Vendi o meu primeiro livro.
Vendi o meu primeiro livro. Custou-me. Foi um tanto ou quanto doloroso. Sou uma pessoa agarrada aos livros. Mesmo quando não gosto ou são péssimos. É parvo, bem sei, se não gosto não vale a pena manter e roubar espaço na estante. Mas, sei lá, imagino que alguém, algum dia, me pede aquele preciso livro. Ou que, num futuro, seria um presente ideal. Ou que... sei lá, é-me difícil explicar. Livros, mesmo os piores, significam sempre qualquer coisa. O defeito é meu, que me afeiçoo a eles, que me custa a desfazer de tudo e sou uma autêntica acumuladora de livros, recordações e tralhas com significado.
Debati-me durante semanas sobre o destino de alguns não-livros, portanto, dos que não gostei. Já tinha pensado na opção de vender mas, para ser sincera, custa-me pedir um valor porque, na verdade, nunca sei quanto pedir por eles. Outra opção que ponderei foi o de doar; porém, alguns deles assinei com o nome e logo descartei esta hipótese - não é que seja algo relevante, mas não me apetece ter o meu nome nas mãos de sabe-se lá quem. Por fim e a opção que mais me agradava: trocar. Prática e simples.
Porém, quando finalmente ganhei coragem para me desfazer de um dos vários livros, descobri que as candidatas à compra do segundo volume de As Cinquenta Sombras de Grey (e, os comentários dos leitores na wook ao livro? simplesmente assustador... tão assustador como a excitação para ver um filme onde o abuso e a violência estão tão presentes, disfarçados num falso romantismo!) não possuem uma lista para troca. E, assim, acabei por vender... para quê guardar um livro que nunca conclui e que, pelos mais diversos motivos já aqui explicados, me desagrada?
Vendi o segundo livro de As Cinquenta Sombras de Grey. Custou, é verdade. Mesmo não gostando e apesar dos motivos é um livro que traduz memórias. Discussões com as amigas, os olhares de censura e as piadas maldosas de outros. Apesar de tudo, não me arrependo... o primeiro volume não segue os passos do segundo porque está assinado e tenho sérias dúvidas que alguém o queira assim. Mas, acima de tudo, não me arrependo porque, com o dinheiro da venda, mesmo que em segunda mão, virá para minha casa um livro que me despertou imensa curiosidade A Todos Os Rapazes Que Amei... porque, também eu já escrevi cartas a um rapaz que amei.
Amanhã as Sombras abandonam a minha casa rumo a uma nova casa. Menos um não-livro na estante, mais uma leitura... e, quiçá, mais um livro.