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Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

É por isto que não gosto de rever colegas.

Casei (...) Tenho um emprego estável e que me proporciona algum conforto (...) E vou ser papá de gémeos (...)

Parabéns, muitos parabéns.

 

Repito os parabéns à medida que me vai contando as boas novas dos anos em que perdemos o contacto. Aos vinte e cinco anos, o meu ex-colega de secundário, irradia felicidade e orgulho. Parece feliz, embora algo apreensivo com a chegada dos gémeos, prevista lá para outubro ou novembro... é a primeira vez e logo de dois, não será fácil mas, sei que será capaz; e é isso que lhe digo,

 

Tenho a certeza que te sairás muito bem nessa função.

 

Falamos mais um pouco sobre ele e a actual vida... mas será por pouco tempo.

A conversa volta-se, inevitavelmente, para mim. Chegamos à parte que menos gosto: falar de mim. Quer saber o que tenho para contar, se casei ou tenho namorado, se trabalho ou não... tal como ele falou sobre si. Olho o relógio na expectativa que entenda a minha (suposta) presa e não perceba que (subitamente) desejo fugir à conversa (e atirar-me a um rio, também)Fico feliz por ele, não lhe invejo o sucesso, mas também não quero que tenha pena de mim e do meu fracasso. Digo-lhe que não tenho nada de novo a contar e limito-me a um,

 

Terminei o mestrado e agora estou à de um procura de trabalho minimamente estável.

 

A conversa desenvolve-se em torno do habitual blablabla, 

 

Não és a única (...) A culpa é da crise (...) Na tua área é complicado (...) Abre-te a outras áreas de trabalho (...) Procura no estrangeiro (...) Tens de ter calma e paciência (...) Já colocaste alguma cunha num ou noutro sítio? (...).

 

Contenho-me. Apetece-me explodir a chorar e explicar que não é o primeiro a dar-me aquela espécie de sermão ao qual eu conheço bem demais. Respiro fundo. Escuto-o. Respondo-lhe às questões. Tento (ou convenço-me de que pareço) parecer serena e animada, com esperança de que amanhã conseguirei o meu desejado trabalho. Porém, volta à carga, parece não ter entendido os meus olhares sistemáticos para o relógio e depois do profissional, volta-se para o pessoal.

 

Mas tu não tinhas um namorado? Julguei que também já tinhas casado. (...) Mas o que aconteceu?

 

Tinha. Já não tenho. Limito-me a isto. Respondo-lhe à última questão com um simples e resumido não tinha porque dar certo. Responde-me com um,

 

Oh, que pena! Mas ainda és nova, vais encontrar alguém em breve.

 

Corto-lhe a palavra antes que lance outra questão. Justifico-me com outras tarefas a realizar e um pedido de desculpas por lhe interromper o pensamento. Fica a promessa de conhecer os gémeos e de relembrar memórias de secundário juntamente com a esposa. 

Entro no carro. Olho em redor. Certifico-me que ninguém me observa e deixo as lágrimas correr. É por isto que não gosto de rever colegas. Porque uma coisa leva a outra e eu não estou na melhor fase da minha vida... porque, como no passado, não quero que percebam que nada em mim e na minha vida mudou (a gordinha que será sempre um fracasso, como alguém me disse um dia... não quero dar-lhe razão).

Desabafo # 5

Pela primeira vez na minha vida, nos meus 26 anos de existência (e que eu me recorde), ganhei um prémio num passatempo em que participei. Tantas vezes participei em passatempos e, pela primeira vez, consegui conquistar o prémio final. Um prémio sobre uma paixão que tenho desde menina. Um prémio que seria como conquistar e quase realizar um sonho. Uma paixão, um sonho que quase ninguém compreende e que nem eu mesma sei explicar... simplesmente pertencem-nos e não temos nem existe forma de o explicar. Paixões que nascem connosco e que, um dia, sem darmos por isso, as sentimos.  

 

 

Ganhei um prémio mas não vou poder usufruir dele. Não posso porque não tenho condições financeiras para as deslocações... e porque moro no fim-do-mundo. E, é nestas alturas que a frase o dinheiro não traz felicidade deixa de fazer qualquer sentido... nesta situação, não só seria sinónimo de felicidade, como seria a concretização de um bocadinho de mim. Agora, resta-me ficar à espera que, um dia, a oportunidade surja de novo... e, rezar, rezar muito porque, oportunidades como estas surge uma vez em milhões de anos. Resumidamente, sinto-me frustrada. 

Reza a lenda que...

...antigamente, um estágio profissional era indicado para recém-finalistas (seja do ensino secundário, seja a nível superior) ou para aqueles com poucos ou nenhuns conhecimentos na área. Porém, um iluminado político achou que isso não fazia qualquer sentido e bota de alterar as condições de acesso aos estágios profissionais.

 

 

Tudo isto para agradecer à alminha com genial ideia. Graças a si, fui excluída de um processo de selecção por não ter experiência, tendo a empresa optado por alguém com mais de cinco anos de experiência na área. 

Uma especial palavra de carinho à empresa: sem ela, provavelmente continuaria na ignorância sobre as novas condições de acesso a um estágio profissional. 

Por fim, uma última palavra à alminha iluminada lá de Lisboa (ou às alminhas iluminadas): obrigada por me fazerem rir! A sério... obrigado, sois geniais! No fundo, lá no fundo, eles só querem fazer o povo feliz e com vontade de rir mais. Na minhas pesquisas de emprego, já me deparei com estágios profissionais para empregadas de limpeza ou para arrumador dos carrinhos de supermercado.

E, dizem as más línguas que é uma forma de combater o desemprego jovem... obrigado!