Eu tenho um sonho.
Um sonho simples. Eu tenho um sonho. Na verdade, eu não tenho um sonho, tenho vários sonhos. Sonho com o dia em que os rótulos sejam realmente para as coisas e não para as pessoas. Sonho com o dia em que a pessoa que lê não seja apelidada de nerd, croma, anti-social, retardada, chata, aborrecida, convencida, doutorazinha e demais rótulos de quem lê. Sonho com o dia em que ler seja algo tão banal como respirar ou comer. Sonho com o dia em que deixarei de ser avaliada pela capa e título pomposa, cor-de-rosa e lamechas de um livro. Porque, para mim, ler é como dormir (ambos bons demais para escolher), porque não quero esconder os meus livros em capas de pano e porque, simplesmente, adoro ler.
Confronto-me, com regularidade, com frases de outrem que revelam elevados graus de ignorância de quem não lê. Quando estava a ler Segue O Coração de Lesley Pearse somente pelo título, rotularam-no de romance feminista e, a mim, de uma sonhadora romântica tola. E, por mais que explicasse que nunca se deve julgar um livro pela capa ou título e de que, quanto ao livro em causa, ele era dirigido tanto a homens como a mulheres, de pouco ou nada serviu... oh gente limitada.