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Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

A rede social dos livros.

Facebook, instragram, youtube, twitter. É fácil enumerar as redes sociais existentes no presente (e recordar outras que acabaram por cair em desuso). Usamos e abusamos delas (ou, de quase todas elas). O mundo virtual é feito de redes sociais... e de livros. Livros, milhões de livros, tantos quantos os utilizadores de redes sociais. É fácil, por isso, aliar redes sociais aos livros. A ideia é simples: basta escolher oito livros para oito redes sociais por intermédio de características comuns que os identificam. Impossível? Não é! Vamos brincar com os livros? 

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   | Twitter: um livro que quero compartilhar com todos. 

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 Viver Depois de Ti de Jojo Moyes, leitura terminada recentemente, é uma história com tanto de belo como triste. Já tinha lido noutros blogues e assistido a vídeos no youtube a recomendar este belíssimo livro e, de facto, é um romance diferente, uma leitura obrigatória para amantes dos livros. 

Viver Depois de Ti, uma história de amizade, cumplicidade, dor e reflexões. Lou sabe imensas coisas: o número de passos desde a paragem de autocarro até sua casa, a paixão pelo seu trabalho e sabe que não está apaixonada pelo seu namorado. Will tinha tudo para alcançar a plena felicidade e sucesso, uma enorme desejo de aventura e vontade de viver. Porém, o trágico acidente roubar-lhe-à os sonhos e a vontade de viver. O que Will e Lou não sabem é que, todavia, as suas vidas se iram cruzar, marcando-as inesquecivelmente. 

O romance de Jojo Moyes obriga-nos a reflectir sobre os outros, a dor e a ânsia de viver. Numa escrita simples, pautada por traços de humor, Viver Depois de Ti aborda temas sensíveis, obrigando-nos a reflectir sobre decisões e o direito a viver. Um livro tocante, marcante, inesquecível.

 

   | Facebook: um livro que gostei muito e me foi recomendada por outra pessoa. 

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 A blogosfera está carregada de recomendações literárias. A Magda recomendou-me o Perguntem a Sarah Gross (entre outros), a JustSmile indicou-me A Bibliotecária de Auschwitz ou O Tempo Entre Costuras, um leitor do blogue aconselhou-me Travessuras da Menina Má e a blogosfera inteira à muito que me incentivava a ler Viver Depois de Ti. Ler é, muitas vezes, um desejo que nasce de conhecer a história que tanto apaixonou alguém. Teria uma lista gigantesca de livros que gostei e me foram recomendados por outra pessoa... Porém, vou-me ficar por duas leituras que adorei e me foram recomendadas pela minha professora de português do ensino secundário: Para a Minha Irmã de Jodi Picoult (uma das minhas escritoras favoritas) e Inés da Minha Alma de Isabel Allende. 

 

   | Tumblr: um livro que li antes de criar o blogue e do qual ainda não falei.

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 O blogue nasceu em Janeiro de 2014 e eu li A Vida no Céu, de José Eduardo Agualusa, em Janeiro de 2013. Li-o pelo título, pela sinopse, pela capa. Um livro pequenino, fácil de ler e de escrita simples. Um romance distópico sobre um mundo sem terra, uma vida no universo das nuvens.

 

   | MySpace: um livro que não tenho intenções de reler.

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 Vários... todas as leituras que não consegui concluir. Mas, para evitar cair no cliché Prometo Falhar ou Sombras de GreyCirco dos Sonhos ou Mataram o Sidónio!, resolvi escolher um livro que consegui concluir a leitura, apesar de me ter desagradado.

Nas Asas do Amor, Sarah Sundin, tinha tudo para dar certo: um romance improvável, quase impossível na II Guerra Mundial, personagens de personalidade forte, escrita simples e acessível, explorando o lado americano dos que ficam e daqueles que partem a bordo de um avião de guerra. Porém, o romance peca pelo cariz excessivamente religioso: passagens religiosas e a atribuição do bem e do mal na vida das personagens à devoção e fé a Deus. Li-o a custo, saltando partes, concluindo-o pela curiosidade com o destino das personagens. 

 

   | Instagram: um livro com uma capa bonita.

 O meu primeiro pensamento e escolha foi para a capa do livro O Circo dos Sonhos: é, provavelmente, dos livros com a capa mais bonita que tenho na minha estante. Porém, é surpreendentemente um dos livros que não consegui terminar de ler, graças ao ritmo lento da história. Por isto, optei por escolher para esta categoria, duas capas de duas histórias que adorei: A Menina Que Fazia Nevar A Rapariga de Papel.

