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Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

21 | Na minha estante... A Bibliotecária de Auschwitz.

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 A Bibliotecária de Auschwitz inspirado na história de vida de Dita Kraus, sobrevivente de Auschwitz, remete-nos para o horror sofrido por milhares de judeus nos campos de concentração mas, acima de tudo, o poder e a força que os livros podem exercer naqueles que vivem rodeados do horror.

 

 Os livros conservam nas suas páginas a sabedoria de quem as escreveu. Os livros nunca perdem a memória.

 

Dita Adlerova não é mais do que uma jovem adolescente porém, é ela a portadora e testemunha de um segredo marcante, proibido no campo de Auschwitz-Birkenau. Dita, juntamente com Fredy Hirsch, que conseguiu erguer uma escola num campo de concentração, é a guardiã de oito poderosos livros. Cabe-lhe a ela, enquanto bibliotecária, a protecção e cuidado dos livros estritamente proibidos pelos nazis. Dita sabe que, cada livro que esconde, pode significar o seu fim e, no entanto, dona de uma coragem extraordinária, a jovem cuida aqueles oito preciosos livros como se de alimento se tratasse. No fundo é disso que se trata... 

 

Nos primeiros dias, não entendia o repentino interesse pelos livros até da parte dos menos aplicados mas, pouco a pouco, foi-se apercebendo de que os livros são uma ligação com os exames, o estudo e as tarefas menos agradáveis da escolaridade, mas também um símbolo da vida sem redes de arame farpado e sem medo. Até os que nunca antes abriram um livro sem ser de má vontade reconhecem agora nesse objecto de papel um aliado. Se os nazis proíbem os livros, é porque os livros estão do seu lado.

Manipular os livros aproxima-os mais um pouco da normalidade, e é esse o sonho de todos.

 

A Bibliotecária de Auschwitz recheado de personagens extraordinárias e diálogos marcantes, obriga-nos a reflectir sobre um dos períodos mais negros da História da Humanidade. É importante realçar que facilmente nutrimos afecto e simpatia pelas personagens, mesmo aquelas que assumem o papel de maus, como um dos guarda das S.S.; sendo igualmente dado a conhecer lado oculto de um homem diabólico, o Anjo da Morte, Josef Mengele. A temática é difícil mas, Iturbe soube escrever de forma sensível, cativante e cuidada. 

  

Jamais deveremos esquecer os horrores atrozes testemunhados, maioritariamente, por Judeus e Antonio G. Iturbe escreveu um romance inspirador e que todos nós deveríamos ler. Há livros que dolorosos, marcantes, inesquecíveis e A Bibliotecária de Auschwitz é um desses livros. 

 

Há dois professores que levantam a cabeça, angustiados. Têm nas mãos algo que é rigorosamente proibido em Auschwitz e pode condená-los à morte se forem descobertos. Esses objectos, tão perigosos que a sua posse é motivo para a pena máximo, não se disparam, não são cortantes, perfurantes ou contundentes. Aquilo que os implacáveis guardiães do Reich tanto temem são apenas livros: livros velhos, sem capas, desfolhados, quase desfeitos. Mas os nazis odeiam-nos, caçam-nos e proscrevem-nos com uma ferocidade obsessiva. Ao longo da História, todos os ditadores, tiranos e opressores, fossem arianos, negros, orientais, árabes ou eslavos, fosse qual fosse a cor da sua pele, quer defendessem a revolução popular, os privilégios dos ricos, o primado de Deus ou a disciplina sumária dos militares, fosse qual fosse a sua ideologia, tiveram uma coisa em comum: todos, sem excepção, perseguiram os livros com uma sanha feroz. Os livros são perigosos, fazem pensar. 

 

A Bibliotecária de Auschwitz tornou-se num dos meus livros preferidos. Como leitora curiosa sobre a temática da II Guerra Mundial, em particular, os campos de concentração, o livro de Antonio G. Iturbe é um excelente testemunho que, mais uma vez, sublinho deve ser lido por novos e velhos, homens e mulheres, ocidentais e orientais, ateus e religiosos... 

 

Antonio G. Iturbe

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Nasceu em Saragoça, Espanha, em 1967. Dedica-se há vinte anos ao jornalismo cultural. Foi coordenador do suplemento televisivo de El Periódico, redactor da revista de cinema Fantastic Magazine e trabalha há dezassete anos na revista Qué Leer, de que é actualmente director.
Colaborou nas secções de livros de «Protagonistas» Ona Catalana, ICat FM e a Cope, e em suplementos culturais de jornais como La Vanguardia ou Avui.
Publicou dois romances, e é autor de uma série de êxito de livros infantis.

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