Dia Trinta e Um. Personagem literária que nunca devia ter sido criada.
Gosto, já o mencionei diversas vezes, dos livros de Lesley Pearse. Numa escrita simples e muito leve, a inglesa leva-nos a viajar pela História, a épocas em que nunca vivemos ou a descobrir novas histórias de vida, um bocadinho do presente, dos outros e nossa, através de personagens vincadas por personalidades fortes. Mary Broad de Nunca Me Esqueças, personagem pela qual nutro admiração e carinho, foi a primeira leitura de Lesley Pearse. Seguiram-se as amigas Susan e Beth de Nunca Digas Adeus, um livro igualmente fabuloso e marcantemente inesquecível. Recentemente, aventurei-me na leitura de A Melodia do Amor.
É um defeito meu que, quando gosto muito de um/a escritor/a, tenho necessidade de o ler com regularidade... e, exemplo disso, foram os escritores Carlos Ruiz Zafón e Khaled Hosseini; bebi-os de um só trago e, agora, encontro-me sob efeito de ressaca literária, visto que em ambos os casos, já li todos os livros editados. Embora, obviamente, intercale com a leitura de outros livros acabo por, cedo ou tarde, regressar àquela escritora e, assim sendo, os livros mencionados de Pearse foram lidos este ano - uma última nota, espero em breve receber o quarto livro dela, de tão maravilhosas críticas, Segue O Coração.
Inicialmente pensei em deixar a questão de dia trinta e um em aberto porque, de um modo geral, todas as personagens são necessárias ao livro. Boas ou más, secundárias ou principais, todas marcam a história. E, sem algumas das minhas leituras me tivesse deparado com uma personagem que considerasse que não deveria ter nascido, certamente que não me iria recordar dela... é, infelizmente, um dos males de quem devora livros, mais tarde ou mais cedo, acabávamos por esquecer histórias, personagens, sentimentos. Porém e retomando A Melodia do Amor, onde e por ser a minha última leitura, encontrei a personagem que nunca deveria ter sido criada...
Theo
A Melodia do Amor
Lesley Pearse
Liverpool, Inglaterra, 1893. Beth, dos olhos azuis profundos e dos longos cabelos negros aos caracóis, é jovem, sonhadora e talentosa violinista. Os sonhos de Beth desfazem-se quando a jovem, juntamente com Sam e a pequena Molly, ficam órfãos. A morte dos pais abalará a vida dos três jovens e alterará para sempre o rumo das suas vidas. Privados da anterior vida, Beth e Sam, abraçam os trabalhos duros e desumanos da época. Incentivada por Sam, Beth abraça o sonho de começar uma nova vida do outro lado do Atlântico e, ambos decidem iniciar a viagem que alterará para sempre as suas existências. Porém, a pequena Molly é demasiado nova para acompanhar os irmãos e, Beth toma a decisão mais difícil da sua vida: entregar a irmã mais nova a uma família adoptiva. No navio com destino a Nova Iorque, não faltam pessoas de todos os géneros e classes sociais. Cigana será a alcunha pela qual Beth ficará conhecida no navio - bem como ao longo da história - graças à paixão e dedicação pelo violino. É aqui que encontramos Theo, um jovem jogador de carta, rico e bonito e o inteligente Jack, um jovem pobre, cuja a infância é marcada pela miséria, abandono e violência. Os quatro caminharam lado a lado, na aventura da Corrida ao Ouro.
Theo é, na minha opinião, uma personagem desnecessária à história. É individualista, centrado no seu vício pelas cartas, incapaz de ajudar os restantes elementos do grupo, egocêntrico. A personagem de Theo não ajuda no desenrolar da história, traduz-se em fonte de problemas. Embora se envolva com a personagem principal, Beth, Theo é personagem que nunca deveria ter nascido. Quando acreditava que ele iria desaparecer, regressava. A Melodia do Amor perde, para mim, pela personagem de Theo... dei por mim, uma ou outra vez, a saltar partes onde ele entrava. Confesso que, contagiada por Theo, Sam também me conseguia irritar... exageradamente protector para com a irmã, tão egocêntrico e egoísta como Theo. Por outro lado, a personagem de Jack merecia mais visibilidade. Nutri mais carinho por Jack do que pela própria Beth.
A Melodia do Amor longe de ser um dos melhores livros de Lesley Pearse, ganha pela aprendizagem sobre a Febre e Corrida ao Ouro de Klondike no Yukón, Canadá. Os cenários criados pela escritora são de tal modo excelentes que, efectivamente, imaginamos estar dentro da história, acompanhando Beth, Sam, Jack e Theo na longa e difícil travessia que empreendem para alcançar o tão precioso ouro.
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O desafio literário foi-me sugerido pela Magda. A ideia é, durante quarenta e cinco dias, todos os dias, à mesma hora, falar-se sobre livros, respondendo às questões sobre o universo dos livros. O objectivo do desafio é simples: se por um lado, consiste numa de gostos e experiências sob o mundo dos livros, por outro, este desafio leva-nos-à a pensar e a reflectir sobre os livros que já lemos. Iniciado a 1 de Maio de 2015 e durante 45 dias, neste blog, falar-se-à maioritariamente de livro. Não se esqueçam de visitar a Magda e conhecer as suas escolhas literárias.