 

   | Youtube: um livro que eu gostaria de ver adaptado a filme.

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Trilogia O Cemitério dos Livros Esquecidos. Previsível? Certamente! É um dos meus escritores favoritos e os seus livros cativantes. Quem já leu os três livros ou, pelo menos um, sabe o quão misteriosa e envolvente pode ser a escrita de Carlos Ruiz Zafón. 

 

   | Skype: um livro com personagens com as quais eu gostaria de conversar. 

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 Não vou escolher o livro de Jojo Moyes, mencionado na primeira categoria, nem tão pouco os livros de um dos meus escritores favoritos e tantas vezes aqui referido, Khaled Hosseini, ou um dos meus clássicos favoritos, Jane Eyre

Gostaria de conversar com Frances e Mehuru, as personagens principais do romance histórico de Philippa Gregory, Um Comércio Respeitável. Uma leitura recente, marcante. Numa escrita viva, somos catapultados para o interior dos navios, sentindo o horror do comércio de escravos no século XVIII. A frase que se lê na capa resume o livro Um romance sobre a ganância e a desumanidade que destruíram um continente

 

   | Linkedin: um livro que fala sobre uma profissão (ou que li para a faculdade, escola, trabalho).

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 Televisão: um perigo para a democracia de Karl Popper e John Condry. É um livro pequenino, não chega às cem páginas, numa escrita acessível. Trata-se de uma reflexão sobre os efeitos da televisão nos seres sociais, na era da democracia. Li-o para uma disciplina na faculdade. 

Uma tag de livros musicais.

Roubei uma tag divertidíssima que mistura livros com música... precisamente duas coisas que tanto gosto e aprecio. 

 

Descobrir e realizar estas tags, para mim, é uma forma de dar a descobrir, de outra forma, os meus gostos literários e falar divertidamente sobre livros. Ora, a tag que eu hoje apresento e com a qual engracei foi roubada da Neuza, do youtube e blog Mil Folhas, e consiste em associar livros às diferentes categorias musicais.

 

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Posto isto, falamos sobre livros e estilos musicais...

 

Clássico. Um livro clássico.

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 O Monte dos Vendavais de Emily Brontë. Li-o este ano e adorei-o. É um livro marcante e poderoso. Uma história distinta e triste de um amor verdadeiro e impossível. 

 

Ponderei, para esta categoria, o clássico que ando a ler, Jane Eyre, escrito pela irmã de Emily, Charlotte Brontë. Porém e embora possa assegurar, com toda a certeza e sem receio de arrependimento, de que será um dos meus livros clássicos favoritos, ainda não terminei a leitura de Jane Eyre.

 

Rock. Um livro com uma personagem irreverente. 

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 Travessuras da Menina Má de Mario Vargas Llosa. Associei, automaticamente, este livro à categoria. O livro conta-nos a história de amor louco de Ricardo, um jovem apaixonado e ingénuo, por Lily, a menina má, uma jovem ousada e invulgar. A paixão travessa de ambos inicia-se em Lima, no Peru, ainda crianças mas manter-se-à por grande parte da vida adulta de ambos, tomando diferentes cidades, como França, Inglaterra, Japão e Espanha, testemunho desta paixão louca. Lily é uma personagem que desperta desprezo, pela forma como trata o seu eterno apaixonado Ricardo, irreverente, travessa, distinta da todas as personagens femininas que li e à qual, no final, ainda não sabemos se conseguimos gostar dela ou perdoar-lhe as travessuras.

 

Jazz. Um livro que aborde a temática do racismo. 

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 Deste Lado da Luz de Colum McCann. É o único livro que, julgo eu, aborde para lá do superficial a questão do racismo. Quase todos os livros que li quando abordam esta questão, fazem-no sem grandes referencias, pequenas menções. Porém, para esta categoria, não necessitei de uma reflexão marcante sobre as leituras que fiz... este é, definitivamente, um livro que fala sobre o racismo, preconceito e vidas marcantes. É, na minha opinião, um dos livros mais pesados que li. Uma leitura cruel sobre os abusos e a crueldade do ser humano para com os seus semelhantes. McCann não se limita a narrar uma história, com tanto de falso como de verdadeiro, obriga-nos a reflectir no que somos e no que seriamos se as nossas vidas se assemelhassem às descritas no livro. Deste Lado da Luz é uma viagem no tempo e das transformações, onde a história da cidade de Nova Iorque se cruza com a história pessoal das personagens. Problemas sociais, raciais e económicos misturam-se com problemas mentais. Os anos avançam, as gerações também mas, nem por isso, o livro se torna mais leve. Porém, ainda assim, um livro que recomendo vivamente.

