Portugal, um país culturalmente caro.
Um livro, uma ida ao teatro, uma entrada de museu, um bilhete de cinema são, em Portugal, caros e inacessíveis à maioria das carteiras. Portugal é um país culturalmente caro. E, atrevo-me a acrescentar, um país pobre. Uma ida ao teatro, um bilhete de cinema ou um concerto de música clássica não é extensível a todo o país. Quem mora, como eu, numa pequena vila no Norte de Portugal dificilmente, para evitar escrever nunca, o consegue alcançar. A cultura ficasse pelas cidades grandes, Lisboa e Porto. É inacessível à minha carteira e a quem, como eu, mora a vários quilómetros de distancia do Porto.
Portugal é um país culturalmente caro e pobre. Reflexo, provavelmente, do legado da era Salazarista, a cultura continua a ser tida e olhada pela maioria dos governos como uma espécie de parente pobre e afastado, desprezado em relação às restantes áreas, da vida social. Investe-se, incentiva-se, promove-se pouco, quase nada, da área cultural. Um assassinato público à cultura em Portugal.
Os jovens não lêem. Os jovens não vão ao teatro. Os jovens não visitam museus. Os jovens, cada vez menos, assistem a filmes nas grandes salas de cinema. Os jovens, diz-se por aí, são culturalmente pobres. E, pergunto, num país onde se implementam este género de medidas à venda de livros e onde grande parte da cultura se passa nas grandes cidades de Lisboa e Porto, e, ainda assim, a preços astronómicos, querem que sejamos jovens culturalmente ricos, como? Mantenhamos a cultura pobre e cara. Promovam os reality show, futebol e novelas.