o pobre do animal num espaço fechado em vez do tradicional uso de coleira sem possibilidade de se movimentar ou cheirar. 

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Resumindo... modernices de uma sociedade extremamente consumista.

Cães, bichos de quatro patas.

(um post capaz de ferir as susceptibilidades dos amantes de cães)


Nunca gostei muito de cães. Nunca tive o sonho de adoptar um cão para animal de estimação. Nunca os achei animais queridos, companheiros ou dóceis, antes pelo contrário... Quando era miúda, entrava em pânico e chorava sempre que um cão me ladrava ou escondia-me junto do meu pai, pedinchando por colo sempre que algum se aproximava de mim para me cheirar. Tinha dez anos quando vi o meu irmão ser atacado pelo cão do meu avô. E, pouco mais de vinte e cinco quando abri instintivamente um guarda-chuva para evitar a aproximação de um cão louco (possivelmente abandonado) e cujos relatos indicavam já ter atacado crianças e adultos. Porém, apesar de não ter o maior amor pelas quatro patas e de os evitar a qualquer custo, a verdade é que, no passado, tive como companheiros de brincadeira um rapaz e o seu cão - o amarelo, como lhe apelidava pela cor do pêlo e em quem eu, ingenuamente, depositava total esperanças de fazer com que o bicho caminhasse em duas patas. Aprendi, com o tempo e paciência de quem ama animais peludos de quatro patas, a evitar sentir medo e pânico sempre que um cão se aproxima para me cheirar pois que o medo assusta-os. E, apesar de tudo os meus medos, quando num dia tórrido de Verão me cruzei, ao sair de casa, com um cão de olhar perdido e a necessitar urgentemente de água, não hesitei em dar-lhe de beber, deixando-lhe água num recipiente. Não gostar e ter medo de cães, todavia, não se interligam obrigatoriamente com a vontade de lhe fazer mal. É, parvamente, um erro que aqueles que dizem gostar de cães cometem e demonstram incapacidade em compreender que todos somos distintos... eu não gosto de cães, como não gosto dos donos que os abandonam, nem gosto de ver os ditos amigos do ser humano nas ruas sozinhos e de olhar perdido. 

 

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Certa tarde, vinha eu carregada com os sacos de compras do supermercado para casa quando, sem saber de onde, vejo um cão a correr na minha direcção, a ladrar loucamente e sem ninguém por perto. O cão não era grande mas, para mim, o mais pequeno e (aparentemente) inofensivo cão enche-me de medo e pânico. O meu instinto, tal como me ensinará o meu amigo, foi engolir o medo, e na impossibilidade de mudar de passeio, seguir o meu caminho como se não tivesse um cão a ladrar a meia dúzia de passos. O bicho de pêlo preto estudou-me com olhar atento e, quando nos começámos a aproximar, camuflei os receios e deixo-o cheirar-me, afastando-lhe instintivamente as mãos (e não me perguntem o porquê). Segundos depois, considerando que o animal estaria satisfeito, retomei o meu caminho... engano meu, ladrou e correu novamente na minha direcção. Por esta altura já a dona tinha aparecido, uma quarentona bem apresentada (toda boazona ou tiazinha como diria uma colega do café), cigarro numa mão e coleira do bicho na outra, apresando-se a chamar o cão que orelhas de surdo lhe faz. Pressentindo o meu medo, a dona do animal disse-me que não tinha porque ter medo, que o animal (não me recordo, apesar de inúmeras vezes o ter chamado, do nome do cão) era extremamente meigo e bastava fazer-lhe uma festa. A medo, depois de deixar os sacos no chão, fiz-lhe umas festas na cabeça e dispus-me a retomar o meu caminho. Nisto, a dita perguntou-me se tinha cães ou gatos em casa porque o animal não era daquele género de demonstrações a desconhecidos e eu, ingenuamente, respondi-lhe que não gostava e tinha medo a cães embora gostasse de gatos. Erro. Enorme erro. O que fui eu dizer! A quarentona, do alto dos seus saltos altos, fica claramente ofendia por eu não gostar de cães, deixando escapar uma exclamação de profundo horror entre dentes e responde-me o cliché esperado:

 

Os cães são melhores companhias do que algumas pessoas... são sinceros e verdadeiros, contrariamente algumas pessoas.