 

Folk. Um livro que aborde tradições.

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 Arroz de Palma de Francisco Azevedo. Não posso dizer que se trate de um livro que aborde marcadamente tradições. Porém, existe algo de peculiar e tradicional nesta história. É, em primeiro lugar, um livro sobre uma família muito tradicional, com raízes em Viana do Castelo e a quem a falta de oportunidades, no início do século XX, obrigada a mudar para terras do Brasil. Por isto, facilmente associe este livro à categoria musical folk. Por outro lado, apesar dos anos se passarem, a família crescer e se adaptar às mudanças, olvidando a tradição portuguesa e interiorizando tradições brasileiras, existe um elemento que interliga as várias gerações: o arroz da tia Palma. É um livro divertidíssimo, apesar da escrita misturar inúmeras expressões brasileiras, de várias gerações da mesma família... a família é um prato de difícil confecção.

 

Pop. Um livro que chegue às massas.

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 Prometo Falhar de Pedro Chagas Freitas. Queria e procurei cair no habitual cliché mas, evidentemente, não encontrei mais nenhum livro para esta categoria. Pensei em escolher a saga d' As Sombras de Grey mas, mais uma vez, é um livro mais do que falado e eu estou farta dele. Este idem... não gostei, é chato, aborrecido, um livro recheado de frase clichés que, para mim, qualquer um conseguiria escrever numa noite mais inspirada. Porém, como ainda mora cá em casa, em vias de ir para outra qualquer estante foi, indiscutivelmente, a minha escolha. 

(li Eleanor & Park, a escolha para esta categoria da Neuza porém, pessoalmente, nunca a incluiria nesta categoria.)

 

Hip-Hop. Um livro que seja uma crítica social.

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Ele Está de Volta de Timur Vermes. Um livro humorístico, irónico, divertido, critico, sarcástico. Adolf Hitler acorda num terreno baldio de uma Alemanha no ano 2011. Olha em redor e não encontra uma cidade em ruínas, nem bombardeiros a riscar os céus; em vez disso, descobre ruas limpas e organizadas, povoadas de turcos, milhares de turcos. E gente com aparelhos estranhos colados ao ouvido. Assim começa o romance de Timur Vermes. Numa Alemanha multirracial e onde uma mulher, Angela Merkel, governa o destino do país, na era do euro e da crise, dos reality shows e da internet, Adolf Hitler regressa... e ninguém vê nele uma ameaça. É recebido de braços abertos por uma televisão alemã, desejosa de aumentar as audiências. A sociedade vê nele um palhaço inofensivo, embora se trate de um homem impulsivo, mal-disposto e agressivo. Ninguém recorda os crimes odiosos e monstruosos do passado. Batem-lhe palmas. Ingénuo em relação às novas tecnologias e às mudanças da sociedade alemã, Hitler planeia o seu regresso através da televisão. Porém, através dos seus dotes de oratória e ar de palhaço inofensivo, o ex-líder alemão vai divulgando as suas ideias xenófobas e racistas... O regresso de Adolf Hiltler é, através do olhar de Vermes, perturbantemente cómico. Não consegui deixar de rir, apesar de reconhecer a delicadeza do tema. Trata-se uma sátira não só política mas, também social, nomeadamente, à sociedade alemã e às sociedades da tecnologia. 

  

Gospel. Um livro que retrate fé ou religião.

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 A Menina Que Fazia Nevar de Grace McCleen. Um livro que aborda os perigos do fanatismo religioso, no olhar ingénuo e doce de uma menina, Judith. Bullying, solidão, amor, e esperança são outros dos dos ingredientes que tornam este livro um dos mais especiais e inesquecíveis que li. Uma leitura intensa, uma viagem na montanha russa dos sentimentos, onde choramos e sorrimos com a pequena Judith. Uma leitura que recomendo àqueles que acreditam e aos que não acreditam; aos judeus, cristãos, muçulmanos, ateus ou agnósticos.

 

Bossa Nova. Um livro simples e leve. 

