Da minha estante | 1
Nunca gostei de romances. Nunca achei graça a esse género literário lamechas e chato. Por duas vezes tentei ler livros românticos e arrumei-os a um canto porque, simplesmente, achei-os aborrecidos.
Não acredito no amor. Já tentei acreditar mas desisti. Acredito que só o amor de um pai ou de uma mãe para com os seus filhos é verdadeiro e eterno. O outro amor, aquele que todos procuramos incessantemente, nesse não acredito.
Sou contraditória e estranha (sim, podem apelidar-me como tal): consigo ver filmes românticos mas não consigo ler livros românticos. Porque um livro é diferente de um filme e, enquanto o segundo, dura uma hora (mais hora menos hora; mais minuto, menos minuto), o primeiro pode consumir-me longos períodos de mim. Quando um livro me cativa, tenho tendência a lê-lo com calma, saborear cada bocadinho, cada palavra, fazer uma pausa e imaginar a história. E, mesmo aqueles que não me cativam desde início, insisto até encontrar algo que me atraí-a. Porque a um livro amo mais que um filme e poucos são os filmes românticos que realmente me ficam gravados na memória e na alma.
Prometes? foi o único romance que li, adorei e me marcou. Não sei o porquê de o ter comprado... talvez a capa, talvez a sinopse, talvez a escrita. Terminei de o ler quando, curiosamente passava em viagem, pela cidade palco desta história, o Porto.
Os autores, Diana Carvalho e Pedro Barbosa, escrevem de forma singular e inovadora. A história dos protagonistas Inês e Afonso é envolvente e, a cada nova descoberta, mais vontade temos em compreender o surpreendente final.
Confesso, tive dificuldades em gostar da história porém, insisti e não me arrependi. É diferente e o diferente atraí-me.
Frases marcantes:
Amo-te aos bocadinhos, amo-te por tudo aquilo que eu sei que tu vais ser. (...) Amo-te porque és algo que eu ainda desconheço e é não saber que me faz amar-te, é esse mistério de querer saber porque é que te amei até hoje. Será por causa do beijo? Como é possível eu amar-te sem saber porquê?
O amor é isso: é a esperança. É um novo recomeço todos os dias. É uma cor nova nos olhos, que te faz brilhar sempre, mesmo no escuro. Sobretudo no escuro.
Apercebi-me de que às vezes a solução está onde os nossos olhos não conseguem ver, onde a nossa mente não consegue descortinar.
Mudar o futuro: quem não gostaria de ter este desafio?
É esse o segredo de viver, descobrir como vai ser cada dia, fazendo-o. Podemos mudar o nosso dia e fazê-lo ser como queremos, mas nunca podemos definir tudo porque vivemos fora de uma concha num mundo cheio de contextos que definem, connosco, como vai ser esse dia. O dia cai ser uma mistura de que planeámos com o que nem sequer sonhamos, cheio de pequenas surpresas, como partes recortadas de um labirinto que ajudam a fazer o trajecto que é o nosso, que é único.
Um sonho é mais poderoso do que mil realidades.
Este é o ponto de partida da viagem do Afonso à procura de salvar o futuro, de proteger o amor que sabe poder desaparecer-lhe nos dias que o esperam. Uma viagem onde cada um desempenha o seu papel, embora nem sempre o saiba compreender.
Um caminho onde cada pormenor pode alterar o resultado, onde cada decisão influencia o destino. Um traçado onde a realidade é o cruzamento de mundos paralelos com as decisões que tomamos.
Saberá o Afonso mudar o futuro? Conseguirá salvar a Inês e o amor vertiginoso entre ambos?