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Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Trinta.

Nunca tive ânsia de crescer, de me tornar adulta e de assumir responsabilidades que, aos olhos das crianças de dez anos, parecem divertidas e muito giras. Nunca tive aquela coisa de querer rapidamente chegar aos dezoito anos para aprender a conduzir e sair à noite. Nunca gostei de festas de aniversário porque, a cada novo ano, era uma nova vivência e um peso acrescido sobre os ombros. 

 

Hoje, a pouco mais de uma semana de completar os trinta anos de vida, continuo a não gostar de aniversários. Provavelmente atravesso a chamada "crise dos trinta", não me identificando com esta idade e com o que ela significa. Olho-me ao espelho e nele ainda me encontro algures nos vinte e seis.Talvez, porque ainda não carrego aquelas marcas que dizem ser características do tempo ou porque ainda me debato com problemas de acne, talvez seja porque poucos realmente me atribuem o número correcto ou porque não consegui atingir aqueles sonhos e objectivos que tracei aos vinte, a verdade é que eu não me revejo naquele número redondo... e sinto que, a cada ano que passa, menos fácil se tornará. 

 

Não serei, certamente, a única com dificuldades em me identificar com a idade que o cartão de cidadão diz que temos. E, tão pouco, a única a olhar em redor e a ver que tanto falta alcançar: o emprego, a casa, a viagem de sonho ou/e a gravidez. Quiçá o problema não esteja em nós mas na forma como a sociedade nos pressiona, em cada fase das nossas vidas, a alcançar determinados objectivos... talvez, em alguma fase da minha vida, tenha falhado à lição em que tudo se conquista no tempo certo. A verdade é que, daqui a pouco mais de uma semana, completarei trinta anos de existência e ainda tenho tanto por aprender, viver e conquistar; no fundo, o medo é o de sentir que tudo isto me escapa aos poucos pelos dedos. 

 

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Junho é o mês em que soprarei trinta velas e eu, por cá, sinto a nostalgia da adolescência e passo largas horas a ouvir músicas dos meus anos de menina.

Oh menina, trabalha aqui?

O meu actual trabalho permite-me nunca estar no mesmo sítio. Os dias são, todos eles, completamente distintos, quer em função quer em localidade, assim como no esforço intelectual necessário. Costumo dizer que o automóvel é o meu local de trabalho, visto que todos os dias são muitos os quilómetros que faço. Não sou comercial mas é algo do género. Portanto, sendo um trabalho que constantemente varia, volta e meia deparo-me com situações caricatas que me levam a pensar no tempo em que trabalhei como operadora de loja em hipermercado.

 

Diversas vezes, por semana, visito grandes superfícies comerciais, medindo lineares e retirando referências aos produtos, com auxilio de uma máquina própria. Faço-o com a minha roupa normal - umas calças de ganga ou pano, uma blusa básica e um casaco leve primaveril -, sempre (ou quase sempre) com um cartão de visitante ou fornecedor. Todavia, e vai-se lá compreender o porquê, existe sempre alguma alma que, por me ver com aquela máquina, acha que trabalho na loja e me pergunta se existe o produto x ou onde encontra o produto y. Julgam, provavelmente, que sou alguma chefe na loja. A história repete-se quer seja no Jumbo, Continente, Pingo Doce, E-Leclerc ou Intermaché e mais umas quantas grandes superfícies comerciais. E, se é verdade que existem algumas cadeias comerciais cujo fardamento dos funcionários deixa um bocadinho em dúvida, existem outras em que ele é claro e se distingue das roupas do dia-a-dia.

 

Trabalhei, até Fevereiro deste ano, num grande hipermercado e, mesmo usando o vestuário da empresa - da cabeça aos pés -, com a sigla da empresa visível, existia sempre alguma alminha que me perguntava "Oh menina, trabalha aqui?". Numa ou noutra ocasião chegava a responder que "Se não trabalhasse aqui certamente que não me via assim vestida". 

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Mudei de trabalho mas as histórias cruzam-se e repetem-se. Não sei se sou eu que, com o meu casaquinho florido e roupas básicas, dou a entender que ali trabalho ou se as pessoas simplesmente não querem ter o trabalho de procurar os produtos nos mais diversos corredores...

Meta: mais saúde.

Eu gostava de ser - confesso, na verdade, que adorava ser - como aquelas pessoas que passam uma ou mais horas no ginásio e fazê-lo todos os dias mas a realidade é que eu não me aguento nem meia hora daquilo. Falta-me tudo. Paciência, vontade, tempo. Não gosto das máquinas que todos apreciam, prefiro passadeira, bicicleta ou epiléptica.

 

Alterei os planos e, em vez de uma hora e três vezes por semana como o professor desejava, faço-o meia hora quase todos os dias. Para quem, resumidamente, nunca foi fã de desportos e sempre demonstrou pouca ou nenhuma apetência para área, já é um bom começo. Um bocadinho, todos os dias, porque o objectivo não é emagrecer mas ganhar saúde.