Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Cara Mariana...

Mariana Vieira da Silva, actual ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, segundo vários meios de comunicação social (aqui e aqui), pretende que o dia 7 de Março, véspera do Dia Internacional da Mulher, seja um dia dedicado ao luto nacional pelas vítimas da violência doméstica.

 

mw-860.jpg

 

Cara Mariana, 

Enquanto mulher e sua colega de profissão, embora sem nunca ter exercido (porque, como é evidente, não nasci em berço de ouro nem sou filha de um homem com o mesmo prestígio que o senhor seu pai ministro), tenho a escrever que não preciso de um dia nacional de luto pelas vítimas. As vítimas de violência doméstica ou no namoro não precisam de um dia que lhes lembrem que, um dia, podem fazer parte da negra estatística. Mulheres, homens (porque eles, em menor número, também sofrem - aqui) e crianças não precisam de um dia onde se valorizem números. O que precisamos, o que a sociedade precisa, é de medidas e de menos juízes, como Neto de Moura (mas, o que é que o homem tem contra as mulheres?!). De pouco ou nada serve mais um dia como esse que a senhora pretende criar. Um filho que perdeu a mãe às mãos da violência de um pai precisa que, de facto, se tomem medidas que começam nas mais diversas áreas: da escola aos tribunais, das policias às equipas que apoiam e acompanham as vítimas. Existe tanta coisa mais importante por onde começar... do que um dia nacional de luto. 

 

Acredito, senhora Mariana, que um dos primeiros passos para combater a violência doméstico e no namoro comece nas escolas, junto das meninas e dos meninos, ensinando-lhes a importância do respeito mútuo e da igualdade entre sexos. Acredito, senhora Mariana, que formar os profissionais que lidam diariamente com estes casos, seja médicos, enfermeiros, polícias ou juízes, para a não responsabilização da vítima seja um outro caminho para combater a violência antes de se declarar um dia específico pelos que já partiram. Acredito, senhora Mariana, que apoiar as vítimas em vez de as punir com a fuga de casa para uma casa abrigo e responsabilizar o agressor seja mais importante. Inclusive, acredito, senhora Mariana, que se deve trabalhar com o agressor para que este lide com os sentimentos de possessão, agressividade, controlo e vingança contra a vítima. Acredito, senhora Mariana, que enquanto ministra, terá uma equipa muito mais capaz e, talvez, mais preparada do que eu para lhe indicar o melhor caminho para combater e diminuir o número de vítimas da violência... só não consigo compreender como é que considera que criar um dia de luto pode ajudar a mudar a estatística. 

 

Cara Mariana, enquanto mulher que um dia viveu um relacionamento possessivo e de controlo (porque a violência não escolhe graus académicos, profissões, género, religião...), acredite que o caminho não é esse e medidas como a que pretende de nada servem... no dia de 7 de Março falaremos sobre as mulheres que morreram às mãos da violência doméstica mas, se o caminho se mantiver, nos restantes dias, falaremos sobre as novas Maria(s), Lara(s), Inês(es) e tantos outros nomes que a violência já matou. Morreram, desde o início deste ano, 12 mulheres... quantas mais terão de morrer?

 

1 a 3 violencia domestica contra mulheres.jpg

5 | Filhos à Venda de Kristina McMorris.

1540-1.jpg

Os romances baseados em acontecimentos históricos são o meu género literário favorito. Não resisto a título apelativo, aliado a uma cativante sinopse. Inclino-me preferencialmente para a temática das Grandes Guerras e do Holocausto, mas leio de tudo e é por meio destes romances históricos que aprendo um pouco mais sobre o passado mais diversos dos países do Mundo, sobre acontecimentos pouco conhecidos, detalhes que nem sempre são relatados nas aulas de História ou abordado nos meios televisivos. Filhos à Venda de Kristina McMorris é um desses livros. Um romance histórico tendo como pano de fundo a Grande Depressão e as consequências marcantes na vida da população americana. 

