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Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Vendi o meu primeiro livro.

Vendi o meu primeiro livro. Custou-me. Foi um tanto ou quanto doloroso. Sou uma pessoa agarrada aos livros. Mesmo quando não gosto ou são péssimos. É parvo, bem sei, se não gosto não vale a pena manter e roubar espaço na estante. Mas, sei lá, imagino que alguém, algum dia, me pede aquele preciso livro. Ou que, num futuro, seria um presente ideal. Ou que... sei lá, é-me difícil explicar. Livros, mesmo os piores, significam sempre qualquer coisa. O defeito é meu, que me afeiçoo a eles, que me custa a desfazer de tudo e sou uma autêntica acumuladora de livros, recordações e tralhas com significado.

 

Debati-me durante semanas sobre o destino de alguns não-livros, portanto, dos que não gostei. Já tinha pensado na opção de vender mas, para ser sincera, custa-me pedir um valor porque, na verdade, nunca sei quanto pedir por eles. Outra opção que ponderei foi o de doar; porém, alguns deles assinei com o nome e logo descartei esta hipótese - não é que seja algo relevante, mas não me apetece ter o meu nome nas mãos de sabe-se lá quem. Por fim e a opção que mais me agradava: trocar. Prática e simples. 

 

Porém, quando finalmente ganhei coragem para me desfazer de um dos vários livros, descobri que as candidatas à compra do segundo volume de As Cinquenta Sombras de Grey (e, os comentários dos leitores na wook ao livro? simplesmente assustador... tão assustador como a excitação para ver um filme onde o abuso e a violência estão tão presentes, disfarçados num falso romantismo!) não possuem uma lista para troca. E, assim, acabei por vender... para quê guardar um livro que nunca conclui e que, pelos mais diversos motivos já aqui explicados, me desagrada? 

 

Vendi o segundo livro de As Cinquenta Sombras de Grey. Custou, é verdade. Mesmo não gostando e apesar dos motivos é um livro que traduz memórias. Discussões com as amigas, os olhares de censura e as piadas maldosas de outros. Apesar de tudo, não me arrependo... o primeiro volume não segue os passos do segundo porque está assinado e tenho sérias dúvidas que alguém o queira assim. Mas, acima de tudo, não me arrependo porque, com o dinheiro da venda, mesmo que em segunda mão, virá para minha casa um livro que me despertou imensa curiosidade A Todos Os Rapazes Que Amei... porque, também eu já escrevi cartas a um rapaz que amei. 

 

Amanhã as Sombras abandonam a minha casa rumo a uma nova casa. Menos um não-livro na estante, mais uma leitura... e, quiçá, mais um livro.

Obrigado,

pelos destaques, 

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Escrevi o texto destacado há algumas semanas, talvez aquando da divulgação do segundo trailler do filme e depois de mais umas quantas partilhas excitadas do mesmo no facebook. É um daqueles textos que ficam a fermentar nos rascunhos como que esperando pela melhora altura para o publicar... e, sem qualquer motivo ou talvez porque não tinha mais nada para escrever, acabou publicado à dois dias. Escrevi o que me veio à alma, consciente despertaria amores e ódios de quem lê-se. Jamais imaginei que fosse alvo de destaque. Mas, ainda bem que o foi... Li comentários que me fizeram reflectir, algumas opiniões contrárias mas fundamentadas e os típicos comentários negativos e sem fundamento (que, não merecem qualquer atenção). A todos, do mais positivo ao mais negativo (mesmo aos que me crucificaram pelo erro ortográfico), o meu sincero obrigado.

 

A questão da violência psicológica e doméstica, seja num casamento ou no namoro, de homem contra a mulher ou da mulher contra o homem é um tema sensível e complexo ao qual não podemos simplesmente fechar os olhos. O livro de E. L. James não passa de pura ficção mas em alguma realidade se baseou... e, quantos de nós, ao lerem o livro, não sentiram que conheciam aquilo de algum lado? Aquela história ou aquele sentimento? Eu sim, confesso: momentos em que identifiquei com o meu passado ou com a história de alguém. A velha mania de dar um final feliz às histórias e de transformar os maus em bons... A linha que separa a ficção da realidade é frágil e o final é sempre distinto. 

*Sobre (a excitação em torno de) As Cinquenta Sombras de Grey.

Talvez seja problema que, sei lá, sou um tanto ou quanto exagerada ou, quiçá, seja um bocadinho anormal mas, sinceramente, não entendo o alarido em torno da adaptação cinematográfica de As Cinquenta Sombras de Grey. Sim, leram bem: eu, M*, não entendo o entusiasmos mundial e excitação feminina para com os livros e futuros filmes de E. L. James...

