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Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Dia Vinte. Melhor(es) citação. Diálogo.

Escolher apenas um diálogo como citação favorita é exactamente o mesmo que me pedirem para escolher apenas um livro como favorito... impossível. Não é, não dá, nem quero escolher apenas um diálogo. A escolha não é fácil e, portanto, após reflexão, estudo dos livros onde recordo ter assinalado frases, bem como escritos aqui, eis a minha lista de diálogos favoritos...

 

Anna e o Beijo Francês

Stephanie Perkins 

Ele sorri e apaga a luz. Deitamo-nos e é completamente, totalmente, absolutamente estranho. Como de costume. Vou para a ponta da cama. Ambos estamos hirtos e temos cuidado para não tocarmos um no outro. Devo ser masoquista para me colocar nestas situações. Preciso de ajuda. Preciso de um psiquiatra ou de ser trancada numa cela acolchoada ou enfiar uma camisa de forças ou qualquer coisa.

Após o que parece ser uma eternidade, St. Clair respira profundamente e muda de posição. A sua perna encosta-se à minha e eu recuo.

- Desculpa - diz ele.

- Tudo bem.

- ...

- ...

- Anna?

- Sim?

- Obrigada por me deixares dormir aqui outra vez. A noite passada...

A pressão dentro do meu peito é torturante. O quê? O quê? O quê? O quê?

- Havia tanto tempo que não dormia tão bem.

O quarto está em silêncio. Depois de algum tempo, viro-me de novo. Devagar estico a perna até que o meu pé toca no seu tornozelo. A inspiração é abrupta. E então sorrio porque sei que ele não pode ver o meu rosto na escuridão.

 

O Principezinho

Antoine de Saint-Exupéry

- Um dia eu vi o sol se pôr quarenta e três vezes!

E um pouco mais tarde acrescentaste:

- Quando a gente está triste demais, gosta do pôr-do-sol...

- Estavas tão triste assim no dia dos quarenta e três?

Mas o principezinho não respondeu.

 

 

A Bastarda de Istambul

Elif Shafak

- Comprei alguns livros novos - disse animada, o rosto radiante.

- Livros!? Ela voltou a dizer "livros"? - gritou uma voz familiar, do interior da casa.

(...)

- Sim, eu disse "livros" - respondeu Armanoush, pondo a mochila no ombro enquanto entrava na sala de estar espaçosa.

(...) 

- As raparigas da tua idade estão, regra geral, ocupadas a embelezarem-se. Não precisas disso, é claro, mas, se leres e leres e leres, onde é que vais acabar?

- Sabes, tiazinha, ao contrário do que acontece nos filmes, não há palavras a piscar e a dizerem FIM no final dos livros. Quando acabo de ler um livro, não sinto que terminei alguma coisa. Por isso, começo a ler outro.

 

A Menina Que Fazia Nevar

Grace McCleen

O irmão Michaels respirou fundo. Depois, disse: 

- Judith, acho que te posso dizer com toda a certeza que não te vai acontecer nada antes de amanhã.

- Como é que sabe?

- Aquilo que estás a enfrentar é apenas medo - disse ele. - Não que o medo seja algo simples; o medo é o mais traiçoeiro de todos os inimigos. Mas acontecem-nos coisas boas, se o enfrentarmos.

- Não sei como é que alguma coisa boa pode surgir disto - repliquei. 

- Então, começa a olhar para as coisas de uma maneira diferente. Quando olhamos para as coisas de outro ponto de vista, é espantoso como problemas que pensávamos não ter solução desaparecem completamente. 

 

Mil Sóis Resplandecentes

Khaled Hosseini

Para além da aldeia, para além do rio e dos regatos, Laila avistou montanhas, escalvadas e de um castanho-pó, e para além dessas, como para além de todas as coisas no Afeganistão, erguia-se o topo coroado de neve do Hindu Kush.

E por cima de tudo aquilo o céu, de um azul perfeito, imaculado.

- Que silêncio - murmurou Laila. Via ovelhas e cavalos minúsculos mas não conseguia ouvi-los balir nem relinchar.

- É isso que eu sempre recordo aqui de cima - concordou o Babi. - O silêncio. A paz. Quis que vocês sentissem isto. Mas também quis que vissem o património cultural do vosso país, meus filhos, que conhecessem o seu rico passado. Sabem, há coisas que eu posso ensinar-vos. Outras vocês aprendem em livros. Mas há coisas que, bem, têm de ser vistas sentidas.

 

A Sombra do Vento

Carlos Ruiz Zafón

- É verdade que nunca leste nenhum destes livros?

- Os livros são aborrecidos.

