Dia Dezoito. Livro para o qual escreveria uma sequela.
Adoro os livros de Khaled Hosseini. Nascido no Afeganistão, Hosseini possui o dom da escrita é, para mim, um verdadeiro contador de histórias. A escrita é simples, fluida, cativante. Livros cuja histórias parecem tão reais e autênticas, cenários que facilmente visualizamos e, personagens com uma elevada carga emocional e potente mensagem de amor, esperança, luta e amizade. Khaled Hosseini é inigualável. Quem lê não consegue ficar indiferente. Porém, no seu terceiro e último livro, senti que faltava contar algo mais... e, admito, foi o primeiro livro em que senti tal necessidade de uma continuação.
E As Montanhas Ecoaram
Khaled Hosseini
1952. Numa pequena aldeia no Afeganistão, Saboor é um pai abraços com uma das mais duras decisões da sua vida: vender a filha mais nova, com três anos, Pari, a um casal abastado de Cabul. Para continuar a sustentar a restante família, Saboor empreende a mais dura das viagens na companhia dos dois filhos, Pari e Abdullah, o irmão que sempre tomou conta da menina desde a morte da mãe de ambos. A viagem e consequente separação dará lugar a um permanente vazio na vida de Pari e Abdullah.
Somos, assim, convida-nos a viajar no tempo e a reflectir nas consequências das escolhas que, em algum momento, somos obrigados a fazer. Pari, toma para si o papel principal nesta viagem familiar, uma vez que, sendo tão nova, as lembranças das origens e de Abdullah são esquecidas e um constante vazio as substituirá. Todavia, o autor não se limitou a escrever sobre o destino dos irmãos Pari e Abdullah. Criando histórias paralelas de quem com eles, de alguma maneira privou, Hosseini pinta-nos um mosaico de sentimentos: dos afegãos que partiram, de afegãos que ficaram e de daqueles que, não tendo nascido afegãos, procura mudar a realidade e o destino de país tão fatalmente marcado.
Porém, admito-o: falta algo nesta história familiar. A verdade é que, embora tenha ficado impressionada e seja um aspecto positivo do livro, as histórias secundárias nascidas da mente de Hosseini deixam perder um pouco da história dos irmãos, especialmente de Abdullah... demoramos vários capítulos até nos reencontramos com os irmãos porque, pelo meio, saltamos de histórias secundárias em histórias secundárias, da narrativa presente à narrativa passada.
É, nas histórias das personagens secundárias que o sentimento de vazio reside, ora parecem escusadas, ora necessárias e interligadas à história dos filhos de Saboor. Se, por um lado, o final mostra-nos o destino que Hosseini reservou a Pari e Abdullah, mesmo sem conhecermos os caminhos percorridos pelo este e em oposição à irmã, por outro, as personagens secundárias parecem ficar suspensas, à espera de uma continuação... e, continuação essa à qual adoraria conhecer e ler.
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O desafio literário foi-me sugerido pela Magda. A ideia é, durante quarenta e cinco dias, todos os dias, à mesma hora, falar-se sobre livros, respondendo às questões sobre o universo dos livros. O objectivo do desafio é simples: se por um lado, consiste numa de gostos e experiências sob o mundo dos livros, por outro, este desafio leva-nos-à a pensar e a reflectir sobre os livros que já lemos. Iniciado a 1 de Maio de 2015 e durante 45 dias, neste blog, falar-se-à maioritariamente de livro. Não se esqueçam de visitar a Magda e conhecer as suas escolhas literárias.