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Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Seis pequenos troques para quem quer ler mais.

Sempre, desde menina, me recordo de ter por companhia um livro. Fez-me companhia nos piores e melhores momentos da minha infância e adolescência porém, confesso, o vício sofreu altos e baixos. O bichinho da leitura, apesar da importância que assumiu em determinadas fases da minha vida, não foi sempre igual: existiram longos anos em que raramente lia e, outros, em que não os largava; resumia-se, em parte, à forma como eu vivia os sentimentos, aos amigos e à escola e, noutra, à quantidade de dinheiro que recebia e às prioridades da idade. No entanto, desde à uns dois ou três anos para cá, o vício dos livros renasceu em força. Não é que eu, nos anos de faculdade, não lê-se, porque li imenso, mas o prazer era outro, distinto.

 

Na era em que o vício dos livros se apoderou de mim, vivia uma fase delicada da minha vida e foi neles, para lá de alguns amigos, que encontrei conforto e refúgio, um medicamento para a dor de alma que sentia. A coisa poderia ter finalizado quando, a bem ou a mal, acabei por ultrapassar tal período marcante da minha vida... mas, o que é certo é que o bichinho, anos depois, se tornou uma espécie de droga à qual não consigo evitar. Faz parte de mim e, sem ele, dificilmente a vida teria a mesma cor. 

 

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Não existe nenhum método para se ler... basta, simplesmente, ler. Existem pequenos troques que estimulam a leitura e fomentam o bichinho. Em mim, esses troques pouco significam visto que sempre li mas, acredito que para quem nunca lhe sentiu o gosto pela leitura, seja necessário optar por encontrar-los. Não acredito, ainda assim, que alguém não goste verdadeiramente de ler... simplesmente ainda não acharam um livro que os estimule.

 

Não existe uma regra para se ler mais, embora se possam adoptar pequenos troques e baseados na minha experiência deixo algumas sugestões, como...

 

| Estabelecer capítulos ou número de páginas para mínimos diários.

Procuro, sempre, ler pelo menos um a dois capítulos por dia (embora, seja menina para ler bem mais por dia). Para quem não possui o hábito regular de ler, está pequena regra será um verdadeiro estímulo. Um capítulo por dia - ou dez páginas de leitura - nem sabe o bem que lhe fazia!

É, definitivamente, a dica mais útil e importante que posso dar...

 

| Escolha um horário.

Gosto de ler pela manhã, quando ainda me encontro fresca, ou ao final do dia, para relaxar e esquecer-me do mundo. Cada um deve, no entanto, optar por um horário adequando para cumprir os mínimos diários estabelecidos. Aproveite a viagem de comboio ou, se não enjoar, de autocarro. Aproveite a hora do almoço ou a pausa da tarde ou do cigarro. Basta escolher o horário mais adequado a si e ao seu tempo: certamente que na correria dos dias, encontrará um momento de pausa e relaxe... basta querer!

 

| Escolha um local.

Na cama ou na sala, no jardim ou no comboio, defina o melhor local para ler. Pessoalmente, adoro ler na cama... estendo-me nela, barriga para baixo, apoiada numa almofada e leio, leio, leio. Leio quase sempre acompanhada com música. Por exemplo, embora já o consiga, durante anos estudar ou ler num café era um verdadeiro tormento, desconcentrava-me com facilidade. É importante ler num local que gostemos, que nos permita relaxar e viajar pelo universo da leitura... ler onde haja televisão ou qualquer outra fonte de distracção não será, de todo, conveniente. 

 

| Aproveite as promoções e campanhas.

Ler em Portugal é caro. Impus, por isso, a mim mesma só comprar livros em segunda mão ou em campanhas/promoções que considere benéficas. Procuro sempre comprar livros abaixo dos 10€. Acredito que seja uma dica útil porque, em cada campanha ou promoção, é possível encontrar livros excelentes e do interesse de todos a preços bastante acessíveis. Portanto, não ler porque é caro não pode ser a desculpa...

 

| Leia o que gosta. 

Seja sobre futebol ou religião, a biografia de Karl Marx ou um romance erótico... leia o que gosta. Eu, M*, por exemplo, adoro ler romances, sejam eles bibliográficos (ou seja, baseados/verídicos em histórias reais) ou históricos, bem como livros de cariz religioso ou baseados em temáticas actuais. Não sou fã de literatura do terror, futurista ou ficcional. Leio romances eróticos, se estiver virada para isso...