- Os livros são espelhos: só se vê neles o que as pessoas tem dentro - replicou Julián. 

___ 

- Lembra-se do Julián Carax, Jacinta?

- Lembro-me do dia em que a Penélope me disse que se ia casar com ele...

Femín e eu olhámo-nos, atómicos.

- Casar-se? Quando foi isso, Jacinta?

- No dia que a viu pela primeira vez. Tinha treze anos e não sabia quem era nem como se chamava.

- Como sabia então que se ia casa com ele?

- Porque o tinha visto. Em sonhos.

 

D. Maria II - Tudo Por Um Reino

Isabel Stilwell

- A minha mãe morreu, senhora D. Maria Francisca?

- Só morre, minha querida filha, quem não vive no coração daqueles que a amam - soluçou a marquesa de Aguiar, abraçando-a com força.

Maria limpou as lágrimas com as costas da mão e disse, entre soluços:

- No meu, nunca vai morrer, no meu nunca vai morrer.

___

- O imperador é um homem de uma sinceridade única, e a essa sinceridade genuína tiro o chapéu. A senhora D. Maria Francisca acha possível amar duas mulheres ao mesmo tempo, digo amar de facto?

(...)

- Não sei, senhor embaixador, talvez seja possível, o coração tem espaço para muita gente, mas do que tenho a certeza é que quando amar uma mulher magoa tão profundamente outra, aquela que se assumiu perante Deus e os homens, e mesmo assim se continua a manter a relação como se nada fosse, então não, não acho que seja amor por duas mulheres, mas amor acima de tudo por si próprio

 

Dispara, Eu Já Estou Morto

Julia Navarro

- Não seríamos homens se não sentíssemos dor e raiva com o que aconteceu. Todos sofremos.

- Sim, nós também tivemos muitos feridos.

- Nós... vocês... Porque é que falamos assim, Mohamed? Quem são vocês? Quem somos nós? Por acaso não somos os mesmos que sempre fomos? Em que é que isso nos diferencia?

- Nós somos árabes, vocês judeus, outros são cristãos...

- E então? A quem é que importa o Deus a que reza cada um? E o que acontece com aqueles, como eu, que não rezam? - Samuel olhava para os olhos de Mohamed.

- Eu ouço-te falar e penso como tu, mas depois, quando vou lá para fora, vejo que as coisas são diferentes, que nós, homens, somos diferentes.

- Diferentes? Não me parece que sejamos diferentes. Todos temos duas mãos, dois pés, uma cabeça... Todos nascemos de uma mãe. Todos sentimos medo, amor, ódio, ingratidão, ciúmes... Quem é que te diz que somos diferentes? Ninguém é mais nem melhor do que os outros.

- Nisso estás enganado, alguns homens são melhores do que outros Samuel. O meu pai era um deles.

- Sim, tens razão, alguns homens são bons.

___

- Tivemos sorte - disse Katia.

- Não foi sorte, é Deus que nos protege - garantiu a irmã Marie-Madeleine.

- E porque é que Deus não protege sempre todos aqueles que precisam? Sabe, irmã, quantas crianças perderam os seus pais e quantos pais perderam os seus filhos? Diga-me, porque é que Deus permite esta guerra? Se somos todos seus filhos, tal como a senhora não deixa de repetir, porque é que permite que nós, seus filhos, pelo facto de sermos judeus, sejamos perseguidos há séculos? - Dalida tinha levantado a voz. Há algum tempo que tinha deixado de ver a mão de Deus. A irmã Marie-Madeleine também não tinha resposta.

 

O Jogo do Anjo

Carlos Ruiz Zafón

Ergui o olhar para a imensidão do labirinto. 

- Como se escolhe só um livro entre tantos?

Isaac encolheu os ombros.

- Há quem prefira acreditar que é o livro que nos escolhe a nós... o destino, por assim dizer.

___

- Por onde quer que comece?

- O narrador é você. Só lhe peço que me diga a verdade.

- Não sei qual é.

- A verdade é aquilo que dói.

 

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 O desafio literário foi-me sugerido pela Magda. A ideia é, durante quarenta e cinco dias, todos os dias, à mesma hora, falar-se sobre livros, respondendo às questões sobre o universo dos livros. O objectivo do desafio é simples: se por um lado, consiste numa de gostos e experiências sob o mundo dos livros, por outro, este desafio leva-nos-à a pensar e a reflectir sobre os livros que já lemos. Iniciado a 1 de Maio de 2015 e durante 45 dias, neste blog, falar-se-à maioritariamente de livro. Não se esqueçam de visitar a Magda e conhecer as suas escolhas literárias

 

 

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