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 A Rapariga de Papel de Guilaume Musso. É um livro simples, leve, fofinho, com uma capa linda! Adorei este livro. Cativou-me desde a primeira página. Fala-nos de amor e de amizade. Tom é um famoso escrito de Los Angels caído em desgraça: álcool, drogas e excessos tornam-se os novos companheiros do escritor. A paixão louca pela bela pianista Aurore determinam o caminho trilhado por Tom. Porém, a chegada de Billie, uma personagem dos livros de Tom que afirma ter caído no mundo real de uma frase incompleta do escritor, abalará a vida do escritor e ambos embarcaram na viagem da amizade e paixão. 

 

R&B. Um livro nostálgico.

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 Memorial do Convento de José Saramago. É uma escolha peculiar mas, para mim, este livro leva-me a embarcar nas memórias do meu tempo de ensino secundário e das perícias das aulas de português. Poderia ter optado por outro livro, todavia, não tanto pela história em si mas, acima de tudo, pelo que este livro representa para mim, uma fase da minha adolescência feliz, não poderia deixar de o escolher. 

 

Fado. Livro de um autor português.

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 Perguntem a Sarah Gross de João Pinto Coelho. Uma leitura recente. Um livro marcante e viciante. É difícil não se deixar cativar por este livro. Viajamos, na escrita de Pinto Coelho, à Polónia antes da chegada dos nazis e da instalação de um dos campos de concentração mais mortiferos, Auschwitz-Birkenau. 

 

Latina. Um livro escrito por alguém da América Latina ou passado naquela zona. 

 Por ser, como tenho referido diversas vezes no blogue, uma amante de música latina, resolvi incluir esta categoria à tag livros musicais.

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 La Isla Bajo El Mar de Isabel Allende. A escritora chilena escreveu um romance histórico poderoso e marcante sobre a escrava negra Zarité, vendida aos nove anos a um francês, dono de uma das maiores plantações de cana-de-açúcar das Antilhas e de quem, anos mais tarde, acaba por se tornar amante. Zarité, através do seu olhar, dá-nos a conhecer a vida de sofrimento e escravatura do povo negro. Confesso, todavia, que não me recordo detalhadamente da história. O meu livro está escrito em espanhol e, apesar de me ser uma língua familiar, este foi-me particularmente complicado de ler: tratava-se de um livro de bolso (e eu não sou fã desta versão, especialmente contendo letras pequenas), numa altura de pouca maturidade literária e cuja escrita achei um pouco difícil... li esta história à uns seis ou sete anos. 

Dia Trinta e Sete. Livro(s) para os dias chuvosos.

Para mim, que gosto de dias chuvosos, não os pinto de tristes e sombrios. Eu gosto. Dias de chuva são, para escrever a verdade, dias misteriosos, românticos, de esperança. Gosto de dias de chuva porque, depois do canto da chuva, haverá sempre o pintar do céu azul, o sorriso do sol e um abraço quente do calor. Dias chuvosos não são dias tristes... eles relembram-me que a vida não é sempre cinzenta e fria. E, como tal, a minha definição de livros para dias chuvosos não é negativa, sombria ou depressiva. Portanto, os livros que seleccionei reflectem sentimentos românticos e de esperança...

 

Prometes?

Diana Carvalho e Pedro Barbosa

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A Menina Que Fazia Nevar

Grace McCleen

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Mil Sóis Resplandecentes O Menino de Cabul

Khaled Hosseini

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Nunca Me Esqueças Nunca Digas Adeus

Lesley Pearse

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A Sombra do Vento O Jogo do Anjo

Carlos Ruiz Zafón

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Harry Potter

J. K. Rowling

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  O desafio literário foi-me sugerido pela Magda. A ideia é, durante quarenta e cinco dias, todos os dias, à mesma hora, falar-se sobre livros, respondendo às questões sobre o universo dos livros. O objectivo do desafio é simples: se por um lado, consiste numa de gostos e experiências sob o mundo dos livros, por outro, este desafio leva-nos-à a pensar e a reflectir sobre os livros que já lemos. Iniciado a 1 de Maio de 2015 e durante 45 dias, neste blog, falar-se-à maioritariamente de livro. Não se esqueçam de visitar a Magda e conhecer as suas escolhas literárias

Dia Vinte. Melhor(es) citação. Diálogo.

Escolher apenas um diálogo como citação favorita é exactamente o mesmo que me pedirem para escolher apenas um livro como favorito... impossível. Não é, não dá, nem quero escolher apenas um diálogo. A escolha não é fácil e, portanto, após reflexão, estudo dos livros onde recordo ter assinalado frases, bem como escritos aqui, eis a minha lista de diálogos favoritos...

