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Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Um Mar de Pensamentos

... nasce do desejo inconstante de partilhar um pouco de mim e do que sou numa espécie de diário. Resumo-me em: Maria, 32 anos, signo gémeos, amante de livros, sonhadora, romântica, dramática q.b., viciada em chocolates.

Dizem que,

quando não conseguimos dormir à noite, é porque estamos acordados no sonho de alguém. A ser verdade, tenho a dizer-te que és o meu ladrão mais descarado. Roubas-me o sono para me teres nos teus sonhos. E, depois, quando me recupero, invades o meu sonho sem pedir qualquer permissão. É em ti que descanso e recupero o sono que me roubaste, enquanto me aconchegas em ti e brincas com os meus cabelos. Noutras noites, entras com pés silenciosos, quase nem te sinto, e abraças-me num abraço apertado, sussurras-me algo ao ouvido e... foges, deixas-me sozinha, quase nem dou por isso, tão silenciosamente como entraste. É estranho. Nunca sonhei com as cores, é sempre um mundo demasiado cinzento e, tu, chegas e dá-lhes um brilho especial. 

 

Dizem que quando não conseguimos dormir à noite, é porque estamos acordados no sonho de alguém. A ser verdade, o que sonhas tu quando me levas para os teus sonhos? 

 

Dizem que... e, a ser verdade, quero-te aqui... abraçar, tocar, sentir e beijar todos os dias e não em meros sonhos. Não quero estar nos teus sonhos. Não te quero mais nos meus. Quero saber quem és, como és, de onde és e se sonhas com uma viagem de comboio pela Europa. Quero o sonho real, pintado pelos dias ao teu lado. Não quero mais sonhos cinzentos nem um rosto tão familiar que, verdadeiramente, desconheço. Quero-te aqui. Por quanto tempo ainda continuaremos a sonhar um com o outro?

9 | Da minha estante... A Menina Que Fazia Nevar.

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 A Menina Que Fazia Nevar é, provavelmente, um dos livros mais bonitos que li até hoje. Uma história tocante e sensível, curiosa e diferente. Uma agradável surpresa onde temas como a religião, solidão, fanatismo e o bullying se misturam com o amor, a fé, o perdão e a imaginação. 

 

Judith é uma menina de dez anos que vive com o pai numa pequena cidade. Não tem amigos e é constantemente agredida, física e psicologicamente, pelos colegas. O pai, um homem de grande fervor religioso, trabalha numa fábrica e rege os dias da família segundo os mandamentos religiosos. Todos os dias ao regressar a casa, Judith e o pai, rezam e analisam textos da Bíblia. Pai e filha, atrevo-me a dizer, são dois desconhecidos que apenas falam de Deus e dos seus ensinamentos. Por conseguinte, os dias de Judith são passados na solidão do seu pequeno quarto. Nele construiu um pequeno mundo em miniatura, através de restos de lixo, que apelidou de Terra de Leite e Mel. Judith acredita que faz milagres quando, pela primeira vez, fez nevar no seu mundo em miniatura e, na manhã seguinte, a pequena cidade se vestiu de branco em pleno mês de Outubro. Judith acredita, igualmente, que fala com Deus.  

 

A Menina Que Fazia Nevar despertou, em mim, um turbilhão de sentimentos: ora de revolta pela forma como Judith é tratada pelos demais, ora de querer entrar no livro e acordar o pai do mundo religioso, ora de reflexão sobre os perigos do fanatismo religioso... e, se de facto todos seguíssemos os mandamentos da religião, independentemente de qual seja a religião, o Mundo seria um lugar extremamente difícil de se viver. Aliás, quando entregamos e vivemos mediante o que interpretamos de um livro, corremos o risco de sermos meros fantoches e de arrastar os demais, sem conseguirmos viver e aproveitar os dias. 

 

O livro esta repleto de questões e momentos de reflexão. Os milagres e poderes que Judith fala - para mim, golpes de sorte ou traçados pelo destino - leva-nos a reflectir sobre eles, mostrando-nos quem têm a força para os concretizar: nós? Deus? ou ambos?. Outra questão que fica em aberto: será, de facto, que Judith falava com Deus ou seria algum transtorno psicológico da menina?

 

Grace McCleen escreve de forma cativante e ponderada, uma escrita que nos vicia e não nos permite abandonar a leitura... uma escrita que nos troca as voltas.

 

Comprei A Menina Que Fazia Nevar, como anteriormente referi aqui, por me recomendaram. Mas, não só... A capa é extremamente cativante, embora goste mais desta (a versão brasileira, mais próxima da realidade do livro), bem como pelo título e sinopse. Não sendo eu de modo algum crente ou ligada à religião - aliás, tenho uma visão um pouco radical das religiões que, acredito, serem o grande problema de quase todos os conflitos - estes temas, de cariz religioso, sempre me interessaram, especialmente aqueles com pitadas de polémica (como, A Filha do Papa de Luís Miguel Rocha). Ainda assim, este livro tornou-se inesquecível... especialmente, pela reviravolta que sofre.

