Os livros do mês de Março.
O amor é assustador: altera-se, pode desaparecer. Faz parte do risco. Quero deixar de ter medo. Quero ser corajosa...
A Todos Os Rapazes Que Amei é um livro doce, leve e encantador. Lara Jean, a personagem principal, é sonhadora, ingénua e inocente. A todos os rapazes por quem, um dia, se apaixonou, escreveu uma carta, no total de cinco. Filha e irmã do meio de três raparigas, Lara vê-se envolvida numa enorme confusão quando, as cartas que escreveu e guardou numa caixa verde-azulada terminam nas mãos dos rapazes. A aventura de Lara Jean remete-nos para a adolescência e para os primeiros amores, fazendo-nos desejar reviver um amor ingénuo e inocente.
O primeiro livro de Jenny Han está longe de ser uma história inesquecível. Tal como a personagem principal, também eu, em tempos, escrevia cartas de amor como forma de lidar com o fim de uma relação e, foi precisamente a sinopse, mencionando as cartas que Lara vai escrevendo e guardando, quem me despertou a curiosidade. Não tinha grandes expectativas para o livro, apenas curiosidade. A verdade é que, sendo um romance juvenil, é bem-disposto e alegre mas, sem nada de especial a acrescentar. O final é previsível, a família de Lara Jean é absolutamente normal e as personagens encantadoras (até a suposta vilã), ou seja, o livro peca por ausência de surpresa, de algo que o apimente.
Todavia, A Todos Os Rapazes Que Amei é uma leitura que recomendo para intervalos de livros mais pesados ou para quem gosta do género. O livro encontra-se em vias de ser adaptado para cinema e, a sua continuação, P.S. Ainda Te Amo, previsto para o próximo ano.
- Que disparate, não é? - questionou. - Desistir de luxos. Faz-nos sentir sagrados sem o sermos.
Cressie levantou-se e arrastou outro caixote.
- Às vezes fazemos isso, amor. Às vezes escolhemos os nossos sacrifícios.
Nas Asas do Amor, primeiro livro da trilogia Asas de Guerra, de Sarah Sundin, foi um dos livros, até à data, mais difíceis de ler... não pela história ou escrita mas, já lá irei. O livro foi resultado de uma troca que realizei através do um grupo de venda/compra/troca de livros no facebook, tendo considerado a sinopse e o cenário suficientes para me convencerem - o título é piroso e lamechas.
Nas Asas do Amor remete-nos para a Segunda Guerra Mundial, para os preconceitos e deveres femininos da época. Allie é uma jovem tímida, não sabe o que é amar nem sentir-se bonita ou atraente apesar de estar noiva do namorado de à cinco anos. O namoro/noivado é tão triste que, Allie consegue contar o número de beijos trocados nos cinco anos. Allie sabe que nunca será feliz ao lado do futuro marido, embora sonhe com os filhos e o dia em que tal irá mudar mas, sente que é sua obrigação casar-se com ele. Um namoro por conveniência, arranjado. Porém, os sentimentos de Allie alteram-se quando conhece Walt, o filho do meio de três irmãos de um pastor e piloto de guerra. É, com Walt que Allie sonha e deseja viver mas, as obrigações típicas de uma jovem rica obrigam-na a seguir outro destino. Quando Walt regressa ao campo de batalha, os dois começam a trocar cartas de amizade, esperança e fé que, rapidamente se transforma em algo mais.
Mas, porque neste livro existe um mas, apesar de bonita história de amor que os unirá, o livro está repleto de frases religiosas, justificando cada atitude com uma intervenção divina. Sendo agnóstica, o cariz religioso do livro tornou o chato e dramático. Sarah Sundin criou uma história lindíssima de dois jovens ingénuos em busca de um amor verdadeiro mas que, para mim, peca pelo excesso religioso. Admito que, dificilmente irei ler os restantes livros da trilogia.
O que quer que caia do céu, não o deveis amaldiçoar. Isso inclui a chuva.
A Bastarda de Istambul é um livro revelação, uma enorme surpresa e uma viagem pela história de dois países interligados, Turquia e Arménia. Elif Shafak escreve com humor, leva-nos a pensar e a reflectir sobre as acções do passado e como as encaramos no presente: de um lado, arménios que não esquecem o genocídio cometido pelo Império Otomano, embora quase cem anos se tenham passado; do outro, turcos que fingem que tal nunca aconteceu ou, os que o admitem, consideram que nada lhes é devido porque, tal aconteceu antes do nascimento da actual Turquia. Foi, para mim, o melhor livro do mês de Março. Sobre ele, falei aqui.
Sou uma grande sonhadora, sempre fui, os sonhos visitam-me naturalmente. Adoro sonhar.
Vidas Entrelaçadas leva-nos a conhecer a condição dos refugiados judeus húngaros em Inglaterra, na Europa de Hitler. Vivien, a protagonista, é uma apaixonado por livros, sonhadora e ingénua que decide empreender uma viagem à descoberta do passado da família. Os pais, um casal de refugiados oriundos da Hungria, vivem uma vida invisível, sem conhecer quem os rodeia, uma vida monótona e pacata. Um dia, quando Vivien é ainda menina, a vida aborrecida é interrompida com a inesperada visita de um homem bem-vestido e parecido. Diz ser irmão do seu pai, seu tio, mas o pai nega-se a reconhecer, insultando-o e fechando-lhe a porta na cara. Aquele dia nunca será esquecido e, em idade adulta, Vivien decide ir à procura daquele tio desconhecido e compreender os motivos que separam os irmãos.
Linda Grant, finalista do Booker Prize 2008, escreveu uma história surpreendente, cuja escrita prende e cativa, uma enorme surpresa. Comprei-o pelo preço acessível (cinco euros na wook), pela sinopse e porque, na altura, ainda tinha poucos livros para ler. Considerei, igualmente, que seria interessante ler e conhecer mais sobre a Segunda Guerra Mundial de uma outra perspectiva: a dos refugiados. É, assim, uma leitura que recomendo.
A Bastarda de Istambul e Vidas Entrelaçadas são os meus destaques para o mês de Março.