 

Imaginem-se num campo, a passear numa tarde de sol, quando se deparam com um cenário macabro: duas crianças sentadas no alpendre de uma casa modesta e rural acompanhadas por uma placa onde se pode ler "Vendem-se duas crianças". Que sentimentos desencadearia tal cenário no nosso interior? Como reagir? O que fazer? 

 

1931. Ellis Reed é foto-jornalista, na área cor-de-rosa e social de um jornal americano, em busca de uma  reportagem que lhe altere a posição e o faça elevar de posição. Numa tarde, depois de uma reportagem social, o jovem depara-se com o cenário que jamais esquecerá: o de duas crianças com uma placa que as colocava à venda. O anúncio, resultado das brutais dificuldades que as famílias americanas enfrentavam após a queda da bolsa em 1912, leva o jovem foto-jornalista a tirar uma fotografia ao cenário. Ellis não pretende publicar a imagem. Porém, quando Lilian Palmer, a sua colega de jornal, descobre a fotografia, sugere a sua publicação ao chefe de redacção e o jovem vê-se sem alternativa... Ellis procura evita-lo, mas sabe que aquela imagem pode mudar a sua carreira profissional. Todavia, acidentalmente, a fotografia é destruída e Ellis vê-se na necessidade de recriar o cenário, com novas crianças. A fotografia é publicada mas as consequências são devastadoras para as duas crianças que a protagonização. Ellis e Lilian compreender o grave erro cometido e, para o solucionarem, os dois embarcam numa arrisca aventura para reunir uma família fracturada. 

 

Baseado em factos reais, a narrativa mostra-nos não só as dificuldades que as famílias americanas sofreram na Grande Depressão, vem como as escolhas difíceis de uma mãe viúva na esperança de conseguir um futuro melhor para os seus filhos. Mais do que escolhas, Filhos à Venda é um livro que nos mostra os laços poderosos que unem mães e filhos, assim como o luto e a perda de um filho podem destruir uma família. É um livro delicado e inesquecível, onde as escolhas das personagens tomam proporções gigantescas, rico em detalhes históricos sobre a época. Um relato de pobreza e ambição inesquecível. 

 

Avaliação (de um a cinco): 5*

 

___

 

Filhos à Venda de Kristina McMorris 
ISBN: 9789898917621
Edição ou reimpressão: 01-2019
Editor: TopSeller
Idioma: Português
Páginas: 352
 
Sinopse:
Uma história comovente de perda e redenção, inspirada em impressionantes acontecimentos reais.

Em 1931, o repórter Ellis Reed depara-se com uma cena angustiante. Duas crianças encontram-se no alpendre de uma casa rural e ao seu lado está uma tabuleta onde se pode ler:

Vendem-se duas crianças

Aquele anúncio, um reflexo das dificuldades brutais que inúmeras famílias americanas enfrentaram após a queda da bolsa em 1929, leva Ellis a tirar uma fotografia à cena. Quando Lillian Palmer, sua colega no jornal, encontra a fotografia, sugere a sua publicação ao chefe de redação. Ellis revela-se contra, mas percebe que aquela imagem pode conduzir à sua grande oportunidade de progredir na carreira.

Acidentalmente, a fotografia é destruída, e Ellis tem de regressar à casa para voltar a fotografar a cena. Ao encontrar a casa vazia, toma uma decisão: recria uma cena semelhante numa casa vizinha, com novas crianças, e tira outra fotografia.

A imagem acaba por ser publicada, e as consequências são devastadoras. Ellis e Lillian sabem que um grande erro foi cometido, e vão ter de decidir quanto estão dispostos a arriscar para salvar uma família fraturada.

Mudar.