 

Anna e o Beijo Francês

Stephanie Perkins 

Ele sorri e apaga a luz. Deitamo-nos e é completamente, totalmente, absolutamente estranho. Como de costume. Vou para a ponta da cama. Ambos estamos hirtos e temos cuidado para não tocarmos um no outro. Devo ser masoquista para me colocar nestas situações. Preciso de ajuda. Preciso de um psiquiatra ou de ser trancada numa cela acolchoada ou enfiar uma camisa de forças ou qualquer coisa.

Após o que parece ser uma eternidade, St. Clair respira profundamente e muda de posição. A sua perna encosta-se à minha e eu recuo.

- Desculpa - diz ele.

- Tudo bem.

- ...

- ...

- Anna?

- Sim?

- Obrigada por me deixares dormir aqui outra vez. A noite passada...

A pressão dentro do meu peito é torturante. O quê? O quê? O quê? O quê?

- Havia tanto tempo que não dormia tão bem.

O quarto está em silêncio. Depois de algum tempo, viro-me de novo. Devagar estico a perna até que o meu pé toca no seu tornozelo. A inspiração é abrupta. E então sorrio porque sei que ele não pode ver o meu rosto na escuridão.

 

O Principezinho

Antoine de Saint-Exupéry

- Um dia eu vi o sol se pôr quarenta e três vezes!

E um pouco mais tarde acrescentaste:

- Quando a gente está triste demais, gosta do pôr-do-sol...

- Estavas tão triste assim no dia dos quarenta e três?

Mas o principezinho não respondeu.

 

 

A Bastarda de Istambul

Elif Shafak

- Comprei alguns livros novos - disse animada, o rosto radiante.

- Livros!? Ela voltou a dizer "livros"? - gritou uma voz familiar, do interior da casa.

(...)

- Sim, eu disse "livros" - respondeu Armanoush, pondo a mochila no ombro enquanto entrava na sala de estar espaçosa.

(...) 

- As raparigas da tua idade estão, regra geral, ocupadas a embelezarem-se. Não precisas disso, é claro, mas, se leres e leres e leres, onde é que vais acabar?

- Sabes, tiazinha, ao contrário do que acontece nos filmes, não há palavras a piscar e a dizerem FIM no final dos livros. Quando acabo de ler um livro, não sinto que terminei alguma coisa. Por isso, começo a ler outro.

 

A Menina Que Fazia Nevar

Grace McCleen

O irmão Michaels respirou fundo. Depois, disse: 

- Judith, acho que te posso dizer com toda a certeza que não te vai acontecer nada antes de amanhã.

- Como é que sabe?

- Aquilo que estás a enfrentar é apenas medo - disse ele. - Não que o medo seja algo simples; o medo é o mais traiçoeiro de todos os inimigos. Mas acontecem-nos coisas boas, se o enfrentarmos.

- Não sei como é que alguma coisa boa pode surgir disto - repliquei. 

- Então, começa a olhar para as coisas de uma maneira diferente. Quando olhamos para as coisas de outro ponto de vista, é espantoso como problemas que pensávamos não ter solução desaparecem completamente. 

 

Mil Sóis Resplandecentes

Khaled Hosseini

Para além da aldeia, para além do rio e dos regatos, Laila avistou montanhas, escalvadas e de um castanho-pó, e para além dessas, como para além de todas as coisas no Afeganistão, erguia-se o topo coroado de neve do Hindu Kush.

E por cima de tudo aquilo o céu, de um azul perfeito, imaculado.

- Que silêncio - murmurou Laila. Via ovelhas e cavalos minúsculos mas não conseguia ouvi-los balir nem relinchar.

- É isso que eu sempre recordo aqui de cima - concordou o Babi. - O silêncio. A paz. Quis que vocês sentissem isto. Mas também quis que vissem o património cultural do vosso país, meus filhos, que conhecessem o seu rico passado. Sabem, há coisas que eu posso ensinar-vos. Outras vocês aprendem em livros. Mas há coisas que, bem, têm de ser vistas sentidas.

 

A Sombra do Vento

Carlos Ruiz Zafón

- É verdade que nunca leste nenhum destes livros?

- Os livros são aborrecidos.

- Os livros são espelhos: só se vê neles o que as pessoas tem dentro - replicou Julián. 

___ 

- Lembra-se do Julián Carax, Jacinta?

