Livros na mesa de cabeceira.
Três. O verão é, para muitos, tempo de férias, descanso e calma. Para mim, que trabalho nesta altura num café, é tempo de confusão, cansaço e cabeça feita num oito. Isto reflecte-se e provoca moças na leitura... acabam por ficar um bocadinho arrumadas. A verdade é que vou lendo mas procuro evitar todo o género de livros grandes, com conteúdo histórico ou histórias pesadas. No fundo, aproveito para ler exactamente aquilo que o verão das mil confusões me pede: leituras leves. Porém, comigo não foi isso que acontece, simplesmente porque a ansia e a curiosidade sobre um determinado livro é elevada ou a desilução com outro nos obriga a parar, e neste momento tenho três livros na minha mesa de cabeceira...
Três livros na minha mesa de cabeceira é, segundo dizem na minha terra, a conta que deus fez. Ou, no fundo, sejam apenas dois livros. O primeiro livro que se encontra à semanas a requerer a minha atenção é O Retrato da Mãe de Hitler do escritor português Domingos Amaral.
O livro foi-me emprestado pela Magda, do blogue StoneArt. Tenho como política ler o que não é meu e devolver assim que a leitura termine mas, porém, o certo é que o livro anda à dias, semanas, na mesa de cabeceira sem que lhe toque. O Retrato da Mãe de Hitler tinha tudo para ser um belo romance histórico, clarificando a posição de Portugal de Salazar face ao fim da II Grande Guerra e dos nazis alemães que usaram o país como rota de fuga. Todavia, o livro fica aquém das expectativas: diálogos pobres e improváveis entre neto e avô, abundância de relatos sobre sexo e abordagem fraca às aventuras e desventuras do nazi que guardava os tesouros de Hitler, incluindo o retrato de Klare, a mãe de Adolf. Li, de Domingos Amaral, Quando Lisboa Tremeu, romance histórico sobre o terramoto de 1755, e na época gostei da forma simples, clara e fluida como escrevia, bem como no que considerei tratar-se de um excelente trabalho de pesquisa. Porém, este segundo livro que leio dele revelou-se uma total desilusão... e, no entanto, poderia dar-se o caso de a desilusão se dar em virtude de não ter lido o primeiro volume Enquanto Salazar Dormia, mas o segundo livro claramente, pela prodigiosa capacidade de recordação do avô Jack, dispensa a leitura do primeiro. Não gosto de deixar livros inacabados mas, quando sinto necessidade de saltar frases ou páginas à frente, dificilmente conseguirei terminar o livro. Iniciei a leitura a dezasseis de julho e, todavia, até à presente data, não o voltei a folhear, lendo e vivendo outras aventuras literárias... sinceramente, nem sei se o voltarei a esta leitura nem sinto necessidade de o fazer.
Na semana passada, a dia treze, comecei a ler O Tempo Entre Costuras da espanhola María Dueñas.
É, tal como o anterior mencionado, um romance histórico passado entre terras espanholas, marroquinas e portuguesas, costurado sob o pano da Guerra Civil Espanhola e de uma Madrid que apoia a Alemanha Nazi da II Grande Guerra, dos enclaves de Tânger e Tetuán, e uma Lisboa que ainda não conheci. O Tempo Entre Costuras era daqueles livros que queria ler à muito tempo... mais ou menos desde que o meu irmão me falou na série que ele gostava de acompanhar. O livro foi adaptado a série por um canal espanhol, em 2013, e o meu irmão foi-lhe fiel seguidor. Portanto, desde essa altura que desejava ler o livro... e o entusiasmo cresceu quando li criticas positivas noutros blogues, e de entre elas a da JustSmile, sobre o livro. Não se trata, todavia e na minha opinião, de um livro carregado de aspectos históricos. O Tempo Entre Costuras conta com o seu qb de detalhes históricos, não se tornando maçudo, numa escrita cuidada mas clara e fluida. Acabei por abandona-lo um pouco, essencialmente, porque me sinto cansada e sem me conseguir entregar devidamente à sua leitura. É uma leitura que merece tempo e dedicação e enquanto os dias cansativos se mantiverem, dificilmente serei capaz de me lhe dedicar o tempo que realmente merece. A curiosidade sobre o livro levou a melhor, à muito que o ansiava ler e o inevitável aconteceu... não consegui deixar para uma altura mais calma, sendo obrigada a uma pequena pausa. O Tempo Entre Costuras é, sem dúvidas, um romance histórico que vale a pena ser lido.
Por fim, recentemente, a catorze, optei por dar inicio à leitura de Arroz de Palma do brasileiro Francisco Azevedo.
É, um livro pequeno, com cerca de trezentas páginas, capítulos pequenos e fáceis de ler, duas a três páginas, escritas numa mistura entre o português de Portugal e o português do Brasil. Arroz de Palma fala sobre família, a complexidade de um século na vida de uma família brasileira com sangue português, um prato de elaboração complexa... sim, Arroz de Palma é daqueles livros com sabores e cheiros, misturando culinária com sentimentos diversos. Não posso dizer que estou a adorar, uma vez que ainda estou muito no início, não ultrapassei as primeiras cinquenta páginas mas, posso afirmar que já me ri com as personagens e desentendimentos...