Terminei o meu mestrado em 2013. Batalhei durante muito tempo, entre estágios de curta duração e trabalho a recibos verdes, sem nunca conseguir chegar à minha área de formação. Comecei a trabalhar como operadora de loja num hipermercado em 2016, depois de sentir que as portas se fecham com argumentações diversas que variavam entre o "não possui a experiência necessária" ao "a sua formação académica é excessiva". Aprendi muito enquanto operadora de loja: a importância do trabalho em equipa e entre-ajuda, lutei contra o monstro da timidez e dos medos, cresci muito quer pessoal quer profissionalmente. Fui pressionada pela gerente que embirrava com qualquer colaborador que não trabalhasse como ela assim entendia. Senti que o meu trabalho, por mais que eu procurasse melhorar, nunca era valorizado ou reconhecido por ela. Mudei. Precisava de mudar para conhecer um outro universo profissional.

 

novo-caminho-blog-04.jpg

 

Demiti-me o ano passado, neste período, e lancei-me a um novo desafio profissional. O automóvel passou a ser o meu local de trabalho, sempre em viagens pelo Minho, um dia em Monção outro em Guimarães e outro em Barcelos. Os dias nunca eram iguais e, apesar de tudo, eu sentia-me diariamente cansada e frustrada. Fruto de expectativas elevadas e ideias que pouco combinavam com a realidade, percebi que não era isto que queria fazer para todo o sempre. Sim, porque era esse o caminho: fazer o mesmo, durante anos, sem qualquer possibilidade de progressão profissional porque ela não existe naquela empresa. Sentia-me agradecida por conhecer aldeias, vilas e cidades que, de outra forma, dificilmente conheceria. Não tinha um chefe que diariamente me pressionasse mas sentia a falta de companhia... podia passar dias em que pouco ou nada falava. Culpa da minha constante insatisfação, decidi arriscar novamente e mudar.

 

Os inícios de ano, dizem, costumam ser bons para se mudar de trabalho. Para mim, qualquer altura do ano é boa para mudar e arriscar, porém, a verdade é que têm sido os inícios de ano que coincidem com as minhas mudanças profissionais... e pessoais.

 

No próximo mês, porque quis aproveitar para tirar umas férias entre alterações profissionais, vou regressar a um hipermercado e mudar de cidade. Mudo porque acredito que, nesta nova empresa, sem os vícios e esquemas de empresas já antigas na área, poderei encontrar um caminho para mim. Mudo porque, aos trinta anos, sinto que preciso de crescer e assentar numa casa minha, num espaço meu. Mudo porque quero anular a permanente insatisfação que sinto. Mudo porque quero deixar de adiar sonhos pessoais, como o de me juntar com o meu namorado ou o de ser mãe. Mudo porque a vida é uma constante e permanente mudança e só os insatisfeitos arriscam em mudar. 

 

Provavelmente, nunca conseguirei trabalhar na minha área de formação mas quero sentir que, de facto e de alguma forma, não foi um trabalho em vão. Nunca o é. O estudar e aprender nunca é desperdício de tempo. A minha formação académica abriu-me horizontes e deu-me a possibilidade de ver para lá do que a minha pequena vila me poderia dar. Mas, quero sentir que, porque acredito que assim é, a minha experiência é mais útil. Porque, no fundo, sinto aquela mágoa de quem batalhou durante anos e nunca foi recompensado... e é esse sentimento que eu não quero, nem pretendo, carregar toda a vida. 

 

tumblr_npdmpcFMUY1unzoaao1_500.jpg

4 | O Tatuador de Auschwitz de Heather Morris.

otatuador.jpg

O Tatuador de Auschwitz de Heather Morris é baseado no testemunho vivido de Lale Sokolov, uma história de sobrevivência e amor inspiradora e marcante.

 

O ano é o de 1942 e Lale chega ao campo de concentração de Auschwitz-Birkenau. Sonhador, sedutor e de personalidade cativante, o jovem judeu é incumbido, por forma a sobreviver, de marcar no braço de outras vítimas, com uma tinta indelével, uma sequência de números: o número pelo qual os prisioneiros serão identificado. A marca que permanecerá marcada na pele de milhares de judeus e outras vítimas do Holocausto, um dos símbolos mais poderosos dos campos de concentração alemães. É na fila dos recém-chegados que Lale conhece a aterrorizada Gita. O ambiente é de medo mas, ainda assim, um amor à primeira vista nasce naquele ambiente de terror: o de Lale pela jovem Gita. Determinado a sobreviver e a conquistar o amor de Gita, Lale tudo fará para o conseguir, abraçando sonhos de um futuro a dois para quando a Guerra terminar. 

