O Jogo do Anjo de Carlos Ruiz Zafón, segundo volume da trilogia O Cemitério dos Livros Esquecidos, é uma trama intensa e delicada, onde reencontramos velhas personagens d' A Sombra do Vento e novas e importantes personagens que apimentam a narrativa e a tornam marcante.
David Martín é a personagem principal de um livro recheado de mistérios. Homem apaixonado pelas letras e dono de um talento para a escrita inigualável, o destino de Martín cruza-se com o de um misterioso editor francês que, a troco de fama, saúde e dinheiro, lhe propõe que escreva um livro para si. O jovem aceita a proposta do estranho admirador Andreas Corelli longe de imaginar que tal lhe roubaria os bens mais preciosos da sua vida: o amor de Cristina e a amizade de Isabella.
Zafón, neste segundo volume, recupera algumas - na verdade, não muitas personagens como no terceiro volume - personagens do primeiro livro e dá-nos a conhecer a jovem Isabella, a mãe do protagonista do primeiro volume, Daniel Sempere, bem como o seu avô e traços da personalidade do seu pai. Isabella é comunicativa, energética mas extremamente leal e amiga... uma amizade pura nasce entre a jovem e David. Na verdade, o segundo volume é a história da livraria Sempere e Filhos, local de elo dos três livros.
- Não tenha medo, senhor Sempere, que os livros são a única coisa no mundo que não se rouba.
Releitura de 2014, O Jogo do Anjo foi, na época como agora, e apesar de todo o carinho que tenho pelo primeiro volume, A Sombra do Vento, o meu livro favorito da saga. Intenso, dramático e mais misterioso que o primeiro livro, senti verdadeira empatia e familiaridade com os sentimentos de David Martín. A realidade é que A Sombra do Vento e O Jogo do Anjo são narrativas diferentes, cuja histórias embora se interliguem entre si, igualmente se afastam... é difícil explicar-me porque, na época, fiquei com enormes questões na cabeça sobre David Martín que só vi resolvidas no terceiro volume, O Prisioneiro do Céu, porém e uma vez que se trata de releitura, já li os três livros da saga, conheço o destino e a verdade sobre as personagens, tornam-se complexo explicar-me.
- Sabe o que têm de melhor os corações despedaçados? - perguntou a bibliotecária.
Fiz-lhe sinal negativo.
- Só se podem despedaçar uma vez. Tudo o resto são arranhões.
Por outro lado, Zafón é extraordinário na escrita e na forma como descreve os cenários e os traços de Barcelona... é como se de facto estivéssemos naquela cidade em meados do século XX. Uma escrita deliciosa e envolvente, o escritor possui o dom invejável da escrita.
Ergui o olhar para a imensidão do labirinto.
- Como se escolhe só uma livro entre tantos?
Isaac encolheu os ombros.
- Há quem prefira acreditar que é o livro que nos escolhe a nós... o destino, por assim dizer.
O Jogo do Anjo é uma história sobre a magia da escrita e o poder dos livros. Recomendo-o para os fãs de mistérios, magia dos livros e drama.
O segundo volume da saga O Cemitério dos Livros Esquecidos foi uma leitura conjunta das bloggers Pandora, JP, Nathy, Cristina, Magda e Just.
Não há nada no caminho da vida que não saibamos já antes de o iniciar. Não se aprende nada de importante na vida; apenas se recorda.
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Título Original: El Juego del Ángel, 2008
Autor: Carlos Ruiz Zafón, Espanha
ISBN: 9789722037075
Páginas: 576
Editora: Dom Quixote, 2008
Sinopse:
Na turbulenta Barcelona dos anos de 1920, um jovem escritor obcecado com um amor impossível recebe a proposta de um misterioso editor para escrever um livro como nunca existiu, em troca de uma fortuna e, talvez, de muito mais.
Com um estilo deslumbrante e impecável precisão narrativa, o autor de A Sombra do Ventotransporta-nos de novo à Barcelona de o Cemitério dos Livros Esquecidos para nos oferecer uma aventura de intriga, romance e tragédia, através de um labirinto de segredos, onde o encantamento dos livros, a paixão e a amizade se conjugam num romance magistral.