A ironia do desemprego.
O senhor recrutador do Lidl considerou que o meu perfil profissional não se encaixava no de uma operadora de loja. A senhora da Adecco achou que não me enquadrava como comercial. Os senhores de um call-center em língua espanhola optaram por não me entrevistar. Na verdade, não me foi dada a hipótese de me apresentar profissionalmente, numa entrevista, às vagas referidas.
O irónico disto tudo é que trabalhei, durante anos, e vou trabalhando, num café/pastelaria/restaurante, fui formadora, fiz diversos voluntariados e falo (quase, um pouco enferrujado, é verdade) fluentemente espanhol, entre outras coisas. É certo que tenho aspectos que me penalizam, formação superior, mas considerava que tinha o perfil (mais ou menos) indicado para a vaga a que me candidatei... só que não.
Sinto-me a saturar. É desgastante acordar, visualizar dezenas de vagas de trabalho, enviar e adaptar os currículos às vagas e, no final, nenhuma resposta receber ou indicarem que não sirvo para determinada vaga. Não sonho, desisti, de acreditar que trabalharia na minha área ou semelhante. Envio vários currículos, diariamente, para diferentes vagas. Procuro na minha zona e em zonas onde tenho amigos e familiares. Nada. Absolutamente nada.
Desistir não é opção. No jogo que é o desemprego, o de sorte ou azar, a auto-estima começa a manifestar-se negativamente... sinto-me esgotada, a questionar-me se será problema meu ou se o meu currículo possui falhas.
Provavelmente ir à bruxa seria uma excelente ideia... começo a acreditar em maus-olhados e bruxedos.