 

Nos três anos em que Lale vive naquele campo de concentração, o tatuador conquista uma posição privilegiada através de uma série de "acasos felizes", usando essa posição para ajudar outros prisioneiros amigos, através de alimentos e medicamentos. Nascido na Checoslováquia, de seu nome Ludwig Sokolov, posteriormente Lale, a narrativa de Heather Morris mostra-nos que, no meio de uma das tragédias mais marcantes e negras da História, o amor pode nascer. 

 

Com pouco menos de 250 páginas, O Tatuador de Auschwitz é um daqueles livros que se lê em dois ou três dias, tal é a envolvência com que a narrativa nos cativa. Uma história real, onde o amor e a sobrevivência assumem o protagonismo, num cenário em que o medo e o terror predominam. Valores como a amizade, a compaixão e o espírito de entre-ajuda também marcam esta história. Uma leitura inspiradora, inesquecível e marcante! 

 

Uma nota de destaque para este livro por ser um dos poucos que li sobre a temática onde se falem de outros prisioneiros que não judeus: a narrativa também nos dá a conhecer o drama dos ciganos, em menor número, que a II Guerra encaminhou para campos de concentração. 

 

995234811920-montage.jpg

Lale, Gita e o filho de ambos.

 

A tatuagem foi-lhe feita em segundos, mas, para Lale, o choque é tal que o tempo parece ter parado. Segura o braço e fica a olhar o número. Como pode alguém fazer isto a outro ser humano? Pergunta-se se, pelo resto da sua vida, seja ela curta ou longa, será definido por aquele momento, por aquele número mal desenhado: 32407. (p. 19)

 

- Bom, Lale, um homem que ensina a respeito de impostos e de taxas de juro acaba por se envolver na política do seu país. A política ajuda-nos a entender o mundo até deixarmos de o entender e, nessa altura, atiram connosco para um campo prisional. O mesmo acontece com a religião. (p. 34)

 

- O que faz dela uma heroína. Tu também és, querida. As duas escolheram sobreviver; isso já é resistir a estes malvados nazis. Escolher viver é um ato de desafio, é uma forma de heroísmo. (p. 131)

 

Avaliação (de 0 a 5): 5*

 

---

 

O Tatuador de Auschwitz de Heather Morris 
ISBN: 9789722361668
Edição ou reimpressão: 02-2018
Editor: Editorial Presença
Idioma: Português
Páginas: 232
 
SINOPSE

História verídica de um amor em tempo de guerra!

Esta é a história assombrosa do tatuador de Auschwitz e da mulher que conquistou o seu coração - um dos episódios mais extraordinários e inesquecíveis do Holocausto.

Em 1942, Lale Sokolov chega a Auschwitz-Birkenau. Ali é incumbido da tarefa de tatuar os prisioneiros marcados para sobreviver - gravando uma sequência de números no braço de outras vítimas como ele - com uma tinta indelével. Era assim o processo de criação daquele que veio a tornar -se um dos símbolos mais poderosos do Holocausto.
À espera na fila pela sua vez de ser tatuada, aterrorizada e a tremer, encontra-se Gita. Para Lale, um sedutor, foi amor à primeira vista. Ele está determinado não só a lutar pela sua própria sobrevivência mas também pela desta jovem.

Um romance baseado em entrevistas que Heather Morris fez ao longo de diversos anos a Ludwig (Lale) Sokolov, vítima do Holocausto e tatuador em Auschwitz-Birkenau. Uma história de amor e sobrevivência no meio dos horrores de um campo de concentração, que agradará a um vasto universo de leitores, em especial aos que leram A Lista de Schindler e O Rapaz do Pijama às Riscas, e que nos mostra de forma pungente e emocionante como o melhor da natureza humana se revela por vezes nas mais terríveis circunstâncias.

Pág. 1/2