A Sereia de Brighton de Dorothy Koomson.
A Sereia de Brighton de Dorothy Koomson foi, de entre todos os livros que li este ano e à excepção dos livros com menos de cinquenta páginas, o livro que li mais rápido: comprei-o numa sexta-feira ao final do dia, só porque a sinopse não me abandonava a cabeça, e terminei-o no domingo à noite. Fiquei completamente rendida e viciada na narrativa e sempre que me via forçada a parar de ler, só pensava em retomar para descobrir mais contornos da dramática história. Uma leitura que nos devora por dentro, dada a curiosidade com que nos envolve e nos leva a reflectir sobre temas actuais.
Nell e Jude são duas amigas de quinze anos que, certa noite e após mentirem aos pais, decidem fugir de casa para irem a uma festa de adolescentes. No regresso a casa, atraídas pela curiosidade própria da idade, as jovens descobrem o corpo de uma jovem mulher, com cerca de dezanove anos, abandonado numa praia de Brighton: julgam-na, inicialmente, inconsciente mas rapidamente percebem que está morta. A polícia é chamada ao local, apelidando a jovem assassinada de A Sereia de Brighton, e as duas amigas são interrogadas pela polícia e ambas consideradas suspeitas daquela morte. Porém, a vida de Nell e da família mudará drasticamente quando, uma semana depois da descoberta, a amiga Jude desaparece. Vinte e cinco anos depois, Nell não esquece a fatídica noite que lhe mudou a vida e, por sua conta em risco, decide descobrir quem era a sereia de Brighton e compreender o que aconteceu à sua amiga Jude. No entanto, alguém que a controla de perto não quer que Nell descobra as verdades daquela dramatica noite...
Dorothy Koomson, neste livro, aborda com mestria temas delicados como o racismo e o preconceito, a violência policial, a violência contra mulheres e as marcas que a violência na infância se traduzem num jovem adulto. É uma narrativa incrivelmente cativante, mergulhando rapidamente na história e no drama vivido por Nell, onde só queremos descobrir toda a verdade e justiça para quem lhe fez tanto mal. A narrativa de A Sereia de Brighton vária em dois tempos: no presente e no passado, quer por Nell quer pela irmã desta, dando-nos a conhecer diferentes perspectivas e detalhes da história e fazendo-nos ver que a descoberta atingiu muito mais do que as duas amigas. As personagens, principais e secundárias, foram muito bem conseguidas e trabalhadas, todas elas - a meu ver - fundamentais para a narrativa. O final é macabro e surpreende - eu não o imaginava assim -, revelando a crueldade do ser humano e como uma única pessoa conseguirá mudar tanto a vida de duas adolescentes e família.
A Sereia de Brighton é considerado uma das minhas leituras favoritas de 2018 e Dorothy Koomson uma das minhas escritoras favoritas. A capacidade com que mistura, nos seus livros, suspense, drama, amor, amizade e temas sensíveis e actuais é genial e invejável, sendo impossível ficar-lhe indiferente. Não considero este livro como um romance e creio que está longe de o ser, é mais um género de policial ou mistério. Independentemente da categoria atribuída a este livro, recomendo a leitura de A Sereia de Brighton... muito bom!
Avaliação (de um a cinco): 5*