 

A Menina Que Fazia Nevar de Grace McCleen é uma leitura que recomendo a judeus, cristãos, muçulmanos e qualquer religioso, a cépticos e não crentes.

 

(mais informações sobre o livro em Editorial Presença)

2 | Hora da leitura com,

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Bullying e fé, sonhos e religião, esperança e fanatismo, imaginação e amor. Um mistura curiosa e diferente.

 

 

Certa vez, alguém me falou sobre A Menina Que Fazia Nevar e quis, automaticamente, comprar e ler. Fiquei, como se costuma dizer, com a pulga atrás da orelha de tão curiosa. Não me explicaram sobre o conteúdo do livro, apenas me disseram que tinha de ler porque, apostavam que iria gostar. Não li a sinopse porque evito temas sobre fé e milagres e, verdade seja dita, ainda bem que não li. A capa, embora a fotografia não seja a mais adequada, é extremamente atraente. É, todavia, ainda cedo para dizer o que acho deste livro/mundo elaborado por Grace McCleen através de uma menina de dez anos e, assim sendo, fica a sinopse...

 

Judith McPherson é uma menina de dez anos que vive com o pai numa pequena cidade do Reino Unido. Mas entre o bullying a que é sujeita na escola e a relação distante que o pai, um homem de grande fervor religioso, tem com ela, os seus dias são bastante solitários e sombrios. É no mundo em miniatura que construiu no seu quarto que consegue encontrar algum consolo. Chama-lhe a Terra de Leite e Mel e construiu-o sobre os alicerces da fé e do encantamento. A Menina Que Fazia Nevar é uma reflexão perspicaz sobre a natureza poderosa da fé e o perigo dos fundamentalismos religiosos, e um hino à força da imaginação e do amor.

Presentemente,

sou a única pessoa na família que não namora. E, se aos irmãos juntarmos alguns primos próximos entre os dezassete e os trinta anos então, a conclusão é ainda preocupante: sou mais velha e a solteirona de um grupo com oito a nove pessoas. 

 

Para mim isto não é problema nem incomodo. Admito que, no intimo e em alguns dias é um problema, naqueles em que me sinto mais sozinha mas, maioritariamente, nem penso muito no tema (ok, escrevo por aqui mas, nem é assim tão frequente). Na verdade, para os demais, ser-se solteira aos vinte e seis anos parece ser mais dramático e deprimente do que para mim mesma. Diz-se que, se nesta idade não aproveito a vida para namorar, não sabem quando o irei fazer... como se, namorar tivesse algum limite de idades. Esta e outras ideias são bastante recorrentes quando o tema de conversa é o meu estado civil e, porém, a mim preocupa-me mais o estado profissional... e, se por ventura eu mencionar que gosto de estar assim, solteira, ou por simples opção, alguma alma dirá que minto! 

 

Bom, adiante...

 

A minha irmã mais nova namora, o meu irmão começou a namorar à uns meses, um primo de vinte anos namora à quase dois anos, outro que vai a caminho de um ano e outra que parece andar a namorisca, entre o vai e não vai. Portanto, tendo em conta o meu estado actual, todos tentam dar o seu ar de graça falando de um amigo ou de um vizinho que é solteiro e bom rapaz. Com os meus primos, as bocas passam-me ao lado, o problema é com os irmãos: já pensaste no T.? agora esta solteiro e é simpático! ou o T. é precisamente o namorado ideal para ti: faz tudo o que tu queres sem levantar muitos problemas! ou, ainda, o T. trabalha e ganha bem!... o disco repete-se a qualquer hora do dia e, só com dois berros é que se calam (ok, posso estar a exagerar um bocadinho... mas só um pouco!). Sim, ele é de facto giro e engraçado e, provavelmente, daria um bom namorado (embora ele seja, como se costuma dizer, bom demais para mim) mas, não me apetece um namoro arranjado. (epah, que esquisita!) A ideia de alterar o meu estado civil parece ser tão importante para eles que, aparentemente, já mandaram umas boquinhas junto do moço... mas, pelo que entendi, não achou grande piada (é bem feita!).

 

Aparentemente para os demais, é crime estar solteira com esta idade (qual desgraça!). Preocupam-se mais do que eu mesma. Ok, é claro que eu não me importaria de estar com alguém... acredito que ninguém quer passar a vida sozinho e, a mim, a solidão assusta-me mais do que imaginam. Mas, apesar disso, a verdade é que, neste momento, nem é o que mais me preocupa. Aliás, aos demais e independentemente da idade, o estado civil de alguém parece fazer muita comichão. Expliquem-me lá, qual o problema de ser uma solteirona de vinte e seis anos... e, não vou escrever muito sobre o facto de ser gordinha e de frases constante como se não emagreceres é normal que não encontres ninguém blablabla (isto é, gordinhos não podem namorar)... mais um aspecto em que, o alheio parece preocupar-se mais.

 

Desconfio que, muitos dos que falam sobre os estados civis alheios se esqueceram que, antes, bem antes de se envolverem com alguém, também estiveram solteiros... ou, como costumo dizer, as vossas relações andam assim tão aborrecidas para desejarem tratar do meu estado civil?