- Lembro-me do dia em que a Penélope me disse que se ia casar com ele...

Femín e eu olhámo-nos, atómicos.

- Casar-se? Quando foi isso, Jacinta?

- No dia que a viu pela primeira vez. Tinha treze anos e não sabia quem era nem como se chamava.

- Como sabia então que se ia casa com ele?

- Porque o tinha visto. Em sonhos.

 

D. Maria II - Tudo Por Um Reino

Isabel Stilwell

- A minha mãe morreu, senhora D. Maria Francisca?

- Só morre, minha querida filha, quem não vive no coração daqueles que a amam - soluçou a marquesa de Aguiar, abraçando-a com força.

Maria limpou as lágrimas com as costas da mão e disse, entre soluços:

- No meu, nunca vai morrer, no meu nunca vai morrer.

___

- O imperador é um homem de uma sinceridade única, e a essa sinceridade genuína tiro o chapéu. A senhora D. Maria Francisca acha possível amar duas mulheres ao mesmo tempo, digo amar de facto?

(...)

- Não sei, senhor embaixador, talvez seja possível, o coração tem espaço para muita gente, mas do que tenho a certeza é que quando amar uma mulher magoa tão profundamente outra, aquela que se assumiu perante Deus e os homens, e mesmo assim se continua a manter a relação como se nada fosse, então não, não acho que seja amor por duas mulheres, mas amor acima de tudo por si próprio

 

Dispara, Eu Já Estou Morto

Julia Navarro

- Não seríamos homens se não sentíssemos dor e raiva com o que aconteceu. Todos sofremos.

- Sim, nós também tivemos muitos feridos.

- Nós... vocês... Porque é que falamos assim, Mohamed? Quem são vocês? Quem somos nós? Por acaso não somos os mesmos que sempre fomos? Em que é que isso nos diferencia?

- Nós somos árabes, vocês judeus, outros são cristãos...

- E então? A quem é que importa o Deus a que reza cada um? E o que acontece com aqueles, como eu, que não rezam? - Samuel olhava para os olhos de Mohamed.

- Eu ouço-te falar e penso como tu, mas depois, quando vou lá para fora, vejo que as coisas são diferentes, que nós, homens, somos diferentes.

- Diferentes? Não me parece que sejamos diferentes. Todos temos duas mãos, dois pés, uma cabeça... Todos nascemos de uma mãe. Todos sentimos medo, amor, ódio, ingratidão, ciúmes... Quem é que te diz que somos diferentes? Ninguém é mais nem melhor do que os outros.

- Nisso estás enganado, alguns homens são melhores do que outros Samuel. O meu pai era um deles.

- Sim, tens razão, alguns homens são bons.

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- Tivemos sorte - disse Katia.

- Não foi sorte, é Deus que nos protege - garantiu a irmã Marie-Madeleine.

- E porque é que Deus não protege sempre todos aqueles que precisam? Sabe, irmã, quantas crianças perderam os seus pais e quantos pais perderam os seus filhos? Diga-me, porque é que Deus permite esta guerra? Se somos todos seus filhos, tal como a senhora não deixa de repetir, porque é que permite que nós, seus filhos, pelo facto de sermos judeus, sejamos perseguidos há séculos? - Dalida tinha levantado a voz. Há algum tempo que tinha deixado de ver a mão de Deus. A irmã Marie-Madeleine também não tinha resposta.

 

O Jogo do Anjo

Carlos Ruiz Zafón

Ergui o olhar para a imensidão do labirinto. 

- Como se escolhe só um livro entre tantos?

Isaac encolheu os ombros.

- Há quem prefira acreditar que é o livro que nos escolhe a nós... o destino, por assim dizer.

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- Por onde quer que comece?

- O narrador é você. Só lhe peço que me diga a verdade.

- Não sei qual é.

- A verdade é aquilo que dói.

 

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 O desafio literário foi-me sugerido pela Magda. A ideia é, durante quarenta e cinco dias, todos os dias, à mesma hora, falar-se sobre livros, respondendo às questões sobre o universo dos livros. O objectivo do desafio é simples: se por um lado, consiste numa de gostos e experiências sob o mundo dos livros, por outro, este desafio leva-nos-à a pensar e a reflectir sobre os livros que já lemos. Iniciado a 1 de Maio de 2015 e durante 45 dias, neste blog, falar-se-à maioritariamente de livro. Não se esqueçam de visitar a Magda e conhecer as suas escolhas literárias