 

Quis responder-lhe à boa maneira minhota, um sonoro e feio vá-se f**** mas, limitei-me a responder-lhe: 

 

Admito que não gosto de cães e não embarco na moda de amar cães falsamente. Não ando a fingir amor e a passear-me nas ruas com um cão para amigos verem, e depois, quando a moda passar, os deixar ao abandono na rua.

 

Apelida-me de mal-educada e outros blablabla, claramente à espera de armar uma enorme discussão e eu, porque tinha mais do que fazer e virando-lhe as costas para não desatar à asneirada, digo-lhe que ainda bem que não somos todos obrigados a gostar do amarelo... tadinho do preto, se todos gostássemos do amarelo! Não ando, no fundo, por aí a falar aos sete ventos que não gosto de cães, disfarço-o, mas também não saiu-o por aí a fingir-me apaixonada pelos bichos peludos de quatro patas só para agradar... se eu não fico ofendida por gostarem de cães, porque raio é que ficam ofendidos por eu não gostar deles? Há, igualmente, muito boa gente que não gosta nem aprecia gatos e, todavia, eu que lhes acho piada e os adoro, não fico ofendida... ou, como diz o meu irmão oh mania das modas

 

 

Sobre o não gostar de cães.

Não gosto e tenho medo a cães. Mas, o facto de não gostar e de lhes ter medo, não significa que os deseje ver exterminados da fase da terra. E é isto que as pessoas, quando me recuso a fazer uma festa num animal de quatro patas, não entende... vejo o choque e o horror estampado na cara das pessoas quando digo que não gosto de cães, como se tivesse acabado de assassinar alguém ao virar da esquina.

 

Não gosto, mesmo aos mais pequenitos, porque não os acho assim tão carinhosos como dizem que são. Considero-os extremamente dependentes. Não me sei relacionar com eles. O não gostar, no meu caso, está invariavelmente ligada ao medo. Não gosto do ladrar dos cães nem de quando saltam para cima de mim... é meio caminho andado para começar a entrar num ataque de pânico. 

 

Quando era miúda, tinha eu uns dez anos e o meu irmão oito, numa visita a casa do meu avô, o cão preto de porte médio apanhou o meu irmão, mordendo-o num braço. O animal recebia-nos sempre a ladrar, em enormes pulos que, segundo o meu avô, eram demonstração de felicidade por receber visitas. Mas, para mim, aquilo era tudo menos alegria e, quando naquela tarde, o animal fugiu e ao ver o meu irmão ensanguentado, tive a certeza de que nunca mais iria gostar daqueles animais. Durante muitos anos, mudava de passeio quando via um sozinho ou afastava-me o mais possível deles. Esperava sempre o momento em que me atacassem. A idade e os alertas de um amigo sobre o medo, fizeram-me acalmar e, hoje em dia, embora não mude de passeio, tento afastar-me. Se o cão estiver sozinho, ando em permanente estado de alerta, esperando o momento em que ele me morda. 

 

A experiência traumática de infância ditou os meus sentimentos para com estes animais. E, quando digo que não gosto e tenho medo a cães, para além de ser olhada como uma assassina, não me deixam explicar o porquê... acabo sempre a ouvir que os cães são melhores do que algumas pessoas. Como se eu fosse péssima pessoa por não gostar deles. Não sou hipócrita. Nunca iria dizer que gosto, só para agradar. Não faz parte de mim e do meu feito. Na verdade não duvido que sejam melhores do que algumas pessoas. Certamente são melhores do que aqueles que os abandonam.

 

Sempre convive com cães mas nunca fui pessoa de fazer festas ou de demonstrações idênticas. Certa vez, ao sair do autocarro e vindo sabe-se lá de onde, um pequeno cão começou a farejar-me as pernas, sempre à minha volta, a cheirar-me. Tentei afasta-lo mas o bicho só me largou quando a dona apareceu. Disse-me ela, que o cão nem era de fazer muito aquilo, geralmente era desconfiado porque já o tinham maltratado, mas que se me andava a cheirar é porque sentiu que tinha um animal em casa. Respondi-lhe que não, nem cão nem gato e que tinha medo a cães. Ela sorriu-me e disse-me que deveria ser boa pessoa porque o cão dela raramente fazia aquilo, muito menos a uma desconhecida. Retribui o sorriso e segui caminho.

