Vinte...
Vinte livros em 2014,
A meta literária a que me propus, vinte livros em 2014: iniciado com a autobiografia de Malala e concluído ontem, com a forte e intensa Rainha D. Maria II. Através da minha conta pessoal no Goodreads, fui colocando as datas de início e fim das minhas leituras, estabelecendo a contagem dos livros que li, sobretudo e de modo a não me perder.
Vinte livros pareceu-me um número mais real e sincero do que trinta ou cinquenta, como vi tantos auto proporem-se. Vinte para saborear e ler sem pressas. Inicialmente pensei em vinte e seis (um número que gosto), mas achei que seria um objectivo irreal tendo em conta que, no início do ano, encontrava-me a estagiar e não sabia o que me reservava o futuro quando o terminasse. Por outro lado, vinte e seis seria um valor pouco suportável, no caso ficar desempregada (aliás, se com vinte já o foi... muito na base de promoções, segundas mãos, passatempos e um livro-presente), e amigo da minha carteira.
Vinte livros sublinhados, dobrados nos cantos, com o ano em que foram lidos. Eu e a minha velha mania de os assinalar porque, como dizia uma professora, quando se gosta muito de um livro, deixamos sempre uma marca... um sinal de amor do ano em que foram lidos,
A Vida Louca dos Reis e Rainhas de Portugal
Memórias de Um Amigo Imaginário
Geração Mil Euros (em falta na fotografia de família porque não sei exactamente onde o coloquei)
O Prisioneiro do Céu - O Cemitério dos Livros Esquecidos
O Príncipe da Neblina - Trilogia da Neblina I
O Palácio da Meia-Noite - Trilogia da Neblina II
Surpreenderam-se (suponho eu) que tenha lido tanto de Carlos Ruiz Zafón, sobretudo depois de já aqui ter mencionado que adorava os seus livros, a forma fluente e cativante da sua escrita. A verdade é que descobri o escritor espanhol nos meses finais de 2013 com A Sombra do Vento e, incentivada por um amigo que também o adorava, descrevendo-o como viciante, atrevi-me a ler O Jogo do Anjo. Depois veio Marina, O Prisioneiro do Céu e, enfim, neste momento já me deixei levar pela magia de As Luzes de Setembro (Trilogia da Neblina III). É daqueles escritores que nos prende, transportando-nos para os cenários de Trilogia da Neblina ou para Barcelona de O Cemitério dos Livros Esquecidos.
Isabel Stilwell será, certamente, uma autora a reencontrar em 2015. D. Maria II revelou-se uma agradável leitura: rica nas descrições das lembranças sobre o Brasil, diálogos cativantes, referencias ao estado económico e social do país e o cuidado em interligar a vida da Rainha portuguesa à Rainha de Inglaterra, Vitória. O livro baseia-se, em grande parte, em cartas e diários reais, sobretudo, os de Vitória, deixando transparecer a amizade que as unia. Stilwell descreveu as personagens de forma tão maravilhosa e envolvente que, por diversas vezes, pesquisei sobre elas. Porém, admito que, lá para meio, o livro tornou-se maçudo, perdendo o encanto inicial: os relatos constantes da Rainha grávida, o "faz e desfaz" de governos e constantes intrigas (sem explicar os motivos) e a falta de referências à Carta que tantas vezes menciona, fez com demorasse mais do que inicialmente previa. Ainda assim, D. Maria é, sem dúvida, uma Rainha cativante e fascinante, teimosa, que não se deixou intimidar com a condição de mulher numa sociedade que as inferiorizava... Uma leitura claramente recomendável para os amantes de romances históricos.
E, posto isto, destes vinte, quais os meus preferidos em 2014? Elejo cinco e sem qualquer ordem de preferência,
D. Maria II
Eu, Malala
O Jogo do Anjo
A Rapariga Que Roubava Livros
Memórias de Um Amigo Imaginário
Não posso fechar este meu relato de aventuras literárias sem mencionar o livro,
O Que é o Quê
Mais uma emocionante história de vida: a autobiografia de Valentino Achak Deng pelas palavras de Dave Eggers.
Valentino é um jovem sudanês em constante busca pela sobrevivência. Valentino cresceu e viveu com a guerra, numa aldeia no Sul do Sudão, privado de infância e adolescência, longe dos pais e da família, sempre em constante fuga. É, um livro de leitura difícil, não pela escrita, mas pelo relato das privações e dificuldades que o jovem, aliás, milhares como ele, passam para fugir à guerra. Mais do que uma vez vi-me obrigada a parar, mais do que uma vez tive vontade de chorar com o que li, mais do que uma vez senti um enorme aperto na alma e o sabor da injustiça.
O Que é o Quê faz-nos reflectir sobre o valor da vida e o peso das religiões, no sofrimento de milhões em constante guerras, as dificuldades de integração dos refugiados noutras sociedades, no valor de pequenas e insignificantes coisas do nosso dia-a-dia que, noutro local do Globo, tanto valor ganhariam... como o relato que faz quando as crianças da aldeia observam pela primeira vez uma bicicleta. Apesar de todas as privações e de, em várias passagem, colocar em causa a existência de Deus e mostrar vontade de desistir, Valentino mostra-se um homem optimista e agarrado à vida, lutador e persistente... trata-se de uma leitura marcante, impossível de esquecer ou de ficar indiferente.
Em 2007, Valentino abandonou os EUA, regressou à sua aldeia natal no Sul do Sudão e criou a Valentino Achak Deng Foundation destinado ao desenvolvimento da educação no seu país.
E, por fim, porque também tenho a minha desilusões literária,
Prometo Falhar
Muito lamechas, muito remélico, muito repetitivo. Foi a primeira vez que li algo de Pedro Chagas Freitas e certamente será o último.
Para 2015 ainda não pensei numa meta mas, ainda tenho tempo e livros em espera... 2014 ainda nem terminou e eu estou no vigésimo primeiro livro.