 

Bom, vamos por partes...

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 (poster oficial)

 

Eu li os livros. Ou melhor, eu li o primeiro livro e metade do segundo. Li pelo mesmo motivo que quase todas leram: curiosidade. Confesso: do primeiro gostei. Parecia uma espécie de história à Cinderela (talvez não seja a escolha mais acertada, mas não me lembro de outra história) dos tempos modernos. E, admito (se a memória não me falha), gostei dos gestos românticos e dos sentimentos de preocupação e conquista de Christian Grey. Do segundo livro, o mesmo já não posso dizer. Consegui, a muito custo, chegar a meio do livro. Não gosto de deixar livros por ler mas, foi-me impossível terminar a leitura: quando tenho necessidade de saltar partes, o interesse e entusiasmo pelo livro acaba por morrer. Sim, leram bem... na ânsia de tentar ler o livro até ao fim, saltei as partes de sexo que, embora diferentes, tornam-se sempre o mesmo. E, bah, eu não sou nenhuma santa, gosto de sexo e tenho as minhas fantasias sexuais, algumas retratadas no livro mas, sei lá, aquilo era exagerado... a cada duas páginas (e, mais uma vez, se a memória não me falha) uma nova cena de sexo... irra! Quanto ao terceiro livro, nem quis saber... contentei-me com o relato entusiasmado das minhas amigas e colegas, suspirando por Grey. 

 

Segunda parte: a Anastacia é uma tipa sem sal a quem, por diversas vezes, me apeteceu entrar no livro e abanar a moça; e, o Grey, um gajo obsessivo, ciumento, manipulador e machista. Os gestos que gostei no primeiro livro, transformaram-se em cenários violentos de um namorado abusador. Enquanto amigas e colegas sonhavam tornar-se a Anastacia da vida real, eu questionava-me se achariam graça a um Christian real chantagista e possessivo, que as tenta afastar do melhor amigo e de tudo o que seja elemento masculino... talvez o problema seja meu que, exagero sempre um bocadinho e, em verdade se diga, não passa de um livro. Mas, quando, na altura, me apelidaram (as amigas) de exagerada, propôs-lhe o exercício simples de tentar imaginar um namorado como o personagem, relatando algumas das passagens do livro... e, a custo, lá cederam e concordaram comigo... Eu nunca deixaria que o meu namorado me tratasse assim ou sequer me tentasse controlar mas, oh, o Grey é tão charmoso e é esse lado possessivo que o torna encantador! - respondia-me elas.

 

Por último, eu tenho curiosidade em ver o filme. Sim, eu quero ver o filme. Inclusive, acompanho a página de facebook do filme e já vi os dois traillers. E, depois destas minha exposição negativa sobre os livros de E. L. James, porque raio ainda quero ver o filme? Essencialmente porque quero ver como irão transformar um livro que, mais não é, do que uma versão pomposa do kamasutra, em filme, sem o transformar numa pornografia barata de um qualquer site do género. E, porque, também, tenho interesse em ver como os actores interpretaram as personagens (sobretudo, depois da escandalosa escolha em torno do actor que dará vida a Grey). Mas, não pensem que tenciono ir a correr para a sala de cinema ou enfiar-me numa fila de quatro horas para comprar o bilhete (prevejo este cenário aquando da estreia). Não, nem pensar... 30 km entre a santa terra e a sala de cinema mandam mais do que um Grey (e nem falemos no preço absurdo dos bilhetes). Quando, e se algum dia chegar ao mundo da internet e dos filmes online, logo os vejo (aos três ou mais, não vá alguém lembrar-se de dividir o último livro em duas partes)... e, sinceramente, se não o vir, é-me igual.

 

Em resumo, nem todas as mulheres são Anastacias e, nem todos os homens são Greys, a considerarem-se donos das namoradas ou esposas. Admito que tenho uma visão romântica das relações: sim, eu quero alguém que me defenda e proteja, que esteja ao meu lado mas, acima de tudo, que respeite me respeite e aceite o meu espaço, as minhas amizades e as escolhas que tomo... não preciso de alguém que me vigie e me diga com quem devo falar ou estar (ou, inclusive, o que comer). Até porque, os Greys e Anastacias da vida real, muitas vezes, acabam em tragédia...

 

 

* (o título foi propositadamente colocada assim, uma vez que se trata de uma opinião (aliás, como tudo o que escrevo)... antes que alguma doidona pelo livro/filme me critique)

** (e não, não li mais nenhum livro do género)