 

No ano passado, um cão cor de mel apareceu-me do local do trabalho do meu pai quando estava a sair. Assustei-me quando o vi, ainda o tentei enxotar com as mãos mas, por qualquer motivo, o bicho olhou-me com um ar tão tristonho e acabei por lhe dar um pouco de água. Tentei, a medo, perceber se tinha coleira quando me apareceu um GNR. Contei-lhe que lhe tinha dado água e que achava que o animal tinha sido abandonado, tendo ele ficado com ele e garantindo-me que o iria enviar para o canil da vila enquanto investigavam. Senti pena dele, do cão e, por momentos, ainda pensei em ficar com ele, coisa que nunca aconteceria porque moro num apartamento e não considero que seja o melhor sítio para os ter. Foi a primeira vez que senti o medo a fugir-me, o não gostar a transformar-se.

 

Aqui, na vila onde moro, a GNR foi chamada a um apartamento porque o cão da família fazia as necessidades no terraço de casa que, que não sendo muito grande, o obriga a aliviar-se em cima de quem passa na rua. O animal, segundo dizem, passa os dias sozinho e a família opta por o colocar na varanda e, desta forma, não estragar nada em casa. Não senti pena da família, embora a conheça, mas sim do animal. Quem quer ter um animal, precisa de lhe dedicar tempo e espaço, de lhe ensinar e saber que irão (certamente) estragar alguma coisa em casa. É básico. Mas, por qualquer motivo, parece também ser uma moda ter animais de companhia... mesmo sem as mínimas condições para os ter. E, depois, quando chegam as férias, é vê-los às matilhas vagueando pelas ruas. Animal - seja cão, gato, periquito ou coelho -, deve ser tratado como um membro da família, sociabilizado e educado, dedicando-lhe tempo, atenção e espaço e, tal como não abandonamos um filho ou filha, não abandonar um animal. Simples. 

 

Quem não gosta de cães, tal como eu, não significa que deseje cometer um massacre em massa contra tudo o que seja canino. Não gostar nada têm que ver com o desejo de os exterminar ou que os bichos nunca deveriam ter nascido. É simplesmente não gostar e cada um sabe dos seus motivos. Não confundam o não gostar com o ódio a cães, em que volta e meia, algum idiota demente e atrasado se dedica a fazer-lhes mal para puro divertimento. Uma coisa é não gostar, outra completamente diferente é ouvir alguém dizer que odeia animais - e eu já ouvi, por isso não é tão invulgar como julgam. É o mesmo que dizermos que todos os muçulmanos são terroristas ou que todas as feministas são lésbicas ou que todos os benfiquistas anda para aí a cantar aos sete ventos very-light 97 - numa alusão à morte de um adepto sportinguista, num derby entre os dois clubes, em 1997. Por favor, não coloquemos todos no mesmo saco. E bato palmas à criminalização do abandono de animais e ódio, só mesmo a quem os deixa na rua...

 

O mundo aceita facilmente o medo como justificação. Porém, aos donos de cães e não só, da próxima vez que alguém dizer que não gosta de cães, não olhem para nós como se fossemos alliens ou assassinos ou terroristas a planear o fim de todos os cães. Não somos. Somos pessoas normais, com gostos e preferência, tal como há quem adoro chocolates e há aquelas que não gostam. 

 

Prefiro gatos mas, no dia de amanhã, quando morar sozinha, sei lá o que me reserva o futuro...

 

* (para o Bunny, a Saphira e o Speedy, gosto de vocês, mas assim, longe... nem é nada contra vocês em particular, mas eu é que, pronto, não me relaciono lá muito bem. Bunny e Saphira, os cães da Magda e o Speedy da Sofia Margarida.) 

Pandas,

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adoro a estes animais.

Provavelmente, os animais mais fofos de sempre (perdoem-me os apaixonados por cães, golfinhos, cavalos ou outros animais queriduchos) depois dos gatos. Adoro gatos e acho os pandas animais extremamente amorosos. Em menina, um panda gigante era, para mim e para o meu irmão, o peluche preferido das nossas brincadeiras (e principal motivo das turras). Depois de ver este vídeo, fiquei com a certeza de que amaria lidar com estes animais, tocar e brincar com eles.

É pena que, tal como tantos outros animais, como o lince ibérico ou o koala (animais que acho lindos), também os pandas estejam em risco de extinção. Será que, algum dia, seremos capazes de conviver lado a lado com outros animais sem que a ganância (ou seja lá o que for que nos leva a matar) nos suba à cabeça? Simplesmente, deixar de matar só porque sim (eu bem sei que existem mil e um motivos, mas enfim...)...