18 | Na minha estante... O Monte dos Vendavais.
O Monte dos Vendavais, clássico da literatura inglesa e uma das minhas primeiras leituras dos apelidados clássicos antigos, é uma ode ao amor e ao ódio.
Os orgulhosos arranjam desgostos às suas próprias mãos.
1801. Mr. Lockwood é o novo e curioso inquilino do já velho, misterioso e rude Mr. Heathcliff. Uma noite de tempestade obriga o jovem Lockwood a passar a noite na casa d' O Monte dos Vendavais, onde conhece a misteriosa Catherine. A noite veste-se de imprevistos e estranhos acontecimentos que, levam o jovem inquilino de Mr. Heathcliff a viajar na história das famílias que outrora habitaram na casa d' O Monte dos Vendavais. É a criada da casa da Granja, Mrs. Dean, onde se encontra instalado, quem relatará a Mr. Lockwood toda a história de amor e ódio que dividiu e destrui famílias.
A história começa quando o patriarca da família Earnshaw, após uma viagem a Londres, regressa com o pequeno Heathcliff. É ele o elo de amor e desgraças que se abaterá sobre as vidas que toca. Os filhos de Earnshaw, Catherine e Hindley, sentem-se colocados de parte pelo pai que, parece nutri mais carinho e atenção pelo novo filho. Porém, a morte de Earnshaw levará Hindley a assumir a posição de patriarca da família e, assim, a vingar-se de Heathcliff. A irmã Catherine, todavia, não compartilha do pensamento do irmão e encontra em Heathcliff um parceiro. Nasce, assim, entre ambos algo mais do que uma simples amizade ou carinho de irmãos. A história sofre uma reviravolta com a partida d' O Monte dos Vendavais de Heathcliff, levado a acreditar que Catherine não corresponde aos sentimentos e pela atracção da jovem Catherine aos luxos e riquezas que um casamento podem proporcionar. O regresso, anos mais tarde, de Heatchcliff marcará a vida de das famílias de ódio e vingança.
Virou o livro de modo que a capa ficasse voltada para mim. O Monte dos Vendavais.
- Já lestes? - perguntou.
(...)
- É uma história triste.
- As histórias tristes dão bons livros - respondeu ela.
O Menino de Cabul,
Khaled Hosseini
O Monte dos Vendavais era daqueles clássicos a quem a curiosidade à muito me despertava o interesse... especialmente depois de ler esta referência num dos meus livros preferidos. Porém, confesso, o receio de uma linguagem complexa e inacessível fez-me recear e nunca me aventurar na sua leitura. A verdade é que, ainda bem que a coragem chegou e me aventurei na sua leitura porque, de facto, é uma obra excepcional. Inicialmente não me foi fácil entrar na obra. Não pela escrita em si, mas pelos nomes que, volta e meia, trocava. É, O Monte dos Vendavais, uma obra que exige uma leitura atenta e cuidada mas, todavia, uma obra imperdível.
Emily Brontë é uma mulher à frente da sua época. Numa escrita cuidada, Brontë leva-nos a reflectir sobre os nossos medos e angústias, sobre as escolhas que tomamos e as coisas que deixamos por dizer. Uma vez lida uma das obras-primas da literatura inglesa, estou curiosa para ler Jane Eyre de Charlotte Brontë que, como o apelido indica, é a irmã de Emily.
E se julgas que o não percebi, és uma doida; se pensas que posso ser consolado por falinhas mansas, és uma idiota, e se imaginas que sofrerei sem me vingar, convencer-te-ei do contrário em pouco tempo.
O Monte dos Vendavais foi uma leitura realizada em conjunto com a Nathy (clube das pistogas que lêem), do blogue Desabafos da Nathy, onde podem consultar a sua opinião e crítica sobre o livro de Emily Brontë.
Emily Jane Brontë
Nasceu em Yorkshire, Inglaterra, em Julho de 1818. Irmã de Charlotte e Anne, conhecidas como as irmãs Brontë que, igualmente se dedicarem à escrita, Emily é das três irmãs com menos informações. Conhecida pela sua personalidade introvertida e fechada, Emily escreveu poesia e o seu único romance, O Monte dos Vendavais, sob o pseudónimo masculino de Ellis Bell. Considerado um dos clássicos da literatura universal e obra-prima da literatura inglesa, O Monte dos Vendavais recebeu, em 1847, ano da sua publicação, fortes críticas literárias graças à componente pesada e tensa da história de amor. Porém, o certo é que a obra é uma das mais conhecidas, tendo sofrido diversas adaptações às telas de cinema.
Emily Brontë morreu aos 30 anos, em Dezembro de 1848, vitima de tuberculose. O seu corpo encontra-se sepultado na igreja de St. Michael and All Angels Cemetery, em Haworth, no oeste de Yorkshire, Inglaterra.