O primeiro passo é ler as sinopse para ver se realmente nos cativa e, depois, ler alguns trechos do livro, ou vice-versa - por vezes, a sinopse não cativa tanto quanto ler alguns trechos do livro. Não fique com vergonha do que lê... alguns livros são verdadeiramente cómicos.

Estou convencida que ler, independentemente da temática, é preferível a nada ler. 

 

| Se um livro não o cativa...

Um livro, é a minha política, deve ler-me e não eu a ele. Ou seja, para mim, se um livro não me cativar nas primeiras páginas, dificilmente me cativará nas restantes. Não sou eu que tenho de me adaptar ao livro, mas sim o livro a mim (frase da minha professora de português). É pouco frequente acontecer mas... Por exemplo, o livro mais recente que não me cativou minimamente foi O Retrato da Mãe de Hitler: tinha tudo para dar certo mas, aqueles diálogos entre avô e neto de teor sexual não me incentivam a ler. Li mais de metade do livro mas, faz muito tempo que o livro deixou de me cativar e, para mim, não vale a pena insistir num livro que nada me diz. O mesmo se passou com outros livros que procurei ler este ano, como O Circo dos Sonhos ou o Bala Santa. O primeiro, porque é um livro de ritmo e desenvolvimento lento, o segundo e apesar de ter lido mais livros deste autor, a forma como este estava escrito não me prendeu. Se um livro, depois das devidas oportunidades, não cativa... não insista. Simples. Sem dramas.

 

Talvez possa parecer contraditório, porém...

 

É sempre importante oferecer uma ou duas oportunidades a um livro. Nem sempre, por diversos motivos, um livro nos cativa automaticamente às primeiras páginas. Um dos meus livros favoritos, A Sombra do Vento, não me cativou às primeiras cem páginas (creio que nem às duzentas): o ritmo inicial era lento, recheado de detalhes e personagens. Insisti uma vez. Insisti duas. Foi, somente, à terceira tentativa que me consegui prender à história, cativando-me de tal forma que se tornou num dos meus livros preferidos. O mesmo sucedeu com O Segredo de Compostela ou A Bastarda de Istambul. O primeiro tornou-se outro dos meus livros preferidos e o segundo foi uma excelente viagem de aprendizagem, do qual gostei imenso de ler. E, já me esquecia... Não fosse a obrigatoriedade da disciplina (e da rigidez da tal professora de português) e nunca teria conseguido ler e adorar Memorial do Convento - mais um, a par de Ensaio Sobre A Cegueira, livro favorito.

Sobre isto, meus amigos/as, tenho a certeza de que não existe uma formula. Julgo que é uma espécie de sexto sentido literário que, a cada novo livro lido, vamos desenvolvendo...

 

Por outro lado, existem duas pequenas dicas que, reconheço, não se aplicam a todos mas que podem ser úteis: não seguir modas/opiniões extremamente positivas e escrever nos livros.

 

Li, seguindo a moda, o primeiro volume e parte do segundo volume das Sombras de Grey, mas não fiquei fã. Li o Prometo Falhar e detestei. No entanto, a grande fatia dos que leram, adoraram. Não consigo deixar-me influenciar por opiniões extremamente positivas, que elevem os livros da moda ao patamar dos melhores dos últimos tempos. Não consegui, ainda, deixar-me enfeitiçar pelo livro A Rapariga No Comboio. Manias minhas (o melhor é não ligarem)! 

 

Pessoalmente, considero que escrever e sublinhar valoriza um livro. É um gesto de amor, de que gostamos e nos cativou, para com um livro. Por vezes, na nostalgia dos dias, abro O Memorial do Convento e ponho-me a ler as notas que tomei das aulas. Uma lição que jamais esquecerei da tal professora de português...

 

 

Não existe uma formula mágica que nos leve a ler mais... nem um comprimido. Podemos adoptar e introduzir pequenos troques que acabaram por tornar a leitura num gesto banal e rotineiro. Para mim, ler tornou-se nisso mesmo, um gesto simples, banal e rotineiro. É uma parte de mim. 

 

É estranho, porque às vezes eu leio um livro e acho que sou a pessoa do livro.

 

As Vantagens de Ser Invisível

Stephen Chbosky

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