O que me faz viver?
Faz cerca de uma semana que, através do feed de notícias no facebook, soube da partida prematura de um jovem. Não o conhecia mas fiquei chocada. Quando a morte chega excessivamente cedo e sem ser calculada, o coração treme e a alma questiona-se nos motivos. Durante alguns dia, li comentários e diversas reacções ao seu desaparecimento e mexeu, mexeu muito comigo.
Não é de agora que, volta e meia, dou por mim a questionar sobre o sentido da vida... e, confesso, já pensei que estar ou não estar aqui pouca ou nenhuma diferença fazia porque ninguém (ou quase ninguém) daria pela ausência. E, por uma ou duas vezes, julguei que desistir fosse mais fácil do que sobreviver. E, a quem nunca lhe passou este género de pensamentos? Quem?
Mas, quando sou abalada por estes negativos pensamentos, procuro agarrar-me àqueles que me fazem viver... E, o que é que me faz viver?
O que me faz viver é o sol quente numa tarde fria de Inverno. O pisar das folhas secas no Outono e o florir da árvores na Primavera. É o sentir a areia nos pés numa manhã fria e o sentir a chuva fria no rosto... adoro andar à chuva.
O que me faz viver é o sorriso genuíno e verdadeiro de uma criança. É saber que daqui a uns meses conhecerei a menina de uma grande amiga. É saber que ela, a minha grande amiga, amadureceu, cresceu, amou, casou, vive e vai dar à vida uma linda princesinha... e eu estou louca para a conhecer.
O que me faz viver são os livros que ainda não li. Quero descobrir aquele livro que será para sempre o mais importante, o que mudará a minha vida. Dizem que todos nós temos um livro que nos muda para sempre... eu tenho vários que me marcaram, mas ainda não descobri o tal.
O que me faz viver é a música e os filmes que ainda estão por nascer... e, tal como nos livros, quero descobrir o filme que mudará a minha vida, a música que será a da nossa história de amor.
O que me faz viver são as viagens que ainda não vive... e, aquela que será a nossa viagem. Qual será o nosso destino?
O que me faz viver é contribuir com o meu eu para ajudar alguém. São os amigos que ainda irei conhecer... as histórias e aventuras que viveremos.
O que me faz viver é a minha irmã. Vê-la tornar-se numa mulher casmurra e teimosa, mas persistente e batalhadora. São os meus pais, o meu irmão. Pelas lutas que ainda travaram, pelas batalhas que já superaram.
O que me faz viver são as palavras que ainda tenho para escrever. São os vestidos que ainda não tocaram no meu corpo.
O que me faz viver é o meu futuro profissional. Voltarei a ser formadora? Trabalharei na minha área ou em algo similar? É tentar imaginar se, no amanhã próximo, continuarei pelo norte ou rumarei a sul... ou viverei no interior... ou, quiçá no estrangeiro?
O que me faz viver és tu. Imaginar como serás, como nos conheceremos, como seremos juntos. O que me faz viver és tu e o nosso futuro juntos, imaginar-me grávida... e um futuro pela frente. O que me faz viver é sonhar que seremos um do outro até aos 100 anos.
O que me faz viver são as coisas simples e surpreendentes da vida. Uma flor que floresce por entre traves de madeira. O arco-íris depois da tempestade. O som da chuva na janela. Os sonhos que tenho por realizar... e que são tantos.
Confesso, nem sempre é fácil. Às vezes acredito que seria mais fácil desistir do que persistir em sobreviver... e depois penso nisto e em tantas outras coisas que me fazem viver e que, certamente, iria perder se desistisse... e abraço a esperança, esperando que a vida ou o destino (ou Deus ou seja lá quem for que trilha os nossos caminhos) não tenha desistido de mim.
O que me faz viver é não ter coragem de desistir.