O ano de dois mil e quinze está quase, quase, quase a terminar... pouco mais de meio mês para alterarmos a forma como escrevemos o último número das datas. Foi um ano recheado de leituras diversas e altos e baixos literários. O ano ainda não terminou mas o meu top seis de desilusões literárias de dois mil e quinze já está definido, e dificilmente sofrerá alterações...
Ler também é isto: descobrir que nem sempre nos identificamos com um livro. Cada livro possui vida própria, uma alma sentida através das personagens e, por vezes, por motivos distintos não nos identificamos com aquelas páginas, aquela escrita, aquelas histórias que outros leitores gostaram ou adoraram. Ler é isto mesmo: uma experiência de altos e baixos, com o qual nem sempre nos identificamos.
Top Seis das Minhas Desilusões Literárias de Dois Mil e Quinze
| Comecei a ler mas não consegui terminar...
O Circo dos Sonhos de Erin Morgenstern foi um dos poucos livros da minha estante que me enfeitiçou pela capa extraordinariamente bela (e, se algum dia tiverem oportunidade de ter este livro na mão, vejam a beleza das páginas interiores). A sinopse cativou-me mas, na verdade, o que me levou a comprar este livro, numa promoção da note.It, foi a beleza e simplicidade da capa. Conquistou-me. É uma das capas mais bonitas da minha estante, uma das minhas preferidas. Porém, os livros não se fazem de capas e, para mim, este livro tornou-se a minha primeira desilusão do ano. Li metade do livro, persisti e insisti na sua leitura arrastando-o durante vários meses, mas a verdade é que não consegui entrar na história. A escrita não é complexa mas desenvolve-se numa acção lenta - na minha opinião, extremamente lenta -, envolvendo diversas personagens. Encontro opiniões muito positivas a este livro em blogues ou canais de youtube... infelizmente eu não gostei. Quem sabe, um dia, consiga ler este livro... eu não perdi a esperança de, no futuro, ler e - porque não - até gostar deste Circo dos Sonhos.
O Retrato da Mãe de Hitler de Domingos Amaral foi um livro penoso de ler... quando dei por mim, estava a fazer uma leitura vertical da história, saltando partes que não me interessavam. Eu já tinha lido Domingos Amaral em Quando Lisboa Tremeu e gostei muito da escrita, das personagens e da história. Mas, neste retrato literário não consegui afeiçoar-me a nenhuma das personagens. Abandonei o livro quando faltavam umas cem a cento e cinquenta páginas do seu fim. Queria mesmo muito gostar deste livro e tinha tudo para ser uma bom história: a posição de Salazar e de Portugal aquando do final da II Guerra Mundial, a fuga dos criminosos nazis, as relíquias materiais de Hitler. No entanto, as conversas entre avô e neto sobre as aventuras sexuais do primeiro - como é que o senhor, em idade tão avançada, consegue lembrar-se de pequenos detalhes sexuais? - tornaram-se tema principal do livro, remetendo a fuga do nazi que consigo transportava o retrato da mãe de Hitler e outras relíquias para segundo plano.
Bala Santa de Luís Miguel Rocha ou, se tivesse começado por este livro, nunca mais teria lido nada deste autor... ou talvez não. A verdade é que, em dois mil e catorze, tinha lido A Filha do Papa e adorei. A escrita, apesar da temática religiosa, era simples mas cativante, facilmente nos deixávamos seduzir pelas personagens. Bala Santa, onde Rocha expõem a tese de atentado perpetrado pela CIA, e outras agências secretas, ao Papa João Paulo II, considerei-a com ritmo lento e escrita excessivamente cuidada. Se este tivesse sido o meu primeiro livro do falecido escritor portuense, certamente que seria o último... e, na minha estante, ainda conto ler O Último Papa e A Mentira Sagrada.
A Rapariga Que Inventou Um Sonho de Haruki Murakami, leitura que abandonei nas primeiras páginas. Oiço falar maravilhas deste senhor - a Magda adorou-o e aconselhou-me a ler este livro - mas, confesso, considero a escrita demasiado complexa e exigente. É um livro que exige tempo e reflexão por forma a descobrir o significado de cada conto. Sim, este é um livro de contos. Talvez por se tratar de um livro de contos, talvez porque simplesmente não era a altura indicada, talvez porque comecei a ler Murakami pelo livro errado, a verdade é que este é uma das minhas desilusões de dois mil e quinze. Diz-se que Haruki Murakami é um daqueles autores de oito ou oitenta, ou seja, ou se gosta ou não se gosta, sem meios termos... e eu, sinceramente, não gostei.
| Li até à última folha mas não gostei...
A Profecia de Istambul de Alberto S. Santos. Li as mais de quatrocentas páginas deste livro na expectativa de me apaixonar pela história mas, por fim, nas últimas páginas descobri que tal não iria acontecer. É daqueles livros cuja história não recordo, apesar de o ter lido durante o mês passado. Alberto S. Santos não me era estranho. Li, em dois mil e três, O Segredo de Compostela e adorei... uma história que ainda hoje recordo. Conhecia a sua escrita cuidada e trabalhada. Mas, tal como o livro que encerra a lista, simplesmente não gostei da história. Um dia quero ler A Escrava de Córdova...
A Solidão dos Números Primos de Paolo Giordano. Não gostei, simplesmente, deste livro. Não existe um motivo... achei-o lento, triste, penoso. Li-o mas, sei lá, olhem, não encaixei com a história.